“COISAS ACONTECEM AQUI, ELES NÃO CONTAM.”

Lançado em 1974 e dirigido por Tobe Hooper, O Massacre da Serra Elétrica (The Texas Chainsaw Massacre) tornou-se um marco definitivo do cinema de terror, sendo um dos filmes mais impactantes do gênero. Não à toa, o longa é amplamente lembrado como um ponto de partida para uma nova fase do horror no cinema contemporâneo. A história aqui é livremente baseada na vida de Ed Gein, o assassino cuja carnificina já havia inspirado o filme Psicose (1960), de Alfred Hitchcock, e que inspiraria o Hannibal Lecter de O Silêncio dos Inocentes (1991), e, no presente caso, Leatherface, personagem cuja máscara é feita de pele humana. Como um dos pioneiros do subgênero slasher, o longa-metragem se destaca pela maneira como constrói a tensão de forma progressiva e imersiva. Hooper além da pequena experiência em longas, tinha um orçamento ridículo de cerca de US$ 100 mil para trabalhar e atores de quase ou nenhuma experiência no elenco, o que nos faz admirar ainda mais a alta qualidade da obra, justamente pela dificuldade de produzi-la nessas condições. O cineasta não inventou a roda, mas soube adaptar o gênero terror gore como ninguém, por isso tentou fazer o filme mais realista possível, usando locações de verdade, desde estradas vazias e desoladas até os postos de gasolina decadentes, cada locação servindo para reforçar o isolamento e a hostilidade do ambiente texano. O simbolismo em “O Massacre da Serra Elétrica” vai muito além da violência explícita, na verdade a película mostra um lado medonho – e infelizmente real em partes – da sociedade americana, há ainda quem enxergar o Leatherface e sua família como uma sátira ao governo dos Estados Unidos. O filme tem seus problemas de roteiro (nos diálogos iniciais e no desenvolvimento da trama, exceto na reta final onde Sally Hardesty “Marilyn Burns” passa por uma noite de pânico e tortura, que escapa não uma, mas duas vezes, que pula por nada menos que duas janelas e que grita sem parar), mas é sem sombra de dúvidas assustador e intragável, além de ser inquestionavelmente um marco cinematográfico.