Ugo Spirito
Ugo Spirito | |
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Nascimento | 9 de setembro de 1896 Arezzo |
Morte | 28 de abril de 1979 (82 anos) Roma |
Sepultamento | Campo di Verano |
Cidadania | Itália, Reino de Itália |
Alma mater | |
Ocupação | filósofo, economista |
Empregador(a) | Universidade de Roma "La Sapienza", Universidade de Pisa |
Ugo Spirito foi um filósofo italiano, aluno de Giovanni Gentile. No início foi um filósofo fascista que mais tarde se voltou para o comunismo. Formulou o conceito de "corporação proprietária" dentro da doutrina econômica fascista.
Primeiros anos
[editar | editar código-fonte]Ugo Spiritto nasceu em Arezzo em 9 de setembro de 1896 filho de Prospero Spirito e Rosa Leone.[1] Depois de se formar na escola secundária clássica de Vico, em Chieti, começou a frequentar a Faculdade de Direito da Universidade de Roma. Inicialmente foi um defensor do positivismo, embora em 1918 tenha deixado o cargo para se tornar um seguidor do "idealismo real" (neoidealismo) de Giovanni Gentile.[2] Nesse mesmo ano matriculou-se em Literatura e Filosofia e em 1920 formou-se com Giovanni Gentile discutindo uma tese sobre o pragmatismo italiano que publicou em 1921. Desde então, tornou-se o colaborador mais próximo do filósofo. No ano seguinte, se autoproclamou fascista e atualista e assinou o Manifesto dos Intelectuais Fascistas em 1925.[3]
Durante a Itália fascista
[editar | editar código-fonte]O interesse de Spirito pelo fascismo era o corporativismo e passou a discutir o assunto em profundidade por meio da revista Nuovi studi di diritto, economia e politica, que fundou junto com Arnaldo Volpicelli em 1927.[4] A quebra de 1929 significaria para Spirito o fracasso da economia clássica.[1]
Na década de 1930, ansioso por contribuir para a transformação da sociedade italiana, participou mais ativamente da construção do regime fascista. Escreveu extensivamente sobre "corporativismo integral", um sistema em que a propriedade seria concentrada nas mãos dos trabalhadores, e não nos acionistas.[5] A crença no corporativismo foi equiparada ao compromisso com a propriedade comum[6] pelo apoio à nacionalização em massa, recebendo críticas de alguns setores fascistas que o acusavam de bolchevismo,[7] especialmente após o II Congresso de Estudos Sindicais e Corporativos realizado em Ferrara em 1932, onde apresentou o teoria da "corporação proprietária" criticando radicalmente o conceito de propriedade privada.[1] Depois disso, Spirito argumentaria que seria vítima de uma perseguição por parte de alguns fascistas por considerá-lo comunista e subversivo, apesar de Mussolini lhe ter dado o apoio correspondente à sua ideia.[8] No entanto, os papéis da polícia política fascista atestariam o contrário.[1] Spirito assumiria esta crença porque em 1935, Cesare Maria De Vecchi, Ministro da Educação Nacional, o convidou a deixar o local onde trabalhava para se mudar para Messina onde havia obtido, em 1933, a cátedra de filosofia e história da filosofia na Instituto Superiore di Magistero. De Vecchi era um adversário de Gentile e é provável que Spirito tenha relacionado os eventos com uma perseguição às suas ideias.[1]
Intensifica a colaboração com Giuseppe Bottai no grupo de intelectuais que escreveu na revista Critica fascista e que anteviu a aceleração da construção do regime.[1] Na segunda metade dos anos 1930, deixou o atualismo por considerar que este se tornara uma teoria como outra qualquer.[1] Era a favor da aliança entre a Alemanha nazista e a Itália fascista considerando o "caráter revolucionário do eixo".[1] Nesse sentido, ele escreveria um livro denominado Guerra rivoluzionaria. Em seu diário, Giuseppe Bottai relata que Mussolini devolveu o texto datilografado expressando que o considerava "inteligente, mas contraditório"[9] e em 1942 Mussolini não permitiu a publicação.[10] Nesse mesmo ano, Spirito daria uma conferência no Istituto nazionale di cultura fascista onde daria seu apoio ao "caráter revolucionário" da guerra, a aliança ítalo-alemã e o regime totalitário.[1]
