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quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

"Alma Gêmea" foi a melhor novela da Globo em 2024

 A Globo acertou em cheio com a reprise de "Alma Gêmea", que acaba nesta semana. Escrita por Walcyr Carrasco, a história foi uma das melhores novelas do autor e um dos maiores fenômenos de audiência do horário das seis. A trama chegou a marcar impressionantes 53 pontos, com picos de 56, no último capítulo, índice inimaginável na época, e impossível de ser alcançado hoje em dia até mesmo em uma novela de horário nobre. A história de época que tinha a reencarnação como tema central conquistou o público e foi um grande sucesso.


Logo no primeiro capítulo (exibido no dia 20 de junho de 2005), Luna (Liliana Castro), grande amor da vida do floricultor Rafael (Eduardo Moscovis) ---- que criou uma espécie de rosa branca especialmente para a amada ----, leva um tiro durante um assalto (planejado pela invejosa Cristina para ficar com as joias da prima) e morre, para o desespero do florista e da mãe (Agnes - Elizabeth Savalla) da pianista. Mas o sentimento que unia o casal era tão intenso que a mulher voltou na pele de uma índia (Serena - Priscila Fantin), para reencontrar o amor de sua vida.

Vinte anos se passam, e aquela criança, que nasceu em uma aldeia indígena, vira uma bela mulher. Já Rafael segue amargurado com a vida e infeliz sem Luna ----- apesar de ser constantemente cortejado por Cristina (Flávia Alessandra) ----- e se fecha em seu mundo de sofrimento e solidão, mesmo tendo um filho (Felipe - Sidney Sampaio) com sua falecida mulher.

sexta-feira, 1 de novembro de 2024

"No Rancho Fundo" repetiu todos os erros de "Mar do Sertão"

 A novela das seis de Mário Teixeira, dirigida por Allan Fiterman, chegou ao fim nesta sexta-feira (01/11). "No Rancho Fundo" marcou o início de um novo planejamento da atual gestão de teledramaturgia da Globo, comandada por Amauri Soares, que planeja apostar em um novo segmento, além dos tradicionais remakes: o das continuações de novelas. Tanto que ano que vem será a vez da continuação de "Êta Mundo Bom!". Porém, pode ser uma ideia não muito promissora diante do resultado atual. O autor da trama que fechou seu ciclo hoje repetiu todos os erros de "Mar do Sertão". 

É verdade que "No Rancho Fundo" foi um sucesso de audiência e conseguiu reerguer os números da faixa das seis, após o imenso fiasco do remake de "Elas por Elas". Mas é importante ressaltar que uma parte do êxito se deve ao fenômeno "Alma Gêmea", que vem sendo reprisado no "Vale a Pena Ver de Novo" e foi iniciado praticamente junto da produção das 18h. A história de Walcyr Carrasco é a melhor e mais exitosa da atual grade da Globo. O folhetim anterior herdava os péssimos índices da reprise fracassada de "Paraíso Tropical". Ainda assim, é inegável a boa aceitação da obra de Mário Teixeira, que até chegou a trabalhar com Walcyr em "O Cravo e a Rosa", de 2001.

O autor de "No Rancho Fundo" sabe criar personagens carismáticos, escalar um ótimo elenco e tem um texto excelente. Esse conjunto ajuda a explicar a trajetória bem-sucedida. Porém, baseado em seus trabalhos anteriores, Mário ainda estava devendo uma trama desenvolvida com competência. E infelizmente seguiu devendo.

sexta-feira, 27 de setembro de 2024

Daniel Ortiz foi o maior inimigo de "Família é Tudo"

 O início de "Família é Tudo" foi dos mais promissores. A novela marcava a volta de Daniel Ortiz ao horário das sete, após o êxito de "Salve-se Quem Puder", apesar do hiato provocado pela pandemia. E substituindo "Fuzuê", o maior fracasso da faixa, o que aumentou a expectativa para um novo folhetim que reerguesse a audiência e reconquistasse o público. A missão do autor tinha tudo para um desfecho vitorioso porque a sinopse era criativa, os personagens carismáticos e os futuros conflitos bastante interessantes. Mas a novela, que chegou ao fim nesta sexta (27/09), após 177 capítulos, virou um amontoado de situações mal executadas, tanto no roteiro quanto na direção. 


