Carlos Henrique de Lorena, Príncipe de Commercy
Carlos Henrique de Lorena | |
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Príncipe de Vaudémont | |
Carlos Henrique de Lorena, Príncipe de Commercy (1708) | |
Príncipe de Commercy | |
Reinado | 1708-1723 |
Nascimento | 17 de abril de 1649 |
Bruxelas, Países Baixos Austríacos | |
Morte | 14 de janeiro de 1723 (73 anos) |
Nancy, Ducado da Lorena | |
Cônjuge | Ana Isabel de Lorena-Elbeuf |
Descendência | Carlos Tomás |
Casa | Lorena |
Pai | Carlos IV da Lorena |
Mãe | Beatriz de Cuzance |
Carlos Henrique de Lorena, Príncipe de Commercy (em francês: Charles-Henri de Lorraine, prince de Commercy; (Bruxelles, 17 de abril de 1649 - Nancy, 14 de janeiro de 1723), conde e depois príncipe de Vaudémont, de Commercy, etc., é o filho legitimado de Carlos IV da Lorena e Bar nascido da sua ligação com Beatriz de Cusance.
Ele serviu nos exércitos imperias e, mais tarde, empreende a reconstrução do castelo de Commercy[1].
Biografia
[editar | editar código-fonte]Carlos Henrique era o terceiro filho do duque Carlos IV da Lorena com Beatriz de Cusance. O duque tentara anular o seu casamento com a duquesa Nicole de Lorena mas nunca obteve o acordo da Santa Sé. Assim, os filhos nascidos deste « segundo » casamento (que veio a ser reconhecido mais tarde) estavam excluídos da linha sucessória do Ducado. A morte de Nicole de Lorena permite, mais tarde, o casamento de Carlos IV com Beatriz de Cusance, o que legitima os seus filhos, sem os tornar dinásticos.
O príncipe de Vaudémont recebe do seu pai um pequeno estado soberano composto por territórios no norte do ducado da Lorena: a baronia de Fénétrange, os condados Sarrewerden, de Bitche e de Falkenstein.
O pai atribuiu-lhe o título de conde e depois príncipe de Vaudémont; dele, Carlos Henrique herda, sem dúvida, o temperamento tornando-se um grande militar. É, no entanto, mais fiel e constante, quando escolhe servir a Espanha e não o rei de França, cujas tropas ocupavam os ducados (Lorena e Bar). Cavaleiro da Ordem do Tosão de Ouro em 1675, Governador do Milanês de 1698 a 1706, Grande de Espanha de primeira classe.
A França ao devolver as possessões ao duque Carlos IV em 1661, gera um período de acalmia entre as duas monarquias, levando a uma política de reconciliação. O príncipe Carlos, herdeiro dos ducados, fica noivo da princesa francesa Maria Joana de Saboia-Nemours[2] [3].
Em 1662, o duque Carlos IV celebra com a França o Tratado de Montmartre onde se previa a reintegração dos Ducados na França e a integração da Casa de Lorena na Casa Real francesa. O tratado é liminarmente rejeitado quer pelos membros da Casa ducal quer pela Corte Soberana (supremo tribunal) da Lorena. Os noivados do príncipe herdeiro loreno são cancelados e o jovem vai servir o Sacro-Império onde se destaca durante a resistência à invasão otomana. No entanto, os ducados de Lorena e Bar só readquirem a sua independência apenas em 1697. O duque Carlos IV more em 1675 e o seu sucessor em 1690. É o filho mais velho do defunto Carlos V, Leopoldo I, que reina em Nancy, cidade que ele descobre aos 19 anos. Ele destaca-se por uma generosidade e uma grandeza de alma que impressionam Voltaire.
Em 1674, ele dirige a defesa durante o cerco de Besançon, assediada pelas tropas de Luís XIV. A cidade resiste durante vinte dias e a cidadela mais uma semana.
O principado de Commercy
[editar | editar código-fonte]Com a morte do seu filho, Carlos Henrique renuncia a favor do Ducado de Lorena, do seu estado soberano de nos arredores de Bitche. Em compensação, o seu primo Leopoldo I da Lorena atribui-lhe o Principado de Commercy em 1708. O príncipe constrói nessa pequena capital um grande castelo; Germain Boffrand, arquiteto do rei Luís XIV e primeiro arquiteto do Duque de Lorena, elabora o projeto conservando as bases dum antigo castelo-forte confinado por torres redondas; ele retoma esse mesmo princípio para o célebre castelo de Haroué.
Viúvo desde 1714 o príncipe vem a falecer aos 74 anos, sem descendência sobrevivente. Ele é sepultado na cartuxa de Bosserville que seu pai tinha fundado. O principado de Commercy foi, então, reintegrado no domínio ducal. Mais tarde, um membro do ramo dos Lorena-Elbeuf, José Maria (1759-1812), volta a usar o título de príncipe de Vaudémont.
