Eu não apareço por aqui há mais de cinco meses agora, mas acho que não havia momento mais oportuno para escrever sobre minha "autoimagem" depois de tantas mudanças (obrigada, Tati, seu post anual me deu uma razão para postar no blog!). A verdade é que muita coisa mudou, interna e externamente, desde 2022 pra cá. Esse não é um post dedicado ao passado, então não irei me alongar demais nisso, mas é interessante com que frequência eu me pego pensando sobre o presente Eu, que foi se desenvolvendo em tempos difíceis de muita autorreflexão e encerramento de ciclos.
A ideia que tenho de mim agora é infinitamente mais positiva do que a alguns anos atrás. Hoje eu sou estudante de intercâmbio na Coreia do Sul, onde vou morar até o fim do semestre. Exceto pela síndrome de impostor que me assombrou durante bons meses e a não rara sensação de desagrado para com eu mesma, me sinto bastante orgulhosa e reconheço agora que mereço, sim, estar aqui. Mereço porque a minha paixão pela Coreia é intensa e verdadeira, porque é definitivamente isso que quero pra minha vida, e porque lutei muito — contra a autossabotagem e a favor dos meus sonhos. E, embora eu ainda tenha um medo genuíno e paralisante do pensar Alheio, de me sentir odiável, eu acredito que sou uma pessoa de ética, uma pessoa estável no que acredita, fiel aos próprios valores. Admiro isso em mim. Confesso que gostaria que mais pessoas admirassem também.
Também me sinto curiosa: estou definitivamente numa fase de redescoberta e de autoexpressão, em que estou me descobrindo e aceitando que posso me vestir como eu quiser, ter o cabelo que eu quiser, usar a maquiagem que eu quiser. Que posso ser feminina, que já é hora de deixar pra trás as inseguranças da infância e adolescência. Que posso, devo e consigo me priorizar, expressar minhas opiniões, ter iniciativa e me impor. Não preciso e não vou ficar quieta. Vou falar os meus desejos e os meus incômodos. É delicioso ocupar o meu primeiro lugar (ou perto dele...).
Sou muito doce com as pessoas. "Saudade" é um sentimento que em geral não sinto com frequência (desconfio fortemente de um possível TDAH), mas amo intensamente aqueles que me proponho a amar. Gosto de cuidar e ser cuidada. Nunca desejei fazer mal real a alguém. Eu sei que sou uma pessoa com bom coração, seja lá o que isso realmente signifique. Minha mente constantemente tenta me fazer acreditar que não, mas decidi que vou me esforçar pra não deixar que ela me aprisione. Tá tudo bem. Eu tenho transtornos diagnosticados, é normal, o esperado, são pensamentos intrusivos. Embora às vezes seja mesmo muito difícil, preciso continuar. Acho que, nesse aspecto, não vou voltar a ser quem eu era. Isso dói. Mas é preciso seguir em frente. Talvez um dia se torne mais fácil.
Tenho algumas preocupações e dúvidas sobre o futuro, mas não importa. Reservo-as para a Amanda do ano seguinte.
Hoje é assim que me vejo.