Ataque contra a Seleção Togolesa de Futebol em 2010
Ataque contra a Seleção Togolesa de Futebol em 2010 | |
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Local | Cabinda, Angola |
Data | 8 de janeiro de 2010 |
Alvo(s) | Seleção Togolesa e Forças Armadas de Angola |
Mortes | 3 |
Feridos | 9 |
Vítimas | Améleté Abalo (auxiliar-técnico) Stanislas Ocloo (assessor de imprensa e comentarista de TV) Mário Adjoua (motorista do ônibus) |
Responsável(is) | Frente para a Libertação do Enclave de Cabinda |
O Ataque contra a Seleção de Futebol de Togo em Angola em 2010 foi um ataque em que rebeldes separatistas de Cabinda, enclave da província angolana localizada entre o Congo e a República Democrática do Congo (RDC), ocorrido em 8 de janeiro de 2010, quando o autocarro/ônibus foi atacado pelos rebeldes. Do ataque resultaram três mortos e nove feridos.[1]
Ataque
[editar | editar código-fonte]Em 8 de Janeiro de 2010, o ônibus/autocarro da equipe nacional de Togo foi atacado por homens armados que viajavam entre o Congo e Angola para o Campeonato Africano das Nações.[2] O ônibus ficou sob fogo de metralhadora imediatamente após ter atravessado a fronteira da República da Congo para o enclave angolano de Cabinda.[3]
O cerco durou menos de 30 minutos.[4] O motorista do ônibus foi morto, mas os passageiros se esconderam embaixo dos assentos.[5] A equipe de segurança de cerca de 10 homens em dois carros que viajam com a equipe envolveu-se numa troca de tiros com os atacantes.[6]
O defesa do Vaslui, Serge Akakpo, foi gravemente ferido e perdeu muito sangue,[7] como foi o guarda-redes/goleiro Kodjovi Obilalé.[6] Juntamente com os dois jogadores, o vice-presidente da Federação Togolesa de Futebol, Gabriel Ameyi e sete membros, incluindo um jornalista e dois da equipa os médicos ficaram feridos.[8] Emmanuel Adebayor disse que o ataque foi "uma das piores situações em que já estive em toda a minha vida."[4] Como foi um dos menos afetados, ele teve que ajudar a transportar os seus companheiros para o hospital. O meio-campista Thomas Dossevi disse: "Foi um verdadeiro inferno. Vinte minutos de tiros, sangue e medo". Já o lateral Richmond Forson declarou: "O ônibus que transportava a bagagem foi marcado.[9] Talvez eles pensaram que nós estávamos lá. Então, eles abriram fogo, mesmo contra os nossos treinadores. Foi terrível."[4] Dossevi disse que a equipe foi "metralhada como cães."[4][10]
O grupo de guerrilha separatista angolana Frente para a Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC) reivindicou a responsabilidade pelo ataque.[11] A declaração, assinada pelo secretário-geral da FLEC, Rodrigues Mingas, referia: "Esta operação é apenas o começo de uma série de ações planejadas que continuarão a ter lugar em todo o território de Cabinda".[12]
Vítimas do ataque
[editar | editar código-fonte]Mortos
[editar | editar código-fonte]- Améleté Abalo (auxiliar-técnico do Togo e treinador do ASKO Kara; morte confirmada às 4 da tarde - horário local)
- Stanislas "Stan" Ocloo (assessor de imprensa e comentarista de TV; morte confirmada às 4:30 da tarde - horário local)
- Mário Angoua (motorista do ônibus da Seleção Togolesa; morreu na hora)
Feridos
[editar | editar código-fonte]- Kodjovi Obilalé (goleiro-reserva; atingido na região lombar, a bala se desfez em vários pedaços e passando por seu estômago)
- Serge Akakpo (defensor; ferido gravemente, se recuperou dos ferimentos)
- Hubert Velud (treinador)
- Waké Nibombé (treinador de goleiros)
- Elista Kodjo Lano
- Divinelae Amevor (fisioterapeuta)
- Tadafame Wadja (médico)
O abandono
[editar | editar código-fonte]As consequências do atentado em Cabinda foram bastante sentidas pelo Togo: o time ameaçou convocar um boicote à CAN em decorrência do ataque, e os meias Thomas Dossevi e Alaixys Romao declararam não ter nenhum interesse em atuar no torneio em situação tão caótica. Em seguida, a Seleção Togolesa anunciou sua desistência da CAN.
