A trama da vingança é uma das mais usadas na dramaturgia, tanto em novelas quanto em séries ou filmes. A maior fonte de inspiração é o clássico "O Conde de Monte Cristo", um romance francês de 1844, escrito por Alexandre Dumas, baseada na vida de Pierre Picaud. Na história, o marinheiro Edmond Dantès é preso injustamente e, na prisão, cria uma amizade com um abade, que lhe indica uma misteriosa fortuna, iniciando uma trajetória de vingança. à uma fórmula que dificilmente dá errado. Mas em "Mar do Sertão" deu.
O autor não soube desenvolver a saga de vingança de Zé Paulino (Sérgio Guizé). Aliás, que saga? A novela está em plena reta final e o mocinho não fez absolutamente nada. O maior erro de Mário Teixeira foi atropelar os acontecimentos de seu enredo para imprimir uma falsa sensação de agilidade no roteiro. Em menos de um mês, o protagonista sofreu um acidente, foi dado como morto, quase foi assassinado pelo seu maior inimigo, perdeu a mulher de sua vida, voltou depois de dez anos milionário e prometeu se vingar. Todos os acontecimentos citados rendiam, no mÃnimo, uns quatro meses de novela tranquilamente e sem provocar a lentidão da narrativa.
Mas infelizmente a trama central da trama das seis nunca saiu do lugar. E o contexto também não foi bem estruturado pelo autor. Zé Paulino realmente sofreu um acidente enquanto dava carona para Tertulinho (Renato Góes). O carro atolou na estrada em plena ribanceira e caiu no mar. O vilão não conseguiria salvá-lo nem se tivesse tentado. Já a tentativa de assassinato planejada pelo rival, que descobriu em qual hospital estava e fingiu ser um primo para desligar os aparelhos, rendia uma boa revanche com direito a volta triunfal.