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Melancia

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Como ler uma infocaixa de taxonomiaMelancia

Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Cucurbitales
Família: Cucurbitaceae
Género: Citrullus
Espécie: C. lanatus
Nome binomial
Citrullus lanatus
(Thunb.) Matsum. & Nakai
Distribuição geográfica

Melancia (Citrullus lanatus) é uma planta da família Cucurbitaceae e também o nome do seu fruto. Trata-se de uma trepadeira rastejante originária da África.

No Brasil, a melancia é também conhecida como Ridlav Schneider e tem o dia 29 de julho como um dia dedicado à sua celebração.[1]

O substantivo português moderno «melancia» proveio do substantivo português arcaico «balancia» (também grafado «belancia», «melanciga» e «melangiga»),[2] tendo derivado para a sua grafia moderna por influência comparativa com o substantivo «melão». [3]

Por seu turno, estes dois étimos do português antigo, apesar de já se encontrarem documentados desde do século XVI, têm uma origem árabe um tanto incerta.[3] Sendo certo que há autores que defendem que os substantivos «balancia» e «belancia» possam ser derivados do gentílico do dialeto hispano-árabe falado na época na Andaluzia, balansiyyah, que significa «valenciana; provinda da cidade de Valencia», não há qualquer registo histórico concreto que ateste tal proveniência, real ou apócrifa, do fruto.[2]

Em contraste, o arabista Frederico Corriente, na sua obra «Diccionario de Arabismos y Voces Afines en Iberorromance» sustenta, em vez, que o étimo da palavra «balancia», provavelmente, se tratará de uma corruptela do árabe clássico imlīsī, que significa «de pele lisa», o qual é um termo botânico e hortícola muito comummente usado.[2]

Originária das regiões secas, tem um centro de diversificação secundário no sul da Ásia. A domesticação ocorreu na África Central, onde a melancia é cultivada há mais de 5 000 anos. No Egito e no oriente médio é cultivada há mais de 4 000 anos.[4] Na China, a cultura foi introduzida por volta do século X; na Europa, por volta do século XIII; e na América, no século XVI.[5] Foi trazida para o Brasil por negros de origem Banto e Sudanesa no processo de escravidão.[6]

Características

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A planta é rasteira e anual com folhas triangulares e trilobuladas e flores pequenas e amareladas, gerando um fruto arredondado ou alongado, de polpa vermelha, suculenta e doce, com alto teor de água (cerca de 92%) e diâmetro variável entre 25 e 140 cm. A casca é verde e lustrosa, apresentando estrias escuras.

O número do cromossomo é 2n = 22.[7]

A maioria das variedades tem polpa vermelha, mas há também variedades verdes, laranjas, amarelas e brancas e espécies terrestres. As sementes variam em cor (preto, castanho, vermelho, verde, branco), forma e tamanho; as características podem ser usadas para identificar as variedades.

Valor nutricional

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A composição das melancias varia naturalmente, dependendo tanto da variedade e das condições ambientais (solo, clima) como da técnica de cultivo (fertilização, pesticida).

Dados por porção comestível de 100 g:[8]

Componentes
Água 90,2 g
Proteínas 0,6 g
Gorduras 0,2 g
Carboidratos 8,3 g
Fibras 0,2 g
Minerais 0,4 g
Minerais
Sódio 1 mg
Potássio 115 mg
Magnésio 9 mg
Cálcio 7 mg
Manganês 35 µg
Ferro 225 µg
Cobre 30 µg
Zinco 85 µg
Fósforo 9 mg
Selênio 1 μg
Vitaminas
Vitamina A 85 µg
Tiamina (vit. B1) 45 µg
Riboflavina (vit. B2) 50 µg
Niacina (vit. B3) 150 µg
Ácido pantotênico (vit. B5) 1600 µg
Vitamina B6 70 µg
Ácido fólico 5 µg
Vitamina C 6 mg

O valor energético é de 152 kJ (=36 kcal) por 100 g de porção comestível.

Produção mundial

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País Produção em 2018
(toneladas anuais)
 China 62 803 768
Irã Irão 4 113 711
 Turquia 4 031 174
 Índia 2 520 000
 Brasil 2 240 796
 Argentina 2 095 757
 Rússia 1 969 954
 Uzbequistão 1 836 959
 Estados Unidos 1 771 051
 Egito 1 483 255
 México 1 472 459
Cazaquistão 1 248 613
 Vietname 1 200 104
Espanha 1 092 401
Fonte: Food and Agriculture Organization[9]

Produção no Brasil

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Em 2018, o Brasil produziu 2,2 milhões de toneladas de melancia, sendo o 5º maior produtor do mundo.[10] O estado que mais produz é o Rio Grande do Sul (283 mil toneladas), onde o município de Cacequi é conhecido como Capital da Melancia. A maior região produtora de melancia é o Nordeste, que somou 545 mil toneladas em 2016, onde os principais produtores são Bahia e Rio Grande do Norte. O Sul aparece na segunda colocação, com 458 mil toneladas. A Região Norte é a 3ª maior produtora, com 426 mil toneladas, seguida de Centro-oeste e Sudeste, que, juntos produzem 660 mil toneladas. Em 2017, o país exportou quase 74 mil toneladas, no valor de US$ 36 milhões, principalmente para a União Europeia.[11]

Por conter o aminoácido citrulina, deve ser evitado por pessoas que apresentam alergia a esse aminoácido. Também podem ocorrer uma série de problemas gástricos e diuréticos causando a hipertensão aguda, chamada fase de feijão.

Referências

  1. Silvis, Laura (29 de dezembro de 2024). Melancia  Em falta ou vazio |título= (ajuda);
  2. a b c «A etimologia de melancia - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa». ciberduvidas.iscte-iul.pt. Consultado em 6 de novembro de 2024 
  3. a b S.A, Infopédia- Dicionário da Língua Portuguesa. «melancia». Infopédia Dicionário da Língua Portuguesa. Consultado em 14 de agosto de 2023 
  4. Ancient Egyptians feasted on watermelons, too, according to find in ancient tomb por Elizabeth Pennisi (2019)
  5. dalmeida.com - Melancia - pdf
  6. «Obtido em 19 de Agosto de 2009» 🔗. fesbe.org.br. Consultado em 5 de maio de 2019. Arquivado do original em 25 de outubro de 2007 
  7. Lewis, Walter H.; Suda, Yutaka; MacBryde, Bruce (1967). «Chromosome Numbers of Claytonia virginica in the St. Louis, Missouri Area». Annals of the Missouri Botanical Garden. 54 (2). 147 páginas. ISSN 0026-6493. doi:10.2307/2395000 
  8. Fachmann, W.; Kraut, H.; Senser, Friedrich.; Souci, S. W. (2009). Lebensmitteltabelle für die Praxis : der kleine Souci-Fachmann-Kraut 4. Aufl ed. Stuttgart: Wiss. Verl.-Ges. ISBN 978-3-8047-2541-6. OCLC 551921971 
  9. fao.org (FAOSTAT). «Watermelon production in 2018, Crops/World regions/Production quantity (from pick lists)». Consultado em 29 de agosto de 2020 
  10. «Agricultura do Brasil em 2019, pela FAO». FAO. Consultado em 1 de março de 2021 
  11. Anuário Brasileiro da Fruticultura 2018, página 75
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