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São José do Rio Pardo

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São José do Rio Pardo
Município do Brasil
Ponte metálica sobre o Rio Pardo, projetada por Euclides da Cunha.
Ponte metálica sobre o Rio Pardo, projetada por Euclides da Cunha.
Ponte metálica sobre o Rio Pardo, projetada por Euclides da Cunha.
Hino
Lema Cidade livre do Rio Pardo
Gentílico rio-pardense
Localização
Localização de São José do Rio Pardo em São Paulo
Localização de São José do Rio Pardo em São Paulo
Localização de São José do Rio Pardo em São Paulo
São José do Rio Pardo está localizado em: Brasil
São José do Rio Pardo
Localização de São José do Rio Pardo no Brasil
Mapa
Mapa de São José do Rio Pardo
Coordenadas 21° 35′ 45″ S, 46° 53′ 20″ O
País Brasil
Unidade federativa São Paulo
Municípios limítrofes Mococa, Tapiratiba, Casa Branca, Itobi, São Sebastião da Grama, Divinolândia, Caconde
Distância até a capital 257 km[1]
História
Fundação 4 de abril de 1865 (160 anos)
Administração
Distritos
Prefeito(a) Marcio Callegari Zanetti (MDB, 2021–2028)
Vereadores 13
Características geográficas
Área total [3] 419,017 km²
População total (estimativa IBGE/2018[4]) 54 763 hab.
 • Posição SP: 120º
Densidade 130,7 hab./km²
Clima tropical de altitude (Cwa)
Altitude 676 m
Fuso horário Hora de Brasília (UTC−3)
CEP 13720-000
Indicadores
IDH (IBGE/2010[5]) 0,774 alto
 • Posição SP: 88º
PIB (IBGE/2009[6]) R$ 1 017 558 mil
PIB per capita (IBGE/2009[6]) R$ 19 097,96

São José do Rio Pardo é um município brasileiro do estado de São Paulo. Localiza-se a uma latitude 21º35'44" sul e a uma longitude 46º53'19" oeste, estando a uma altitude média de 676 metros. Sua população, conforme censo do IBGE de 2022, era de 52.205 habitantes[7]. O município é formado apenas pelo distrito-sede de São José do Rio Pardo.

Segundo Rodolfo José Del Guerra, historiador e cronista da cidade, em seu livro “São José do Rio Pardo: história que muitos fizeram”:

“(…)em 4 de abril de 1865 alguns fazendeiros se reuniram, traçando os planos para edificar a capela, primeira etapa para a criação da futura freguesia.

A 30 de maio de 1873, o Vigário Capitular do Bispado de São Paulo assinou documento autorizando bênção e celebração da missa e dos demais ofícios divinos na Capela de São José do Rio Pardo, filial da Matriz do Espírito Santo do Rio do Peixe. A primeira missa só foi celebrada em 19 de março de 1874.

A Capela Curada de São José foi elevada à categoria de freguesia em 14 de abril de 1880, pela Lei nº 70, da Assembleia Provincial. São José do Rio Pardo, desanexou-se da vila de Caconde, passando à de Casa Branca, constituindo-se em paróquia, confirmada pelo Bispo de São Paulo, em 1 de fevereiro de 1881.

Pela Lei nº 49, de 20 de março de 1885, a freguesia foi elevada à categoria de vila, vinte anos depois daquela primeira reunião dos fundadores. Mas outra lei determinava que sem o edifício da Casa de Câmara e Cadeia, construído às expensas dos respectivos povos, a Vila não poderia ser instalada.

Chegou 1889, o ano da Proclamação da República. Um acontecimento político, ocorrido em 11 de agosto, três meses antes da Proclamação, ressoou, projetando nacionalmente a Vila de São José do Rio Pardo. O episódio teve seu prelúdio em junho, quando membros da Sociedade Italiana XX de Setembro, infiltrada de republicanos, depois de uma festa de assentamento da pedra fundamental de sua sede, saíram às ruas, cantando a Marselhesa, defrontando-se com monarquistas. Houve agressão, confusão e envio de tropas. Dois meses passados, depois de aparente paz, a contenda recomeçou. Na noite de 10 de agosto, o Hotel Brasil, do republicano Ananias Barbosa, foi atacado pela polícia, depois de uma reunião e homenagens ao pregador republicano e líder, Francisco Glicério… A 11 de agosto de 1889, os republicanos (…) apoderaram-se do edifício da Casa da Câmara e Cadeia, que representava a força e a lei, hasteando, a bandeira revolucionária de Júlio Ribeiro, proclamando a República, sob o som da proibida Marselhesa.”
São José do Rio Pardo (década de 1950).