No entanto, a equipe chegou a repensar o abandono da competição, e dois jogadores disseram que o time poderia disputar a CAN "em memória das vítimas do atentado em Cabinda". Dossevi afirmou que Togo deveria participar do torneio "para honrar as cores nacionais, os valores dos atletas e de que eles eram homens de verdade". Mas o governo togolês optou em chamar o time de volta ao país.
Consequências
[editar | editar código-fonte]O Comitê Organizador da Copa Africana de Nações (COCAN) fez pronunciamentos contra a delegação do Togo; Virgílio Santos, membro do Comitê, disse: "As regras eram claras: nenhuma equipe deve viajar de ônibus. Não sei o que levou o Togo a fazer isto".
Em 11 de janeiro, o Togo acabaria sendo desclassificado da CAN. A equipe havia deixado Angola no dia anterior, e um porta-voz da Confederação Africana de Futebol disse: "A equipe está desclassificada. e este Grupo - B - será composto por apenas três times". Segundo Christopher Tchao, ministro dos esportes do Togo, o pedido de regressar à CAN foi arquivado apesar de poder render homenagem às vítimas do ataque em Cabinda.
Reações ao atentado
[editar | editar código-fonte]O ministro angolano António Bento Bembe referiu-se ao atentado de Cabinda como "um ato terrorista", e reforçou a segurança para a disputa da CAN. Martin O'Neill e Moustapha Salifou, respectivamente treinador e meio-campista do Aston Villa, expressaram comoção no site da Seleção Togolesa; Manchester City e Portsmouth mostraram dúvidas sobre a segurança de atletas dos dois clubes; outros atletas africanos, como o sul-africano Benni McCarthy e o malinês Mohamed Sissoko, condenaram o atentado.
Danny Jordaan, organizador da Copa de 2010, disse que o ataque não afetaria a segurança do torneio. O primeiro-ministro togolês Gilbert Houngbo decretou luto oficial de três dias em todo o país.
Emmanuel Adebayor, capitão e principal jogador togolês, anunciou que não defenderia mais sua Seleção, por se sentir horrorizado com o ataque ocorrido em Cabinda. Porém, voltou a ser convocado em novembro de 2011.
Referências
- ↑ «Tudo pronto para o Togo deixar Cabinda, mas avião ainda está na pista». O Jogo
- ↑ «Togo footballers shot in ambush» (em inglês). BBC News. 8 de janeiro de 2010. Consultado em 8 de janeiro de 2010
- ↑ «Togo pull out of African Nations Cup after bus attack in Angola» (em inglês). The Daily Telegraph. 9 de janeiro de 2010. Consultado em 9 de janeiro de 2010
- ↑ a b c d «Togo football stars tell of gun attack» (em inglês). BBC Sport. 8 de janeiro de 2010. Consultado em 8 de janeiro de 2010
- ↑ «Angriff auf Togos Fußballteam - Ein Toter» (em alemão). Transfermarkt.de. 9 de janeiro de 2010. Consultado em 9 de janeiro de 2010
- ↑ a b «Togo government tells team to quit Cup of Nations». BBC Sport. 9 de janeiro de 2010. Consultado em 9 de janeiro de 2010
- ↑ «Mannschaftsbus von Togo an angolanischer Grenze beschossen» (em alemão). Kleinezeitung.at
- ↑ «2 Togo soccer players hurt in gun attack». CBC Sports. 9 de janeiro de 2010. Consultado em 9 de janeiro de 2010
- ↑ «Drittes Todesopfer – Togo denkt an Rückzug» (em alemão). Morgenpost.de
- ↑ David Smith (8 de janeiro de 2010). «Emanuel Adebayor on Togo football team bus ambushed by Angola gunmen» (em inglês). The Guardian. Consultado em 8 de janeiro de 2010
- ↑ «Angola rebels FLEC claim Togo football team attack». Timesofindia.indiatimes.com
- ↑ Almeida, Henrique (8 de janeiro de 2010). «One dead, 9 hurt in gun attack on Togo soccer team». Reuters. Consultado em 9 de janeiro de 2010