Spider-Man: Across the Spider-Verse

Spider-Man: Across the Spider-Verse

O filme "Homem-Aranha no Aranhaverso" foi uma verdadeira ode ao símbolo que ele representa, explorando suas múltiplas formas e tonalidades, uma adaptação incrível que capturou a essência do personagem de uma forma tão fantástica que parecia até mesmo um delírio pensar que esse filme poderia existir, com uma a animação extraordinariamente bela, elevando o prazer de assisti-la a um nível que faz o preço do ingresso parecer barato. Stan Lee, em diversas entrevistas, expressou sua visão de que o traje do super-herói deveria envolver todo o corpo da pessoa por trás da máscara, permitindo que qualquer um pudesse se identificar com o personagem. Essa interpretação do autor estabeleceu uma conexão genuína entre o público e o conteúdo, sendo um dos fundamentos originais do Homem-Aranha, mesmo que, teoricamente, estivesse sendo criado mais um personagem masculino e branco pelas habilidosas mãos de Stan Lee e Steve Ditko, o Homem-Aranha foi desde a sua introdução na Amazing Fantasy #15 um super-herói diferente de todos até lá, retratou com maestria os desafios do dia a dia, as frustrações paralelas à batalha contra supervilões e outras questões semelhantes. O chamado para o heroísmo deixou de ser uma mera profecia e se tornou uma urgência palpável para qualquer pessoa que tenha sido picada por uma aranha radioativa. Enquanto o Superman é o herói utópico, uma idealização do que um super-humano deveria ser, o Homem-Aranha é o herói "realista", aquele em quem realmente poderíamos acreditar. Ele é consideravelmente imperfeito, mas honesto em relação à sua força de vontade e aos deveres que assume de forma voluntária. Afinal, como bem diz a famosa frase, com grandes poderes também vêm grandes responsabilidades. “Into The Spider-Verse" compreendeu perfeitamente essa essência e é fácil entender por que o aracnídeo se tornou o super-herói mais popular de todos os tempos, cativando fãs de todos os gêneros, raças, religiões, entre outros, um filme espetacular que conseguiu transmitir essa mensagem de forma brilhante. 

Considerando tudo isso, parecia quase impossível que Across the Spider-Verse pudesse estar à altura das altas expectativas que essa continuação carrega consigo. No entanto, de uma maneira quase milagrosa, a sequência eleva tudo que seu antecessor fez bem a um nível ainda maior, tornando-se outro impulso refrescante para esse personagem e para filmes de super-heróis em geral. 
No início, mencionei a extraordinariedade da animação no filme anterior, mas agora me encontro sem palavras para descrever a deslumbrante beleza do que é apresentado aqui. O filme transcende de um quadrinho vivo para uma aquarela impressionista em questão de segundos. A variedade de universos apresentados e a forma como cada um possui sua própria textura, estilo e técnica é absolutamente fantástica, proporcionando um deleite visual incomparável, uma verdadeira festa para os olhos. E essas técnicas de arte únicas não são meramente uma exibição dos diretores e animadores para o público. Embora cada cena pudesse ser emoldurada de tão bela, elas também desempenham um papel fundamental na exploração da história e deixá-la ainda mais rica, da maneira que apenas uma obra audiovisual pode fazer. 


Em uma cena específica, testemunhamos uma conversa emocional entre Gwen e seu pai, o Capitão Stacy. À medida que os diálogos se desenrolam, o mundo ao seu redor passa por metamorfoses impressionistas. Os tons flutuam e as representações vívidas se transformam, enquanto as cores desaparecem e retornam conforme a conversa avança. Essa abordagem artística não apenas cativa, mas também enriquece a narrativa, proporcionando uma visão mais profunda das emoções dos personagens. Além de utilizar outras técnicas visuais, como os icônicos balões de diálogo dos quadrinhos e truques de edição que nos fazem sentir como se estivéssemos imersos em um quadrinho vivo, com toda a criatividade, cores e insanidade dessa mídia.

Mas Across the Spider-Verse não é apenas um exercício vazio de estética, ostentando uma superfície bela porém oca, ALÉM de sua animação extraordinária o que faz o longa ser tão bom são seus personagens, suas histórias e seus dilemas. A maneira que o roteiro consegue apresentar e caracterizar bem cada novo Aranha introduzido e torná-los marcantes e especialmente a maneira fantástica que lida com os temas centrais do que é ser o herói aracnídeo através de seus protagonistas, Miles Morales e Gwen Stacy. 

Em um filme com uma proposta tão ambiciosa, os diretores e roteiristas corriam o risco de se perderem na condução do projeto, transformando-o em apenas um festival de easter eggs, aparições e referências. Embora esses elementos sejam parte do filme e tenham sido executados com perfeição - foi mágico ver cada aparição e ficar extasiado com as versões que nunca imaginei ver na tela grande - fica claro que as prioridades de todos os envolvidos estavam corretíssimas com o o desenvolvimento de Gwen e, principalmente, Miles. Eles pegaram o dilema moral central do Homem-Aranha e o elevaram a um nível extraordinário, entregando um desenvolvimento espetacular (haha) para seus protagonistas, mostrando que a equipe entende e AMA o personagem que está adaptando. Amar um universo não é apenas colocar easter eggs, mas sim compreender seus temas e conflitos, e o filme faz isso de maneira fantástica a cada cena, a cada diálogo. O longa trata seus personagens não apenas como figuras de ação que sabem apenas lutar contra inimigos, nem como máquinas de piadas sem graça que destroem o impacto da trama, mas como pessoas reais, com nuances, desejos e objetivos, de uma forma raramente vista em filmes de super-heróis.

Em um momento em que tanto se debate sobre a saturação deste gênero, "Across The Spider-Verse" não apenas surge como um respiro, mas também como o exemplo que os produtores, que tantas vezes sugam desses universos, deveriam seguir. O filme mostra o que toda história de super-herói deveria ser: um triunfo, épicos maiores que a vida, capazes de emocionar, envolver e inspirar quem os assiste. O gênero não está morto, apenas precisa de produções BOAS, e esta aqui é mais do que boa, é fantástica. Já figura no panteão de melhores animações da história, de melhores sequências e na minha humilde opinião, é o melhor CBM de todos os tempos. E QUE VENHA BEYOND THE SPIDER-VERSE!

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