A história tinha a essência de uma deliciosa novela das sete. Frida (Arlete Salles) organiza um cruzeiro para celebrar seu aniversário e o de sua irmã gêmea, Catarina (Arlete Salles). O objetivo era unir seus cinco netos. Porém, em meio a rusgas e armações, os cinco convidados esperados não compareceram e ela embarcou apenas com a irmã e o sobrinho, Hans (Raphael Logam). Mas um acidente em pleno alto mar resultou em um misterioso sumiço. Ao ser dada como morta, Frida surpreendeu a todos com seu testamento. Com diferentes motivações e liderados por Vênus (Nathalia Dill), os irmãos Mancini encararam uma missão que transformou suas vidas: além de morar juntos, a despeito das diferenças entre si, começaram a trabalhar para reconstruir o lugar que marcou o início da gravadora da família, criada por sua avó. A meta era: ao final de um ano, se o desempenho dos irmãos não for satisfatório (ou seja, gerar um lucro de quatro vezes o valor que vão receber para investir no local) eles não ganham nada e a herança a que teriam direito será entregue ao sobrinho ambicioso que, junto com a mãe, Catarina, nunca mediu esforço para atrapalhar a relação entre avó e netos.  

Inicialmente, a história despertou atenção justamente por sua criativa premissa. E o andamento das situações foi encadeando uma sucessão de trapalhadas dignas de um gostoso filme da "Sessão da Tarde". Vênus, Electra (Juliana Paiva), Plutão (Isacque Lopes), Júpiter (Thiago Martins) e Andrômeda (Ramille) protagonizaram divertidas cenas no casarão abandonado, localizado na zona leste de São Paulo, que virou o novo lar obrigatório dos irmãos, que viviam discutindo e raramente chegavam a um acordo.

terça-feira, 23 de julho de 2024

Quinta e última temporada foi a melhor de "Sob Pressão"

 A quinta e última temporada de "Sob Pressão" chega ao fim na Globo nesta terça-feira (23/07), após ter estreado no Globoplay em 2022. O autor Lucas Paraizo e o diretor Andrucha Waddington foram responsáveis por uma das séries mais bem-sucedidas da história da Globo, o que não é algo simples. Foram cinco temporadas que arrebataram público e crítica e havia fôlego para mais. Mas a produção realmente acabou e se despediu com uma leva de episódios emocionantes. 


A história protagonizada por Evandro (Julio Andrade) e Carolina (Marjorie Estiano) teve quatro temporadas repletas de dramas bem construídos em meio a choques de realidade que trouxeram reflexão e questionamento sobre a saúde pública do Brasil. A quarta temporada, exibida ano passado, foi a única que teve altos e baixos, mas ainda assim merecedora de muitos elogios. Só que a quinta conseguiu superar a expectativa dos mais ansiosos pelo 'último ano' da série. Foi quase uma volta às origens, onde os conflitos pessoais de cada médico dominaram a narrativa, tendo como complemento as questões de vários pacientes que ajudaram a engrandecer a o conjunto. 

A trama focou nas feridas psicológicas dos médicos e foi uma avalanche de sofrimento ao longo dos episódios. Os momentos de leveza foram raros, mas não é uma crítica. A densidade dramática fez toda diferença para tornar a temporada inesquecível.

domingo, 7 de julho de 2024

Plateia mancha a final acirrada da "Dança dos Famosos"

 A vigésima primeira edição da "Dança dos Famosos" chegou ao fim neste domingo, dia 7. A estreia foi no dia 3 de março e foram quase cinco meses de competição. Mais uma vez o formato se mostrou um do pontos altos do "Domingão" e dificilmente Luciano Huck deverá se desfazer dele, o que é ótimo. A temporada foi bem acirrada e vários nomes se destacaram. A final teve Lucy Alves, Tati Machado e Amaury Lorenzo, o que fez jus ao histórico de cada um na disputa.


