Hoje eu vou contar uma história... uma história real onde apenas mudei os nomes dos personagens para não haver desconforto de nenhuma espécie... Porém, antes de contar essa história eu deixo uma pergunta para todos:
VOCÊ SE AMA O SUFICIENTE PARA AMAR ALGUÉM ?
Gina conheceu Antônio em uma festa numa cidade do interior de SP. Foram apresentados por uma amiga dela que era namorada de um amigo de Antônio. Mais ou menos como na música do Legião "Eduardo e Monica", os dois começaram a conversar, trocaram telefones e e-mail e, como estavam próximos de um feriado prolongado, Antônio convidou Gina para voltar à cidade com o intuito de se conherem melhor. Desde o final de semana do feriado, ela começou a ir à pequena e bela cidade todos os finais de semana... CLARO que ela e Antônio começaram um relacionamento que, aos olhos dela, tinha tudo para dar certo...Ela era mulher na casa de seus trinta anos, bonita, educada, inteligente, vestia-se muito bem, tinha um emprego sólido de boa remuneração... Ele um pouco mais novo, dono de uma moto envenenada, sem emprego fixo, educado, inteligente, músico de uma banda local.
O tempo foi passando e Gina estava completamente integrada e dedicada à sua nova rotina: sexta à noite ou, no máximo, sábado de manhã viajar para o interior. Ela conhecia todos os familiares de Antônio, bem como grande parte de seus amigos, iam todos os sábados ao mesmo barzinho para verem as bandas locais se apresentarem, Antônio estava sem emprego fixo mas era músico em uma banda local e sempre tinha uma ou outra apresentação. Aos olhos de todos, eram um casal perfeito, a mãe de Antônio era de opinião que não deveriam demorar a se casarem, inclusive. Em seu íntimo Gina também achava isso, e quando os sinais começaram a surgir, ela não enxergou... ou, não quis enxergar, como no final de semana em que Antônio viajara de moto com um amigo para um evento na cidade vizinha, sem avisá-la... ou ainda quando ele, no inverno rigoroso da cidade, parou de levá-la à rodoviária nas manhãs frias de segunda, fazendo-a pegar ônibus e sair bem mais cedo do que poderia se ele a levasse como antes...
Na época em que se relacionaram, e-mails, wathsap, celulares, eram ainda coisas não muito difundidas... então escrever cartas era um hábito comum... Gina e Antônio combinaram de se escreverem todos os dias... as cidades próximas faziam com que as cartas chegassem mesmo todos os dias... Gina escrevia realmente, mas nunca se perguntou o porque de não receber cartas em resposta às suas... quando tocava no assunto, Antônio respondia que estava "sem recursos" para colocar as cartas no correio, mas nunca mostrara nenhuma delas à Gina... E o tempo foi passando... passando... um determinado dia, combinaram de que no próximo final de semana, Antônio é que iria à casa de Gina... ela ficou exultante com isso, finalmente ele estava disposto a conhecer seu mundo, sua família, alguns amigos... O final de semana chegou e Antônio viria para a casa de Gina pegando carona com um parente que iria trabalhar aquele final de semana em SP. As horas foram passando e nada dele chegar, ela impaciente e preocupada, ligou na casa dele, e apenas ouvia que "eles saíram faz tempo já"... a preocupação aumentava a cada hora que se passava, a viagem de carro, demoraria no máximo uma hora e meia, e nas últimas vezes que ela ligara o telefone não havia sido atendido... a noite chegou, Gina foi dormir apreensiva, mas como sempre, otimista... no dia seguinte, domingo, ela recebe uma ligação em seu celular... uma das vizinhas de Antônio ligara dizendo: "Olha Gina, se eu fosse você, eu viria para cá agora..." e, desligou... Tentando ligar de volta, porém sem resposta, ela rapidamente se arruma e parte para a rodoviária... coração apertado a viagem inteira, quando ela chega na casa de Antônio, a mãe, o pai, a irmã, estão todos lá, e recebem-na com a mesma educação de sempre, porém ela sente algo suspenso no ar... como uma bolha prestes a estourar... ela vai para o quarto onde costuma ficar e pasma, percebe que está trancado... a moto de Antônio está na garagem... ela vai até o local onde sabe que fica a chave e abre o quarto... Lá dentro, uma mala no canto perto da cama, roupas de mulher espalhadas pelo quarto, a TV da sala colocada lá dentro com vários DVD´s e, nada de Antônio... a irmã dele olha para ela e diz: "Que bom que você veio, não estava mais aguentando essa patifaria"... Sem entender nada, Gina vai até a frente da casa e senta-se na calçada... uma hora ele teria que voltar...