Casamento e descendência
[editar | editar código-fonte]Não estando preocupado com a sucessão ao trono, Carlos Henrique casa, em 1669, com uma das suas primas francesas do ramo de Elbeuf Casa de Lorena, Ana Isabel de Lorena-Elbeuf (filha de Carlos III, Duque de Elbeuf e de Ana Isabel de Lannoy). Deste casamento nasce um filho:
- Carlos Tomás (1670-1704), também um militar como o pai.
Amador de música e das artes
[editar | editar código-fonte]Durante a sua estadia em Paris, a partir de 1674[4] que o príncipe descobre a ópera. Torna-se, então, um grande amador de música. Em Bruxelas, o compositor Pietro Antonio Fiocco dedica-lhe uma pequena ópera intitulada Le Retour du printemps, em 13 de junho de 1699, escrita ao estilo de Jean-Baptiste Lully[5]. O manuscrito é conservado na Biblioteca nacional de Viena.
Em Milão, Carlos Henrique patrocina o dramma per musica Angelica nel Cataï, adaptação italiana de Roland, também de Lully, por ocasião da visita de Filipe V de Espanha[6].
A dedicatória de Nouvelle méthode pour aprender a musique (1709) de Michel Pignolet de Montéclair faz-nos perceber que este foi o mestre de música de Carlos Henrique, e que o acompanhou até Milão, um pouco antes de 1699. Por fim, esteve (provavelmente) em contacto com o compositor Henry Desmarest.
Ascendência
[editar | editar código-fonte]Ancestrais de Carlos Henrique de Lorena, Príncipe de Commercy | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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Retratos
[editar | editar código-fonte]Retratos pintados de Carlos Henrique de Lorena e da sua esposa estão expostos no hospital Saint-Charles de Commercy[7].
Existem também retratos gravados por Nicolas (IV) de Larmessin, de uma obra de Jean Ranc[8].
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ embora os documentos pessoais conservados na Biblioteca Nacional de França (256 volumes), não referem essa reconstrução.
- ↑ irmã da rainha de Portugal Maria Francisca de Saboia
- ↑ bisneta do rei Henrique IV de França
- ↑ Em 1674, o príncipe de Vaudémont defendia brilhantemente a cidade de Besançon, na altura território espanhol, cercada pelos Franceses. Feito prisioneiro, Luís XIV obriga-o a residir em Paris, junto dos Lorena-Elbeuf, antes de reintegrar as tropas espanholas.
- ↑ Couvreur, 2001, p. 158-159.
- ↑ Morales, 2007, p. 169.
- ↑ inventaire.culture.gouv.fr
- ↑ philamuseum.org/collections
- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em francês cujo título é «Charles-Henri de Lorraine-Vaudémont».
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Bibliothèque nationale de France (Manuscritos) : Collection de Lorraine, vol. 726 à 970, regroupa des papiers du prince de Vaudémont (correspondances, comptes, rentes, documents divers). Inventaire de cette collection dans Philipe Lauer, Collections manuscrites sur l’histoire des Provinces de France, tomo I (Bourgogne-Lorraine), Paris, 1905, p. 439-485.
- Augustin Calmet, Notice de la Lorraine, Lunéville, 1840 ([1]).
- Lettres inédites de Madames des Ursins, de Maintenon, de Monsieurs le duc de Vaudémont, le maréchal de Tessé et le cardinal de Janson, Caen, A. Hardel, 1862.
- Léonce Pingaud, Le Prince Charles-Henry de Vaudémont (1649-1723), Besançon, Dodivers, 1879, 32 p. (précédemment publié dans Mémoires de la Société d'émulation du Doubs, 1876).
- Nigel Kent-Barber, Le Prince de Vaudémont, Charles-Henry de Lorraine et le régime espagnol au Milanais (1700-1707) : Une introduction au fonds Vaudémont, thèse de lettres, Paris, 1967, 277-XV ff.
- (em inglês) John M. Stapleton Jr. Forging a coalition army: William II, the Grand alliance and the Confederate army in the Spanish Netherlands, 1688-1697, Ohio State University, 2003.
- John Childs, The Treaties of the War of the Spanish succession: An historical and critical dictionary, Greenwood, 1995, p. 460-462.
- Nicolas Moralès, L'Artiste de cour dans l'Espagne du XVIII sécle: étude de la communauté des musiciens au service de Philippe V (1700-1746), Madrid, Casa de Velasquez, 2007.
- Manuel Couvreur, « Pietro Antonio Fiocco, un musicien vénitien à Bruxelles (1682-1714) », Revue belge de musicologie n° 55, 2001, p. 147-164.
- Hubert Collin, « Charles-Henri de Lorraine, prince de Vaudémont, souverain de Commercy, homme de guerre, diplomate et homme de cour (1649-1723): portrait d'un « citoyen de l'univers » ami des arts », Henry Desmarest (1661-1741): Exils d'un musicien dans l'Europe du grand Siècle, Versailles, CMBV et Sprimont, Mardaga, 2005, p. 137-148.