O trio finalista teve um desempenho superior aos demais em todas as rodadas e não por acaso permaneceram na competição até o último dia. Tati Machado foi uma das maiores surpresas do elenco e se mostrou favorita logo em sua primeira apresentação, ainda na época das danças em grupo. Houve um leve retrocesso em seu desempenho perto da reta final, mas nada que a tenha prejudicado. Amaury Lorenzo foi outro nome que se destacou no início e nunca chegou a ser ameaçado com uma eliminação. Sua entrega era visível. 

Já Lucy Alves impressionou assim que deu o pontapé inicial na disputa. Até porque já é uma grande cantora e uma ótima atriz. Caso não fosse uma boa dançarina seria bastante compreensível, afinal, ninguém pode ser excelente em tudo. Mas Lucy é.

sexta-feira, 24 de maio de 2024

"Justiça 2" foi uma grande decepção

 Manuela dias recebeu a missão de escrever uma nova temporada de "Justiça", após o sucesso da série exibida pela Globo há 8 anos. A autora criou quatro novas histórias que se interligam, repetindo o formato original, e manteve apenas uma personagem da história de 2016. A trama teve uma imensa repercussão na época e foram vários elogios. No entanto, apesar do saldo muito positivo, a produção teve problemas visíveis no desenvolvimento. E as incongruências da narrativa se agravaram em "Justiça 2" (o texto contém spoilers). 


O novo enredo chegou ao fim no Globoplay nesta quinta-feira (23/05), depois da liberação dos quatro últimos episódios, fechando o ciclo com um total de 28 capítulos. A sinopse da série resumiu bem o drama dos protagonistas. O motoboy Balthazar (Juan Paiva) é preso injustamente após ser reconhecido como assaltante do restaurante Canto do Bode em um catálogo digital de suspeitos da polícia. Violentada pelo tio na adolescência, Carolina (Alice Wegmann) muda de cidade para se distanciar da situação. Quando volta para Ceilândia (DF), revive traumas do passado e decide denunciar seu abusador. Renato (Filipe Bragança), um traficante de classe média, se muda para a comunidade do Sol Nascente. Com seu som alto ligado 24 horas por dia, passa a entrar em conflito com as vizinhas Geíza (Belize Pombal) e Sandra (Gi Fernandes). Em um momento de desespero, Milena (Nanda Costa) rouba um carro e acaba presa por um crime que não cometeu. 

Das quatro histórias, a única que não deu para engolir desde o primeiro ato foi a de Milena. A autora subestimou a inteligência do público do primeiro ao último minuto daquele enredo. O objetivo era claro: formar um casal lésbico sem sofrer a censura da televisão aberta. E a química entre Paolla Oliveira e Nanda Costa foi visível. Mas só química não sustenta uma trama.

quarta-feira, 17 de abril de 2024

Com ótimo elenco e campeão justo, "BBB 24" foi um sucesso de audiência e repercussão

 A vigésima quarta edição do "Big Brother Brasil" chegou ao fim nesta terça-feira, dia 16, com tudo o que um bom reality precisa ter: ótimo elenco, boas rivalidades, entrega no jogo, polêmicas, barracos e o melhor: repercussão. Após duas temporadas fracassadas em sequência ("BBB 22 e 23"), Boninho voltou a sorrir com o "BBB" de volta na boca do povo, o que refletiu na audiência e no engajamento das torcidas. 


Mesmo diante dos problemas que a temporada teve, todos bem visíveis, é inegável que o "BBB 24" entra para a lista de melhores edições do reality. Não chegou nem perto dos fenômenos "BBB 20 e 21", que explodiram na época da pandemia, mas forneceu o que o fã do formato espera. Embora tenha repetido o erro de manter uma parte do elenco com famosos, os chamados "Camarotes", Boninho voltou a selecionar pessoas que realmente precisam do dinheiro e não querem apenas número de seguidores nas redes sociais para ganhar com publicidade. Isso fez toda diferença. 