Após a libertação de Mussolini em 1943, Spirito não ingressaria na República Social Italiana,[1] apesar de que a sua ideia de "corporação proprietária" serviria de inspiração para a elaboração da Carta de Verona que previa a "socialização da economia".[11] Seria expurgado em 1944 e apelaria, alegando que não havia ingressado no regime por lucro, mas por paixão política. Ele foi readmitido em maio de 1945.[1]
Depois da guerra
[editar | editar código-fonte]Em 1946, depois da guerra, durante o Primeiro Congresso Internacional de Filosofia, Spirito declarou que havia chegado o momento de enfatizar a origem idealista comum do socialismo e do neoidealismo, no ano seguinte escreveria Gentile e Marx.[12] Spirito tornou-se, em 1951, professor titular de filosofia teórica na La Sapienza, em Roma. Nesta fase, ele se declararia comunista.[1][13]
A princípios da década de 1960 dedicou-se a criticar a democracia.[1] Depois de visitar a União Soviética e a China em 1962, Spirito escreveu Comunismo russo e comunismo cinese, onde explicou sua preferência pela experiência de Mao Tsé-Tung, na qual os jovens construíram um novo marxismo e uma sociedade baseada na ciência.[1] Spirito refletindo sobre o Partido Comunista Italiano pensaria que o partido estava se transformando em uma força reformista.[1]
Como presidente da Fundação Giovanni Gentile, em 1975, organizaria a primeira conferência sobre o filósofo.[1] Dois anos depois, publicaria Memorie di un incosciente. Morreu em Roma em 28 de abril de 1979.[1]
Obras
[editar | editar código-fonte]- Il pragmatismo nella filosofia contemporanea, 1921
- Storia del diritto penale italiano, 1925
- Il nuovo diritto penale, 1929
- Critica dell'economia liberale, 1930
- L'idealismo italiano e i suoi critici, 1930
- I fondamenti dell'economia corporativa, 1932
- Capitalismo e corporativismo, 1933
- Scienza e filosofia, 1933
- La vita come ricerca, 1937
- Dall'economia liberale al corporativismo, 1939
- La vita come arte, 1941
- Gentile e Marx, 1947
- Il problematicismo, 1948
- La vita come amore, 1953
- Inizio di una nuova epoca, 1961
- Comunismo russo e comunismo cinese, 1962
- Critica della democrazia, 1963
- Tramonto o eclissi dei valori tradizionali?, 1970
- Il comunismo, 1975
- Dall'attualismo al problematicismo, 1976
- Memorie di un incosciente, 1977
- Guerra rivoluzionaria, 1989
- Il corporativismo: dall'economia liberale al corporativismo; i fondamenti dell'economia corporativa; capitalismo e corporativismo, 2009
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Carta de Verona
- Corporação proprietária
- Socialização da economia
- Giuseppe Bottai
- Neoidealismo
- República Social Italiana
- Totalitarismo
Referências
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o p q «Spirito, Ugo in "Il Contributo italiano alla storia del Pensiero: Filosofia"». web.archive.org. 11 de novembro de 2020. Consultado em 19 de dezembro de 2020
- ↑ C.P. Blamires (2006) World Fascism - A Historical Encyclopedia, ABC-CLIO, p. 629-30
- ↑ «Manifesto degli intellettuali fascisti». web.archive.org. 2 de maio de 2020. Consultado em 19 de dezembro de 2020
- ↑ «Spìrito, Ugo nell'Enciclopedia Treccani». web.archive.org. 30 de outubro de 2020. Consultado em 19 de dezembro de 2020
- ↑ Roger Griffin (1995) Fascism, Oxford University Press, p. 68
- ↑ P. Davies & D. Lynch (2002) Routledge Companion to Fascism and the Far Right, p. 241
- ↑ Stanley G. Payne (1995) A History of Fascism 1914-45, Routledge, p. 220
- ↑ Spirito, U. (1977). Memorie di un incosciente. Milano, p. 183
- ↑ «La guerra rivoluzionaria di Ugo Spirito | Fondazione Spirito». web.archive.org. 19 de dezembro de 2020. Consultado em 19 de dezembro de 2020
- ↑ Stanley G. Payne (1995) A History of Fascism 1914-45, Routledge, p. 387
- ↑ Gregor, Anthony James (1969). The Ideology of Fascism: The Rationale of Totalitarianism (em inglês). [S.l.]: Free Press
- ↑ «Ugo Spirito in rapporto a Labriola e Gentile lettori di Marx» (PDF). web.archive.org. 3 de setembro de 2020. Consultado em 19 de dezembro de 2020
- ↑ «Ugo Spirito a Pisa. Il corporativismo come superamento e fusione di liberalismo e socialismo - Il Pensiero Storico. Rivista internazionale di storia delle idee». web.archive.org. 5 de dezembro de 2020. Consultado em 19 de dezembro de 2020