Se não fosse pela busca de validação desesperada, seria tratado como um episódio qualquer de "Vikings". E um ruim. Triste quando um filme é totalmente histérico e não tem a menor ideia disso. É alheio que o seu desespero por validação, de se mostrar “bonito e formalmente precioso” por se mostrar, de chocar por chocar pra se mostrar, de ser épico pelo épico pra se mostrar, só constrange ao invés de atingir isso. É o caso de “O Homem do Norte”, mais um filme nesse grito de desespero formal que parece histérico, mas se leva totalmente a sério demais pra entender esse tom de histeria e também não consegue chegar nas balanças de sentimentos que procura por que a intenção de Eggers é se utilizar da forma pra se destacar, destacar o seu filme, destacar que “está fazendo o melhor filme do mundo”, e não destacar o que é presente nos sentimentos e passagens da jornada do seu protagonista atormentado. Não construir isso. Até porque ele não constrói os movimentos de câmera vigorosos, os planos espetaculosos, planos sequencias, os atores cheios de pose fazendo o mais do mesmo de todos eles e tudo aquilo, enquadrados dessa forma “posuda” e o visual milimetricamente bem cuidado pra se destacar em momentos chaves, ele vai jogando isso tudo como um cálculo para destacar esses elementos em si e não o que acaba querendo dizer com eles. Aí nada disso serve de nada. Só pra uma distração formal meio vazia que cai no caminho mais fácil e mais raso – atrapalhando os impulsos atmosféricos e sensoriais da experiência – enquanto vemos o filme e os atores numa eterna pose. Só deixa ainda mais claro uma artificialidade gigante enquanto o filme se leva totalmente a sério dentro disso, gerando um combate de tons que o filme nem parece ter a mínima ideia. É um filme de ação, de aventura, mas que parece ter uma vergonha e um certo nojo infantil desse lado, sempre indo pra uma auto–importância insuportável o que tira o impacto da violência e da fisicalidade do filme, que parece só um acessório. A auto–validação com esse viés masturbatório do Eggers acaba sendo até engraçada algumas vezes pelo ridículo da coisa, e é o que adianta pra acompanhar o filme de forma não intencional, porque de resto tudo é totalmente tedioso por esses fatores. Aí o resultando acaba sendo um filme que investe o tempo inteiro no “OLHA COMO EU SOU ÉPICO”, mas acaba que é um desespero que a única resposta possível que eu teria a dar é: “já entendi, irmão, menos”. É aquela famosa diferença entre usar os elementos de um filme pra fazer um filme e pra dizer que está fazendo o mais novo melhor filme da semana. Do aluno da classe que de tanto querer parecer que é o melhor da turma só fica sem graça.

Pra quem quiser um filme realmente foda de Vikings – e que curiosamente também acaba partindo de conflitos familiares, irmãos bastados, disputas familiares, retornos do passado e a violência por meio dos laços de sangue – vejam “Vikings, os Conquistadores” (1958) do Richard Fleischer, o maior diretor do mundo provavelmente. Esse sim uma demonstração de domínio cinematográfico sem precisar ser didático quanto a isso.