Depois de esperar por quase uma hora, ela vê um casal descendo a rua em sua direção... custou a acreditar que era Antônio de mãos dadas com uma moça que ela nunca vira... seu espanto foi geral, já que ele estava vestido com roupa social, coisa que ela nunca vira, sempre andava de jeans com camiseta e a jaqueta de couro, bandana e botas pretas... Conforme o casal foi se aproximando o coração dela batia descompassado, ainda assim ela queria acreditar que aquilo tudo era um grande mal entendido... Quando o casal chegou até ela, a moça olhou-a de cima em baixo e falou um "oi", e Antônio não olhou, apenas passou puxando a moça atrás de si... Gina recolheu o que restava de sua dignidade e desceu atrás do casal, e puxou Antônio pelo braço perguntando: "Pode explicar o que está acontecendo ?" Com cara de espanto, ele respondeu: "Está louca ? Não está acontecendo nada, apenas voltei do culto com minha namorada." A moça com os olhos arregalados, olhou feio para Antônio e se enfiou no quarto fechando a porta... quando se viu sozinho com Gina ele calmamente disse à ela: "Porque você veio aqui hoje ? Não está vendo que está estragando tudo ? Ela vai ficar aqui apenas esse final de semana, semana que vem estaria tudo normal novamente..." Completamente estarrecida, magoada, machucada, doída, Gina responde: "Você tem a cara de pau de falar uma coisa dessas ? Depois de tudo que eu fiz pelo nosso namoro, vir aqui todos os finais de semana, escrever para você todos os dias, pagar todas as contas do barzinho, e até às vezes colocar gasolina na moto para podermos sair, você me vem com isso ? Ele responde: "Você fez tudo isso porque quis !".... Sem querer perder mais de seu amor-próprio, ela pegou suas coisas e seguiu a prima de Antônio que viera acudi-la sabendo que algo desse tipo aconteceria...
O mundo de Gina havia desmoronado... como assim ? Antônio não gostava dela realmente ? Ele mentira esse tempo todo ? A família dele sabia ? No meio de sua dor, Gina condenara a todos, Antônio, sua família, seus amigos, a moça que estava com ele naquele final de semana fatídico, menos a única responsável por tudo: ELA mesma... Na melhor posição de vítima, ela não percebeu que a última frase de Antônio era a verdade nua e crua... Ela realmente havia feito tudo aquilo porque ela queria... pensar nisso era como se dar um tapa na cara, mas com o tempo passando, as lembranças começando a ficarem mais apagadas, ela percebeu que isso era mesmo a verdade, e foi então que Gina acordou e resolveu se salvar para sempre.
A história de Gina e Antônio é comum... nem vou ficar assustada se algumas pessoas se encontrarem em alguns acontecimentos, ou até mesmo em todos. Não vou ficar espantada se alguém me disser: "Puxa, isso aconteceu comigo !".
PORQUE eu resolvi contar essa história ? Porque recentemente, eu li em um blog de auto-ajuda que é preciso "SE AMAR" para poder amar alguém... enquanto não nos amarmos verdadeiramente, enquanto não estivermos completamente confortáveis na nossa presença, não temos condições de nos relacionarmos com ninguém... Gina não se amava, não se amou em nenhum momento, nem mesmo quando Antônio fazia coisas absurdas... ela sempre perdoava porque estava cega achando que vivia um amor verdadeiro... E assim acontece com todas as pessoas que buscam NO OUTRO a razão da sua felicidade... Somente quando nos amamos, aprendemos a nos respeitar, a cuidar de nós, e somente quando nos amarmos realmente seremos capazes de atrair para nossas vidas o amor verdadeiro... Eu fiz a pergunta lá em cima e sei que de cara muita gente respondeu "SIM"... E agora vou fazer a pergunta de novo, e tenho certeza que essa resposta mudará... será que somos como Gina, que amou antes mesmo de SE amar ? Vamos refletir e depois nos darmos a resposta, e se ela for negativa, então aprenderemos a nos amarmos mais, nos conhecermos, para podermos atrair algo bom e verdadeiro em nossas vidas.
VOCÊ SE AMA O SUFICIENTE PARA AMAR ALGUÉM ?