Ciclovia
Uma ciclovia ou pista ciclável é um espaço destinado especificamente para a circulação de pessoas utilizando bicicletas. Há vários tipos de ciclovia, dependendo da segregação entre ela e a via de tráfego de automóveis:
- tráfego compartilhado: não há nenhuma delimitação entre as faixas para automóveis ou bicicletas, a faixa é somente alargada de forma a permitir o trânsito de ambos os veículos.
- ciclofaixa: é uma faixa das vias de tráfego, geralmente no mesmo sentido de direção dos automóveis e na maioria das vezes ao lado direito em mão única. Normalmente, nestas circunstâncias, a circulação de bicicletas é integrada ao trânsito de veículos, havendo somente uma faixa ou um separador físico, como blocos de concreto, entre si.
- ciclovia: é segregada fisicamente do tráfego automóvel. Podem ser unidireccionais (um só sentido) ou bidireccionais (dois sentidos) e são regra geral adjacentes a vias de circulação automóvel ou em corredores verdes independentes da rede viária.
História
[editar | editar código-fonte]No Brasil, as ciclovias foram popularizadas por Fernando Haddad quando era prefeito de São Paulo, uma das cidades com o trânsito mais congestionado do mundo, tornando-a campeã em ciclovias no país. Outras cidades brasileiras, como Niterói, tem investido via suas secretarias de Clima em criar mais ciclovias e acesso à bicicletas para aumentar mobilidade urbana com baixo impacto de carbono.[1]
Segurança
[editar | editar código-fonte]Meio urbano
[editar | editar código-fonte]Dados e estudos em diversos países contrariam a crença de que ciclovias aumentam a segurança do ciclista no meio urbano. (Mas seria necessário comprovar através de outros dados e mais referências). Visto que, numa ciclovia, o ciclista está separado do fluxo de veículos, sua interação com outros motoristas e sua visibilidade são prejudicadas em cruzamentos.[2] No meio urbano, a maioria dos acidentes com ciclistas ocorre justamente em cruzamentos[3] (enquanto colisões traseiras só são significativas em vias interurbanas ou arteriais) e isto é agravado quando se constrói ciclovias.
Nos EUA,[4] Reino Unido,[5] Alemanha, Suécia,[6] Dinamarca,[7] Canadá[8] e na Finlândia,[9] foi constatado que a instalação de ciclovias resultaram num aumento significativo, de até 12 vezes, na taxa de colisões entre carros e bicicletas por quilômetro pedalado.
Em Helsinki, pesquisas têm mostrado que os ciclistas tem mais segurança pedalando nas ruas compartilhando o tráfego com outros veículos do que quando usam os 800 km de ciclovias da cidade.[10] A polícia e o senado de Berlin conduziram estudos que levaram a uma conclusão similar nos anos 1980.[11] Em Berlin, apenas 10% das vias têm ciclovias, mas as ciclovias produzem 75% das mortes e demais acidentes de ciclistas.[12] Ciclofaixas são menos perigosas do que ciclovias, mas mesmo aos exemplos melhor implementados foram associados um aumento de 10% de acidentes.
Apesar dos resultados acima, algumas pesquisas de Copenhague[13] também mostram que apesar do número absoluto de acidentes com ciclistas aumentarem, a chance de cada ciclista individualmente sofrer um acidente diminui. Isso por que o número de acidentes com ciclistas aumenta em um ritmo menor que o acréscimo de ciclistas observado ao adicionar ciclovias. Na pesquisa, se concluiu que:
- Individualmente, há uma chance de 10 em 10 000 (ou 0,1%) de um ciclista sofrer acidente se não há pistas exclusivas.
- Quando a pista exclusiva é adicionada, a taxa de acidentes aumenta em 9%. Ou seja, se havia 10 acidentes sem a pista a taxa aumenta 10,9 (ou aproximadamente 11). Por outro lado, o número de ciclistas aumenta em 18%, de 10 000 para 11 800 (ou 0,09%) em vez dos 0,1% originais.
Estradas (vias arteriais ou rurais)
[editar | editar código-fonte]Dados de acidentes registrados pela polícia do Reino Unido indicam que em vias sem cruzamentos (vias arteriais ou interurbanas), 17% dos acidentes foram provocados por colisão traseira. A taxa de mortalidade aumenta com o limite de velocidade da estrada: 5% em estradas onde o limite é 50 km/h, 12% em 64 km/h, 21% em 100 km/h e 31% em 110 km/h.[14]
O uso de espaços segregados para ciclistas em vias arteriais ou interurbanas parece estar associado à redução do risco de acidentes. Na Irlanda, a instalação de grandes acostamentos nas vias interurbanas na década de 1970 resultou num decréscimo de 50% de acidentes com ciclistas.[15] Foi reportado que os Holandeses também encontraram que vias segregadas para bicicletas levaram a uma redução de colisões no meio rural.[16]
Legislação
[editar | editar código-fonte]- São Paulo (SP) - Em São Paulo existe a lei 14 266 de 06 de fevereiro de 2007[17] de autoria do político Chico Macena que cria o Sistema Cicloviário do Município de São Paulo, reconhece a bicicleta como veículo, define bicicletário, ciclovia, paraciclo, faixas compartilhadas, cria integração com sistemas de transporte público e prevê a instalação de bicicletários e paraciclos em locais de grande fluxo de pessoas.