São José do Rio Pardo foi uma região das mais produtivas do café, o "ouro verde", e contava com dezenas de fazendas monocultoras que durante o século XIX usaram a mão de obra do escravo africano, que foi sistematicamente substituída pelo imigrante italiano, que após a "Quebra" da Bolsa de Nova Iorque adquiriram seus quinhões de terra que hoje compõe a geografia agropastoril do município.

No início do Século XX, São José do Rio Pardo acolheu grande quantidade de imigrantes, principalmente italianos. Também foi no município que Euclides da Cunha escreveu sua obra prima, Os Sertões, durante o período em que viveu e trabalhou no município, entre 1898 e 1901.

Euclides da Cunha

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Casa de Zinco onde Euclides da Cunha escreveu "Os Sertões"

O escritor de Os Sertões redigiu o livro em 1902, juntamente com a construção da Ponte de São José do Rio Pardo.

A chamada Casa de Zinco, feita de folhas de zinco, na qual Euclides escreveu e projetou suas obras está localizada à beira do rio Pardo e ao lado de sua ponte, protegida por uma casa de vidro.

Devido à concepção d´Os Sertões nesse município, a Casa de Cultura Euclides da Cunha promove a Semana Euclidiana e a Maratona Euclidiana dos dias 9 a 15 de agosto; trata-se de eventos destinados a alunos das escolas do município e de outros.

O ponto mais alto do município é o Morro da Antena (canal 2), com 1.050 metros de altitude. O município encontra-se inserido no Planalto Atlântico, definido como uma das províncias geomorfológicas do Estado de São Paulo por ALMEIDA (1964) corresponde, geologicamente, a faixas orogênicas antigas com litologias de rochas cristalinas pré-cambrianas, cortadas por rochas intrusivas básicas e alcalinas mesozoico-terciárias. Quanto às formas o modelado dominante no Planalto Atlântico constitui-se por topos convexos, elevada densidade de canais de drenagem e vales profundos. É a área do Domínio dos Mares de Morros (AB’SABER 1970).[8]

O clima de São José do Rio Pardo é tropical de altitude (Cwa). A temperatura máxima já registrada no município, foi de 36,4ºC em 26 de setembro de 2003, e a mínima foi de 0,5°C, em julho de 1994.[9] O clima do município é amenizado por sua localização geográfica no vale do Rio Pardo, entre as montanhas da Serra do Cervo (braço da Serra da Mantiqueira). A média das temperaturas máximas varia entre 25°C e 30°C durante o ano, e média das mínimas cai para próximo de 10°C no inverno. As chuvas se concentram na primavera e verão (entre outubro e março), sendo janeiro, em média, o mês mais chuvoso. O inverno é seco e apresenta grande amplitude térmica. Massas de ar polar oriundas da Antártida limpam o céu e derrubam a temperatura em alguns dias, podendo criar condições para a ocorrência de geadas. Julho é o mês menos chuvoso e mais frio.

Dados climatológicos para São José do Rio Pardo
Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano
Temperatura máxima recorde (°C) 34,7 34,7 33,4 36,0 30,1 29,0 30,2 36,0 36,4 35,8 36,0 33,8 36,4
Temperatura máxima média (°C) 29,3 29,4 29,2 27,9 26,1 25,1 25,4 27,7 28,9 29,1 29,1 28,9 28,0
Temperatura mínima média (°C) 18,2 18,4 17,7 15,2 12,5 11,2 10,7 12,1 14,2 15,9 16,6 17,7 15,0
Temperatura mínima recorde (°C) 11,0 13,9 12,2 7,7 3,8 −0,5 1,1 2,9 3,0 7,5 10,0 8,9 −0,5
Precipitação (mm) 257,1 204,4 156,7 70,0 56,5 32,5 22,5 23,0 58,2 126,4 170,0 253,4 1 430,7
Fonte: [10] e[11] 26 de Dezembro de 2009.