O time "Pipoca" foi recheado de participantes carismáticos e que quiseram jogar sem maiores medos. O diretor só errou ao colocar 26 pessoas na casa para criar um início mais movimentado com várias eliminações por semana. O começo 'turbo' do "BBB" prejudicou o andamento do jogo porque o público não tinha tempo para conhecer quase ninguém e os paredões não causavam emoção alguma.

sexta-feira, 12 de abril de 2024

"Elas por Elas" teve problemas visíveis, mas foi prejudicada pelo horário

 Ao contrário do que a atual cúpula da Globo pensa, remake não é garantia de sucesso. Até porque a emissora já teve muitas provas disso ao longo de seus quase 60 anos de existência. E "Elas por Elas", que chegou ao fim nesta sexta-feira (12/04), entra para a lista de adaptações que não deram certo na teledramaturgia. No entanto, a releitura da obra de Cassiano Gabus Mendes, exibida em 1982, não merece ser classificada como uma novela ruim. Muitos pontos precisam ser analisados a respeito da rejeição do público ao enredo que contou a saga de sete amigas. 


A sinopse era simples. Lara (Deborah Secco), Taís (Késia), Helena (Isabel Teixeira), Adriana (Thalita Carauta), Renée (Maria Clara Spinelli), Natália (Mariana Santos) e Carol (Karine Teles) se conheceram em um curso de inglês e, inseparáveis, compartilharam as alegrias e desafios típicos da juventude. Porém, em uma viagem de fim de semana, um trágico acontecimento quebra esse laço e provoca um hiato nessa amizade. Duas décadas e meia depois, Lara encontra uma foto antiga e tem a ideia de juntar o grupo novamente em sua casa, sem desconfiar que o momento do reencontro, que deveria ser de apenas alegria, iria trazer também grandes revelações e desenterrar mágoas que tinham ficado guardadas no passado. 

A trama original era marcada pelo marasmo, onde a ausência de grandes conflitos era uma constante. Até porque era outra época. Não havia internet, celular, redes sociais, enfim, uma avalanche de distrações para o telespectador. Nem mesmo a concorrência nos demais canais de televisão provocava uma disputa. Mas já naquela época o quesito comicidade fazia a diferença nos folhetins das sete.

sexta-feira, 1 de março de 2024

E não rolou o "Fuzuê"

 A missão de Gustavo Reiz não era das mais fáceis: manter a audiência em alta, após o fenômeno "Vai na Fé", de Rosane Svartman, e com uma proposta totalmente diferente da trama anterior. O início de "Fuzuê" até manteve o interesse do público e parecia uma produção promissora. Mas, ao longo dos meses, o interesse do telespectador foi diminuindo gradativamente diante do roteiro repetitivo e a queda nos números do Ibope se tornou uma constante. O folhetim chegou ao fim nesta sexta-feira (01/03), depois de muitas intervenções na narrativa, e com o título de maior fracasso do horário das sete. 


A estreia do autor na Globo, infelizmente, não foi bem-sucedida. Gustavo escreveu "Os Ricos Também Choram", no SBT em 2005; o remake de "Dona Xepa", na Record em 2013; além de "Escrava Mãe" (2016) e "Belaventura" (2017) na emissora do bispo Edir Macedo. A sua proposta em "Fuzuê", prevista inicialmente para 2019 e depois adiada por conta da pandemia, era devolver ao horário das sete a conhecida comédia pastelão repleta de cenas farsescas. No início, até funcionou, vide o enredo dinâmico e bem conduzido nas duas primeiras semanas, principalmente em torno do quarteto central formado por Luna (Giovana Cordeiro), Miguel (Nicolas Prattes), Preciosa (Marina Ruy Barbosa) e Heitor (Felipe Simas). A forma como o casal de mocinhos e o par de vilões se conheceram proporcionou momentos divertidos. 

