muksy 🪷’s review published on Letterboxd:
SPOILER ⚠️
🇺🇸 ENG
"I want to become what you are!"
"I want to become what you were!"
Although not an official dialogue from the animation, these phrases resonated in my mind during Fujino and Kyomoto's first encounter. They reflect a mutual desire: each sees something in the other that they wish to incorporate, suggesting a journey of personal growth and appreciation for each other's qualities.
At the beginning, we see a confident, proud, and seemingly determined Fujino. She appears to know what she wants but is quickly emotionally shaken upon meeting Kyomoto, someone who has dedicated much of her life to what Fujino considers the ultimate prodigy. This reminds me of a verse:
"I would give my life to become what you were!"
"I gave my life to become what I am."
Fujino and Kyomoto share an emotionally and creatively codependent relationship, almost like two halves of the same body. Comparing oneself to someone we admire isn't inherently bad; it all depends on perspective. In their case, this initial feeling of inadequacy transforms into motivation for improvement, even if the initial intent is to surpass their inspiration.
While Fujino draws quickly and writes scripts with ease, she acknowledges her limitations and knows she needs to grow. On the other hand, Kyomoto, with a slower and more deliberate creative process, achieves consistent progress without the pressure of time. This dynamic reflects a contrast: Fujino aims to turn her art into a career, while Kyomoto treats drawing as a hobby. This raises an important question: does turning a hobby into a profession steal the joy it once brought?
This difference can also be interpreted as a critique of the creative industry. Kyomoto's decision to slow down comes after realizing how demands can drain the pleasure of the artistic process.
The change in the animation's color palette is another striking element. Initially, we see vibrant and harmonious colors, conveying a sense of positivity. However, Kyomoto's sudden death shifts the atmosphere: the funeral is depicted with cold tones, symbolizing mourning. For Fujino, Kyomoto's loss isn't just the absence of a friend but also a part of herself – a rupture in her identity.
While the reclusive and vulnerable Kyomoto finds a bridge to the outside world through Fujino and art, Fujino finds in their relationship the motivation to challenge herself and improve. This cycle of exchange and learning between them is profoundly moving.
The creative process, as shown, is shaped by our experiences and visual memories. It transforms our tastes, imagination, and ideas. Look Back masterfully explores the power of "What if?", reminiscent of Makoto Shinkai's 5 Centimeters per Second. This reflection on the past isn't merely nostalgic but also confronts pain and regrets. Carrying the weight of guilt, Fujino imagines how things might have been if she had saved Kyomoto from the attack. This mental recreation of reality mirrors the logic of Tarantino's Once Upon a Time in Hollywood, where historical events are reimagined to create a reality where good triumphs.
Finally, I highlight the technical quality of Look Back: a stunning animation with carefully composed shots, a striking color palette, immersive soundtrack, and reais deeply human characters.
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SPOILER ⚠️
🇧🇷 PT-BR
"Eu quero me tornar o que você é!"
"Eu quero me tornar o que você foi!"
Embora não seja um diálogo oficial da animação, essas frases ressoaram em minha mente durante o primeiro encontro de Fujino e Kyomoto. Elas refletem um desejo mútuo: cada uma vê algo na outra que gostaria de incorporar, sugerindo uma busca por crescimento pessoal e valorização das qualidades alheias.
No início, observamos uma Fujino confiante, orgulhosa e aparentemente decidida. Ela parece saber o que quer, mas rapidamente sua estrutura emocional é abalada ao conhecer Kyomoto, alguém que dedicou grande parte de sua vida àquilo que Fujino acredita ser a maior prodígio. Isso me faz lembrar de um verso:
: "Daria minha vida para me tornar o que você foi!"
- "Eu dei minha vida para me tornar o que sou."
Fujino e Kyomoto possuem uma relação de codependência emocional e criativa, quase como duas metades de um mesmo corpo. Comparar-se com alguém que admiramos não é necessariamente ruim; tudo depende da perspectiva. No caso delas, esse sentimento inicial de inadequação se transforma em motivação para melhorar, ainda que, a princípio, a intenção seja superar a inspiração.
Enquanto Fujino desenha com rapidez e escreve roteiros com agilidade, ela reconhece suas limitações e sabe que precisa evoluir. Por outro lado, Kyomoto, com um processo criativo mais lento e cuidadoso, alcança um progresso mais consistente, sem a pressão do tempo. Essa dinâmica reflete um contraste: Fujino quer transformar sua arte em carreira, enquanto Kyomoto encara o desenho como um hobby. Isso levanta uma questão importante: transformar um hobby em profissão rouba o prazer que ele proporciona?
Essa diferença também pode ser interpretada como uma crítica à indústria criativa. A decisão de Kyomoto de desacelerar surge após perceber como a demanda pode esgotar o prazer do processo artístico.
A mudança nas cores da animação é outro elemento marcante. Inicialmente, temos uma paleta vibrante e harmoniosa, que transmite uma sensação de positividade. Porém, a morte abrupta de Kyomoto transforma o cenário: o funeral é retratado com tons frios, simbolizando o luto. Para Fujino, a perda de Kyomoto não é apenas a ausência de uma amiga, mas também de uma parte de si mesma – uma ruptura de sua identidade.
Enquanto Kyomoto, reclusa e vulnerável, encontra em Fujino uma ponte para o mundo exterior através da arte, Fujino descobre na convivência um estímulo para se desafiar e melhorar. Esse ciclo de troca e aprendizado entre elas é profundamente tocante.
O processo criativo, como mostrado, é moldado por nossas experiências e bagagens visuais. Ele transforma nosso gosto, imaginação e ideias. Look Back aborda com maestria o poder do "E SE?", remetendo à obra de Makoto Shinkai, 5 Centímetros por Segundo. Essa reflexão sobre o passado não é apenas um saudosismo, mas também um confronto com dores e arrependimentos. Fujino, carregando o peso da culpa, imagina como teria sido se pudesse salvar Kyomoto do ataque. Essa recriação mental da realidade reflete a mesma lógica do filme Era Uma Vez em... Hollywood, de Tarantino, onde ele ressignifica eventos históricos para criar uma realidade onde o bem vence.
Por fim, destaco a qualidade técnica de Look Back: uma animação belíssima, com planos cuidadosamente compostos, uma paleta de cores impactante, trilha sonora imersiva e personagens profundamente humanas.