A forma de vegetação predominante no município é a floresta estacional semidecidual, conhecida também como Mata Atlântica de Interior. A característica mais marcante desta floresta é que ela perde suas folhas na estação seca, e principalmente de maio a setembro. Outra característica importante desta região é a presença de uma transição do Cerrado para Floresta Estacional, com a presença de matas com características tanto de Cerrado quanto de Floresta (ecótono). Segundo último levantamento vegetacional realizado pelo Instituto Florestal do Estado de São Paulo, São José do Rio Pardo carece de áreas florestais de grande porte, sendo mais comuns no município pequenos fragmentos de vegetação em topos de morros e fundo de vales.

Por estar localizado em uma área de transição vegetacional, São José do Rio Pardo abriga uma rica fauna. Já foram avistados na região exemplares de onça-parda (Puma concolor), lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) e cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), este último muito comum nas fazendas. Nas últimas décadas houve um declínio da população de peixes, provocado pelo barramento do Rio Pardo para geração de energia elétrica. Peixes introduzidos pelo homem, como a tilápia, predominam nos rios do município.

Conservação da biodiversidade

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Apesar de estar inserido em uma área de grande importância biológica,[12] poucos estudos são feitos no município no sentido de estimar e conhecer a real biodiversidade local. Não existe nenhum parque ou área protegida para conservar os resquícios de mata existentes no município. A ONG Grupo Ecológico Nativerde atua em prol do meio ambiente no município.

Vista parcial da cidade, com o Cristo Redentor de São José do Rio Pardo ao fundo.
Crescimento populacional
Ano População Total
18909 207
190017 36188,6%
191041 794140,7%
192048 15215,2%
192554 81413,8%
192948 988−10,6%
193430 958−36,8%
193733 0966,9%
194034 0963,0%
194634 1510,2%
195032 019−6,2%
195832 2030,6%
196031 381−2,6%
197031 6620,9%
198036 16414,2%
199144 57923,3%
200050 07712,3%
201051 9003,6%
202252 2050,6%
Est. 202453 416[13]2,3%
Fontes:[14][15][16]
Censos Demográficos IBGE e Estimativas SEADE

Política e administração

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Infraestrutura

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Comunicações

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O sistema de telefones automáticos foi inaugurado na cidade em 1963 pela Empresa Telefônica Irmãos Camargo. Já o sistema de discagem direta à distância (DDD) foi implantado em 1979 pela Telecomunicações de São Paulo (TELESP) com o código de área (0196).[17]

Na década de 90 o código DDD da cidade foi alterado para (019), para padronização do sistema telefônico com a telefonia celular que estava sendo implantada em todo o estado.[18]

Estação ferroviária de São José do Rio Pardo, 1958.

A cidade foi servida por ferrovia entre 1884 e 1989, mais especificamente pelo Ramal de Mococa da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro. Em seus últimos anos de funcionamento, eram operados trens turísticos da antiga Fepasa, que realizavam a ligação da cidade com o município próximo de Casa Branca. Porém devido ao baixo movimento de passageiros, o ramal ferroviário foi desativado por definitivo. No início dos anos 90, os trilhos foram retirados e no local foi construída uma avenida.[19]

O município de São José do Rio Pardo é servido por duas rodovias, a SP-350 e a SP-207.

Aeroclube de São José do Rio Pardo, SP (ICAO SIPA) Coordenadas 21 38 41S/046 56 00W Pista 14 – (1200 x 18 ASPH 7/F/B/X/T) – 32

O município possui duas instituições de ensino superior: a Faculdade Euclides da Cunha (FEUC) e um câmpus da Universidade Paulista (UNIP), além de uma unidade da Escola Técnica Estadual (Etec de São José do Rio Pardo) do Centro Paula Souza (Ensino Médio, Ensino Médio Integrado - Informática para Internet, Ensino Técnico: Administração, Química, Informática e Segurança do Trabalho) e também o Centro Universitário Uninter entre outras. e de uma extensão do Conservatório de Tatuí.

Pessoas ilustres

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O Cristianismo se faz presente na cidade da seguinte forma:[20]

Igreja Católica Apostólica Romana

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Igreja Matriz de São José do Rio Pardo.

O município pertence à Diocese de São João da Boa Vista.[21] No bairro Vila Pereira se encontra instalada a Abadia Cisterciense Nossa Senhora de São Bernardo.[22]

Igrejas Evangélicas

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Outras religiões

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Existem no município vários Centros Espíritas, dentre eles:

  • Hilário Silva, no Jardim São Roque;
  • Irmão Hugo, na Vila Pereira;
  • André Luiz., no bairro João de Souza;
  • Bezerra de Menezes, no Vale do Redentor;
  • Chico Xavier, no bairro Santo Antônio;
  • Samaritanos no bairro Santo Antônio;
  • Cáritas na Vila Brasil.