No entanto, foi ficando claro que a proposta da história, dirigida por Fabrício Mamberti, era até interessante em uma série curta, mas não em uma novela com mais de 170 capítulos. Um filme de caça ao tesouro costuma ser repleto de ação e boas viradas, o que desperta atenção do público, mas o desafio de proporcionar isso em um folhetim é bem mais complicado. Até porque o recurso ficcional exige que pistas sejam colocadas com cautela, a ponto de manter o interesse de quem assiste sem entregar muito o conteúdo para não esvaziar o roteiro.

sábado, 20 de janeiro de 2024

Após início turbulento, "Terra e Paixão" chega ao fim como um grande sucesso

 O começo não foi fácil. A missão de Walcyr Carrasco era reerguer a audiência do horário nobre da Globo, após o completo fiasco de "Travessia", que afundou a ótima média conquistada pelo remake de "Pantanal". Conhecido como o 'coringa' da emissora, o autor costuma fazer o impossível e sempre consegue entregar um sucesso. Pois não foi diferente com "Terra e Paixão", que estreou em maio de 2023 e chegou ao fim nesta sexta-feira, dia 19, após 221 capítulos, um número impressionante para os dias de hoje. 

A história não teve um caminho tranquilo. Como a trama era longa, Walcyr optou por um início mais lento e longe dos atropelos que muitos folhetins recentes fazem para causar a sensação de agilidade. A estratégia foi inteligente e o começo se mostrou muito bem estruturado em cima da saga de Aline (Barbara Reis), que logo no primeiro capítulo viu seu marido ser assassinado a mando de Antônio La Selva (Tony Ramos), poderoso empresário do agronegócio que fez fortuna através do desmatamento de florestas e tomando terras de pequenos produtores. 

Porém, após uma estreia repleta de adrenalina, o folhetim 'amornou' diante da falta de embates diretos entre mocinha e vilão e também por conta de um dilema amoroso envolvendo a protagonista. Logo na primeira semana, Caio (Cauã Reymond) se declarou para a protagonista e não houve construção alguma do sentimento. Foi algo súbito.

sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Início corrido e desperdício de personagens prejudicaram trajetória de "Amor Perfeito"

 A novela das seis da Globo teve um primeiro capítulo repleto de acontecimentos e um telespectador mais desatento deixou passar várias situações importantes que foram simplesmente jogadas sem maiores explicações. Mas o ritmo seguiu frenético por duas semanas, onde o enredo central acabou quase totalmente desmembrado com uma virada atrás da outra, todas sem qualquer impacto. O resultado a médio prazo da estratégia dos autores Duca Rachid, Júlio Fisher e Elísio Lopes Jr era previsível: a perda de fôlego da trama. E foi o que aconteceu com "Amor Perfeito", que chegou ao fim nesta sexta-feira (22/09), após meses sem história e muitos personagens desperdiçados. 


A novela simplesmente não teve mais o que apresentar ao público depois das duas primeiras semanas. A produção é inspirada no livro "Marcelino Pão e Vinho" e várias adaptações foram necessárias porque o clássico não daria um folhetim com meses no ar. Mas parece que, os mesmos autores que se preocuparam com a criação de novos conflitos, se esqueceram que não bastava criá-los, era preciso também saber desenvolvê-los. Tudo o que aconteceu com a protagonista em duas semanas destruiu a saga da mocinha e por uma explicação óbvia: não houve tempo para o telespectador conhecer e se envolver com aquilo que foi mostrado a toque de caixa. 

O pai de Marê (Camila Queiroz) foi "assassinado" logo na estreia pela vilã, que não pensou duas vezes em incriminar a enteada. Logo no segundo capítulo, a mocinha foi acusada pelo crime e pouco tempo depois acabou presa por conta de armações bastante frágeis de Gilda (Mariana Ximenes). Até o julgamento foi em tempo recorde, algo bem peculiar em se tratando de Brasil.

sexta-feira, 11 de agosto de 2023

Sucesso de público e crítica, "Vai na Fé" chega ao fim consagrando Rosane Svartman

 Rosane Svartman sempre foi uma autora corajosa e apaixonada pela arte. É uma profissional que ama o que faz e sua paixão é vista em todos os seus trabalhos. Não por acaso, está sempre produzindo e 2023 tem sido um ano recompensador. "Vai na Fé" estreou em janeiro e em julho foi a vez da série "Vicky e a Musa", exclusiva do Globoplay, e do seu livro "A Telenovela e o futuro da televisão brasileira". Três grandes sucessos, sendo que o maior deles chegou ao fim nesta sexta-feira (11/08), após 179 capítulos repletos de emoção, música e personagens carismáticos. 


