E eu me tornei a morte, o destruidor de mundos.

Sem palavras suficientes para dar um início a esta review, só resta dizer que Oppenheimer é um triunfo não somente de Christopher Nolan como de seu elenco altamente talentoso também.

Quando Christopher Nolan anunciou seu longa Oppenheimer muitas dúvidas se formaram na cabeça das pessoas, em especial, porque desenvolver um filme sobre a pessoa responsável por desenvolver e criar a bomba atômica, a arma mais letal já criada pela humanidade? Haviam sinceras preocupações se Nolan seria capaz de escrever uma narrativa que não glorificasse Oppenheimer ou até mesmo tentasse jogar seus feitos para debaixo do tapete, mas ele conseguiu, e fez isso de maneira estupenda.

Primeiramente, a história de Oppenheimer pode ser dividida em duas partes: Fusão e Fisão. São duas linhas paralelas que acompanham o desfecho da mesma história, mas que nos proporcionam um bom desenvolvimento de ambos os lados, tanto do próprio Doutor Oppenheimer quanto quem trabalhava com ele. A questão é que Oppenheimer é mais do que uma biopic, é uma escrita baseada na disputa de poder e da glória, os pesos da moralidade e o patriotismo doentio que corroe a mente dos Norte-Americanos. Oppenheimer é o manifesto de Christopher Nolan contra o militarismo e o abuso de poder.

J. Robert Oppenheimer não é alguém que é simples de ser adaptado. Há como vangloriá-lo por sua criação? Não. Mas também não há como descredibilizar sua inteligência e a sua capacidade enquanto físico de criar algo tão poderoso, e que mudaria a vida do planeta para sempre. Ele não é um ser humano comum, ele é um profeta. Ele sabia do fim que a Bomba Atômica traria, e sabia que ele era o responsável por dar vida a ela. Não é atoa que ele é considerado o Pai da Bomba Atômica.

A maneira como Nolan decidiu contar esta história por focar nas disputas políticas e no famoso Jogo de Cintura foi excepcional. Há momentos durante o longa que sua ansiedade ataca, e que é simplesmente impossível respirar. O diretor sabe bem como utilizar estes truques ao seu favor, e faz isso de uma maneira incrível. Oppenheimer via o mundo de uma maneira além da compreensão humana, ele enxergava as estrelas e o universo. Unificando esses dois a física, sua maior criação chegou a vida.

Cillian Murphy está aqui no que pode se dizer a maior atuação de sua carreira. Seu Oppenheimer é melancólico, sério e direto. É inteligente, mas ingênuo. Não possui empatia, mas também não possui ódio. Murphy consegue transparecer todas estas emoções apenas com um olhar ou em um diálogo, fenomenal! Já Robert Downey Jr e Emily Blunt cumprem bem seu papel, e de uma ótima maneira. Todos no elenco são muito talentosos e só elevam o nível dessa produção impecável.

A única crítica a Oppenheimer é infelizmente algo já decorrente de outros filmes de Nolan: A falta de desenvolvimento de suas personagens femininas. Oppenheimer sofre do mesmo problema, visto que só temos apenas duas personagens femininas que não possuem nenhum papel importante dentro do filme. Florence Pugh tem aproximadamente 15 minutos de cena e só aparece vestida por 3 minutos, servindo como amante de Oppenheimer. Já Emily Blunt, que interpreta a esposa de Oppenheimer, fica limitada ao papel de esposa e ajudante, algo não muito legal a se fazer com duas atrizes tão talentosas.

Ah, só um adendo: se possível, assistam no cinema. O áudio deste filme é impecável.

Oppenheimer é para mim o melhor trabalho de Christopher Nolan. Recheado de disputas políticas e de testes sobre a moralidade, o filme mostra para oque veio e não decepciona em nenhum momento.