O folhetim tem uma estrutura que não pode sofrer muitas modificações. E mesmo com a 'fórmula' conhecida por todos, não é fácil conquistar o público. Não por acaso, não existe uma receita exata para o sucesso. E uma das maiores dificuldades que os autores têm é a criação de um atrativo casal principal. Os chamados mocinhos viraram dor de cabeça para grande parte dos escritores. à bem mais simples criar vilões que roubam a cena do que um par romântico que empolgue. Mas Rosane Svartman não enfrentou esse problema em nenhuma novela sua e não é diferente com "Vai na Fé".
Sol (Sheron Menezzes) e Ben (Samuel de Assis) formam um casal que reúne tudo o que bons protagonistas necessitam: sintonia, quÃmica, conflitos e construção. A autora ousou na apresentação do relacionamento dos personagens quando optou pela narrativa de passado e presente caminhando juntos. Não é uma novidade na teledramaturgia, mas o grande público está mais acostumado a acompanhar o estilo em séries, como a aclamada "This is Us".
A história dos mocinhos de "Vai na Fé" não se deu com um amor súbito no primeiro capÃtulo, como vem ocorrendo nas novelas recentes, o tem prejudicado tanto a aceitação dos casais. Os personagens foram separados no passado por conta de armações e de um crime praticado por Theo (Matheus Polis/EmÃlio Dantas). Sol achou que tinha sido abandonada por Ben e acabou vÃtima de um estupro cometido pelo vilão, que a embebedou e se aproveitou daquele momento de fragilidade emocional.