A novela foi um fenômeno de repercussão e elevou a audiência da faixa das sete em três pontos, após quase três anos de dificuldades por conta da pandemia do coronavírus e de novelas inéditas que não emplacaram. A missão de Rosane não era nada fácil, mas até o momento a autora desconhece o significado de fracasso. Com uma respeitada carreira no cinema, a sua estreia como autora na Globo foi em 2012, ao lado de Glória Barreto, com a até hoje lembrada "Malhação Intensa". Dois anos depois, permaneceu na faixa do seriado adolescente e iniciou sua vitoriosa parceria com Paulo Halm. A dupla lançou "Malhação Sonhos", outro sucesso. Em 2015, migraram para o horário das sete e escreveram "Totalmente Demais", uma das melhores novelas das 19h. Os dois seguiram juntos na mesma faixa em 2018/2019 e emplacaram mais um fenômeno: "Bom Sucesso". 

"Vai na Fé" marcou a estreia de Rosane como autora solo. E foi um trabalho muito bem-sucedido. O folhetim conseguiu ser tão bom quanto os dois anteriores, tanto na potência do enredo quanto no desenvolvimento da história dos protagonistas, que formaram o primeiro casal de mocinhos negros na história da teledramaturgia ----- importante lembrar que nos poucos casos anteriores sempre havia um casal branco para dividir o protagonismo e eram sempre eles que ganhavam mais destaque.

domingo, 2 de julho de 2023

Vitória de Priscila Fantin fechou a temporada da "Dança dos Famosos" com chave de ouro

 A segunda edição da "Dança dos Famosos" sob o comando de Luciano Huck chegou ao fim neste domingo, dia 2 de julho. O quadro mais uma vez demonstrou fôlego e teve um ótimo retorno de audiência e repercussão. A final foi de alto nível e feminina. Rafa Kalimann, Carla Diaz e Priscila Fantin travaram uma disputa repleta de boas performances e honraram a grande decisão. 


Carla Diaz despontou como favorita logo em sua primeira apresentação ao lado do professor Diego Basilio. A atriz não deixou a desejar em nenhuma etapa e só melhorou ao longo das semanas, enquanto Rafa Kalimann teve um início bastante irregular com altos e baixos. Tanto que foi para a repescagem, mas voltou e evoluiu a olhos vistos até ganhar favoritismo ao lado de Carla. Trajetória parecida com a de Priscila Fantin, que também se mostrou insegura no começo, acabou indo para a repescagem duas vezes e retornou para a disputa com garra até chegar à final e se consagrar campeã. 

A competição se mostrou semelhante com a maioria das temporadas anteriores no quesito superioridade feminina. O time masculino nunca chegou a ameaçar as competidores, com raras exceções. Tanto que a final só com mulheres era esperada. O melhor competidor entre os homens era Douglas Silva, que tinha uma boa desenvoltura em todos os ritmos.

quarta-feira, 31 de maio de 2023

Decepcionante, segunda parte de "Todas as Flores" foi repleta de absurdos

 A segunda parte de "Todas as Flores" estreou no início de abril e teve como maior missão manter o interesse do público pela história, que fez um grande sucesso ano passado. Novela exclusiva do Globoplay, a trama de João Emanuel Carneiro teve sua exibição interrompida para não concorrer com o "BBB 23". E o autor se saiu bem diante do hiato. Afinal, a continuação manteve a história em primeiro lugar de produtos mais consumidos do streaming da Globo. Todo mundo queria saber o que aconteceria com os personagens principais. Porém, os 40 capítulos restantes, de um total de 85, ficaram muito aquém dos 45 anteriores. 