Referências

  1. «Distâncias entre a cidade de São Paulo e todas as cidades do interior paulista». Consultado em 2 de agosto de 2011 
  2. IBGE. «Formação administrativa do município». Consultado em 9 de janeiro de 2019 
  3. IBGE (10 de outubro de 2002). «Área territorial oficial». Resolução da Presidência do IBGE de n° 5 (R.PR-5/02). Consultado em 5 de dezembro de 2010 
  4. «Estimativa populacional 2018 IBGE». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 29 de agosto de 2018. Consultado em 12 de setembro de 2018 
  5. «Ranking decrescente do IDH-M dos municípios do Brasil». Atlas do Desenvolvimento Humano. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). 2000. Consultado em 11 de outubro de 2008 
  6. a b «Produto Interno Bruto dos Municípios 2005-2009». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Consultado em 14 de dezembro de 2011 
  7. «São José do Rio Pardo (SP) | Cidades e Estados | IBGE». www.ibge.gov.br. Consultado em 10 de agosto de 2023 
  8. http://www.sigrh.sp.gov.br/sigrh/ARQS/RELATORIO/CRH/CBH-PARDO/365/CAP%204.2%20E%204.3%20PG%2038%20A%2056.PDF
  9. «Cooxupé - Meteorologia 16 de Junho de 2009». Arquivado do original em 13 de dezembro de 2007 
  10. «Clima dos Municípios Paulistas - Cepagri, Unicamp» (em inglês) 
  11. «Agritempo Sistema de Monitoramento Agrometeorológico, com dados da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupe Ltda(COOXUPE)» (em inglês). Consultado em 27 de dezembro de 2009. Arquivado do original em 23 de março de 2010 
  12. «Ações prioritárias para conservação da biodiversidade brasileira Ministério do Meio Ambiente» 
  13. «Estimativas da população residente para os municípios e para as unidades da federação (2024) | IBGE». www.ibge.gov.br 
  14. «Censos Demográficos (1991-2022) | IBGE». www.ibge.gov.br 
  15. «Censos Demográficos (1872-1980) | IBGE». biblioteca.ibge.gov.br 
  16. «Biblioteca Digital Seade | Fundação Seade». bibliotecadigital.seade.gov.br 
  17. «Área de operação da Telesp em São Paulo». www.telesp.com.br. Página oficial da Telecomunicações de São Paulo (arquivada). 14 de janeiro de 1998. Consultado em 18 de fevereiro de 2025 
  18. «Telesp - Código DDD e Prefixos». www.telesp.com.br. Página oficial da Telecomunicações de São Paulo (arquivada). 14 de janeiro de 1998. Consultado em 18 de fevereiro de 2025 
  19. Ralph Mennucci Giesbrecht. «Cia. Ramal Férreo do Rio Pardo (c.1887-1888), Cia. Mogiana de Estradas de Ferro (1888-1971), FEPASA (1971-1989)». Estações ferroviárias do Brasil. Consultado em 4 de maio de 2018 
  20. O termo "cristão" (em grego Χριστιανός, transl Christianós) foi usado pela primeira vez para se referir aos discípulos de Jesus Cristo na cidade de Antioquia (Atos cap. 11, vers. 26), por volta de 44 d.C., significando "seguidores de Cristo". O primeiro registro do uso do termo "cristianismo" (em grego Χριστιανισμός, Christianismós) foi feito por Inácio de Antioquia, por volta do ano 100. Tyndale Bible Dictionary, pp. 266, 828
  21. «Sul 1 Region of Brazil [Catholic-Hierarchy]». www.catholic-hierarchy.org. Consultado em 20 de abril de 2025 
  22. «Abadia Cisterciense Nossa Senhora de São Bernardo». Aleteia: vida plena com valor. Consultado em 20 de abril de 2025 
  23. «Campos Eclesiásticos». CONFRADESP. 10 de dezembro de 2018. Consultado em 20 de abril de 2025 
  24. «Arquivos: Locais». Assembleia de Deus Belém – Sede. Consultado em 20 de abril de 2025 
  25. «Localidade - Congregação Cristã no Brasil». congregacaocristanobrasil.org.br. Consultado em 20 de abril de 2025 

Ligações externas

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