Estrutura cicloviárias em capitais do Brasil
[editar | editar código-fonte]A tabela abaixo foi atualizada a partir de informações coletadas em abril de 2015 em prefeituras e organizações de cicloativistas associados à União dos Ciclistas do Brasil (UCB).
Entre 2011 e 2012, Brasília ultrapassou o Rio de Janeiro e é a cidade com maior estrutura cicloviária do Brasil. A capital federal e São Paulo foram as cidades brasileiras que mais ampliaram a estrutura para bicicletas nos últimos dois anos, mas ambas são criticadas por falhas e pela baixa qualidade das vias construídas ou demarcadas.[18]
Posição | Município | Unidade federativa | Km |
---|---|---|---|
1 | Brasília | Distrito Federal | 440 |
2 | Rio de Janeiro | Rio de Janeiro | 374 |
3 | São Paulo | São Paulo | 265,5 |
4 | Curitiba | Paraná | 181 |
5 | Fortaleza | Ceará | 116,4 |
6 | Campo Grande | Mato Grosso do Sul | 90 |
7 | Teresina | Piauí | 75 |
8 | Rio Branco | Acre | 74 |
9 | Belém | Pará | 71,9 |
10 | Belo Horizonte | Minas Gerais | 70,4 |
11 | Florianópolis | Santa Catarina | 57 |
12 | Aracaju | Sergipe | 56 |
13 | João Pessoa | Paraíba | 50 |
14 | Vitória | Espírito Santo | 47 |
15 | Cuiabá | Mato Grosso | 37 |
16 | Recife | Pernambuco | 30,6 |
17 | Salvador | Bahia | 27 |
18 | Porto Alegre | Rio Grande do Sul | 21 |
19 | Manaus | Amazonas | 6 |
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ «Ações da Secretaria do Clima de Niterói são apresentadas em reunião da Frente Parlamentar na Câmara». Prefeitura Municipal de Niterói. Consultado em 31 de julho de 2024
- ↑ The Science and Politics of Bicycle Driving
- ↑ TD 42/95, Design Manual for Roads and Bridges, Part 6, Geometric Design of Major Minor Priority Junctions
- ↑ Risk factors for bicycle-motor vehicle collisions at intersections, A. Wachtel and D. Lewiston, Journal of the Institute of Transportation Engineers, pp 30-35, September, 1994.
- ↑ Two decades of the Redway cycle paths of Milton Keynes, J. Franklin, Traffic Engineering and Control, pp. 393-396, July/August 1999
- ↑ Leif Linderholm: Signalreglerade korsningars funktion och olycksrisk för oskyddade trafikanter ─ Delrapport 1: Cyklister. Institutionen för trafikteknik, LTH: Bulletin 55, Lund 1984, In: »Russian Roulette« turns spotlight of criticism on cycleways, Proceedings of conference »Sicherheit rund ums Radfahren«, Vienna 1991.
- ↑ Junctions and Cyclists, S.U. Jensen, K.V. Andersen and E.D. Nielsen, Velo-city ‘97 Barcelona, Spain.
- ↑ Toronto bicycle commuter safety rates, L. Aultman-Hall and M.G. Kaltenecker, Accident Analysis and Prevention (31) 675–686, 1999
- ↑ Finland: The safety effect of sight obstacles and road markings at bicycle crossings, M Rasanen and H. Summala, Traffic Engineering and Control, pp 98-101, February, 1998.
- ↑ Abstract: The risks of cycling, Dr. Eero Pasanen, Helsinki City Planning Department (Undated) (Accessed 23 January 2007)
- ↑ «Berlin Police Department study, 1987, in English translation and in the original German, with commentaries». john-s-allen.com. Consultado em 8 de janeiro de 2021
- ↑ Cycle track or carriageway use with the bicycle?[ligação inativa], by Christian Marten, Allgemeiner Deutscher Fahrrad Club (ADFC), Berlin branch, 2002. (Accessed 23/01/2007)
- ↑ Roberts, Jason. «Ask the Experts: Søren Underlien Jensen and Dr. Lon D. Roberts, PhD.». Consultado em 30 de dezembro de 2011
- ↑ Stone, M. & Broughton, M. (2003). Getting off your bike: Cycling accidents in Great Britain 1990-1999. Accident Analysis & Prevention, 35, 549–556.
- ↑ The bicycle, a study of efficiency usage and safety., D.F. Moore, An Foras Forbatha, Dublin 1975
- ↑ Collection of Cycle Concepts Arquivado em 27 de setembro de 2007, no Wayback Machine., Danish Roads Directorate, Copenhagen, 2000
- ↑ Lei das Ciclovias de São Paulo[ligação inativa]
- ↑ «Estrutura cicloviária em cidades do Brasil (km)». www.mobilize.org.br. Consultado em 29 de novembro de 2016