É preciso ressaltar que o enredo já tinha sido prejudicado com a passagem de tempo na reta final da primeira parte. O avanço dos meses destruiu a lógica da narrativa, principalmente em torno da gravidez de Maíra (Sophie Charlotte) e Jéssica (Duda Batsow). As duas engravidaram praticamente no mesmo momento, mas a protagonista pariu assim que o tempo passou, enquanto a irmã de Diego (Nicolas Prattes) só teve seu filho na parte de 2023. E o concurso do Garoto Rhodes ficou ainda mais interminável do que já era diante da cronologia apresentada. A própria fuga de Diego, que quase foi preso por Luis Felipe (Cássio Gabus Mendes), se mostrou ridícula porque o rapaz entrou em um VLT (Veículo Leve sob Trilhos), que não passa dos vinte quilômetros por hora, no Centro do Rio de Janeiro. Mas eram situações que dariam para relevar diante do conjunto da obra. 

O problema é que os defeitos foram agravados na segunda parte. Os maiores equívocos, que se resumiam a núcleos secundários repetitivos e sem a menor graça (o ponto fraco do autor em toda novela sua), tomaram conta da trama central.

sexta-feira, 5 de maio de 2023

"Travessia" chega ao fim como a pior novela de Glória Perez

 O desafio de Glória Perez não era simples: manter os bons índices conquistados pelo remake de "Pantanal", que tinha elevado a audiência do horário nobre da Globo, após a péssima (e injusta) média de "Um Lugar ao Sol". Mas a prestigiada autora não conseguiu. Pelo contrário, derrubou os números, que não apresentaram uma reação significativa ao longo dos meses. E a rejeição do público fez jus ao enredo frágil e mal desenvolvido. "Travessia", dirigida por Mauro Mendonça Filho, chegou ao fim nesta sexta-feira (05/05) marcada por uma avalanche de críticas, após longos e maçantes 179 capítulos.

Glória prometeu uma história sobre fake news, onde a modernidade da tecnologia moveria o enredo e todos os núcleos com conflitos envolventes. O estranhamento começou logo no primeiro capítulo. A protagonista, Brisa (Lucy Alves), surgiu criança ao lado de Ari (Chay Suede), em uma primeira fase que passou voando, assim como a aparição da dupla. O destaque mesmo foi em cima da família de Chiara (Jade Picon) através do embate entre Guerra (Humberto Martins) e Moretti (Rodrigo Lombardi), que culminou em um flagra de traição, com direito a uma sucessão de situações apressadas que resultaram na morte de Débora (Grazi Massafera), a personagem que dominou a estreia. Ninguém entendeu muito bem o intuito da correria e muito menos a intenção em quase ignorar a mocinha do folhetim. 

Logo no terceiro capítulo, outro momento que provocou estranhamento: o embate entre as irmãs Guida (Alessandra Negrini) e Leonor (Vanessa Giácomo). Como Guida se casou com Moretti, que era ex de Leonor, a irmã trocada tacou fogo no vestido de noiva no dia do casamento. Uma catarse ótima, mas que deveria ter sido exibida lá na metade de trama no ar. O telespectador mal conhecia as personagens ainda e nem havia empatia ou envolvimento com nenhuma.

quarta-feira, 26 de abril de 2023

Após uma avalanche de polêmicas, "BBB 23" chega ao fim marcado pelo fracasso

 A vigésima terceira edição do "Big Brother Brasil" chegou ao fim com uma audiência ainda menor que a exibida ano passado, que já tinha apresentado uma queda significativa em relação aos fenômenos "BBB 20 e 21". Claro que a temporada do ano passado teve como reflexo o início do fim da pandemia, o que implicou em mais gente na rua. Mas o "BBB 23" não melhorou os índices e a escolha do elenco, em sua grande maioria, se mostrou tão fraca quando a do ano passado. Para culminar, várias polêmicas cercaram a atração a ponto de cancelarem o "BBB 101", que marca o reencontro do elenco na casa, inaugurado no "BBB 21". 


A primeira situação que provocou repercussão negativa no reality foi a relação abusiva entre Gabriel Fop e Bruna Griphao. A forma como o rapaz agia com a então ficante vinha despertando cada vez mais incômodo até colocar a mão fortemente no ombro dela e no mesmo dia dizer, durante uma discussão, que 'daria cotoveladas' na boca da atriz. O comentário provocou uma intervenção de Tadeu Schmidt, que o repreendeu ao vivo e diante dos demais concorrentes. Por mais absurdo que pareça, após a represália, Fop chegou a exigir que Bruna falasse para todos que ele não tinha feito nada demais. 

No entanto, a polêmica expôs que o público estava bastante tolerante na atual edição. Tanto que Gabriel foi eliminado com 53,3% em um paredão triplo, índice que nem configura rejeição. Ou seja, parte votante da audiência nem achou grave o que aconteceu. Mas ainda era só o começo, tanto no quesito acontecimentos pesados quanto na benevolência do público diante de tudo o que era mostrado.

sexta-feira, 17 de março de 2023

Personagens secundários salvaram "Mar do Sertão" da falta de história

 A novela das seis, escrita por Mário Teixeira e dirigida por Allan Fiterman, chegou ao fim nesta sexta-feira (17/03). A produção teve uma audiência satisfatória e o carisma dos personagens, somado ao bem escalado elenco, foi o maior acerto da história. Foi um folhetim leve e com muitas cenas divertidas, protagonizadas principalmente nos núcleos secundários. No entanto, houve uma falha grave no desenvolvimento do enredo, que andou em círculos durante quase todo o período de exibição. 

Mário Teixeira não é um autor iniciante. Já trabalhou como colaborador de vários escritores na Globo, mas "Mar do Sertão" foi sua quarta novela como autor solo. E seu saldo não é positivo. "Liberdade Liberdade" (2016) foi a única que teve melhores desdobramentos, mas o roteiro era de Márcia Prattes, que foi retirada do projeto pela Globo e Mário foi escolhido para assumir. Já "I Love Paraisópolis" (2015) ---- escrita com Alcides Nogueira ---- e "O Tempo não Para" (2018) foram dois folhetins das sete que 'morreram' com um mês de exibição. Ou seja, o autor resolveu tudo em duas semanas e depois ficou sem história para contar, se aproveitando de situações pontuais nos núcleos secundários. Ironicamente, o erro foi repetido pela terceira vez porque foi exatamente o que aconteceu com "Mar do Sertão".

A história apresentou um dos mais conhecidos clichês da teledramaturgia: o mocinho que protagoniza um triângulo amoroso, sofre um acidente, é dado como morto e volta para se vingar. Mas o escritor resolveu tudo em menos de um mês. Zé Paulino (Sérgio Guizé) sofreu um acidente enquanto estava com Tertulinho (Renato Góes) e desapareceu nas águas. Pouco tempo depois, o vilão descobriu que o rival não tinha morrido e foi até o hospital para matá-lo.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

Fracasso de audiência e repercussão, "Cara e Coragem" já foi tarde

 A novela das sete escrita por Claudia Souto e dirigida por Natalia Grimberg chegou ao fim nesta sexta-feira (13), após desgastantes 197 capítulos. A Globo tem feito folhetins com cerca de 170 capítulos, mas não esticou "Cara e Coragem" por conta de sucesso. A decisão da emissora foi tomada antes mesmo da estreia e com o objetivo de beneficiar "Vai na Fé", trama substituta que estreia na próxima segunda, evitando que a história de Rosane Svartman enfrentasse os ingratos meses de novembro e dezembro, período onde a audiência costuma diminuir e com direito a eleições e Copa do Mundo em 2022. Mas a decisão fez com que todos os defeitos da produção ficassem ainda mais evidentes. 


A autora estreou sua primeira novela solo em 2017 e teve um ótimo retorno da audiência. No entanto, "Pega Pega" tinha vários defeitos e todos eles foram repetidos em "Cara e Coragem": falta de carisma dos personagens, história que anda em círculos, cenas burocráticas e conflitos desinteressantes. O enredo anterior, no entanto, teve o fator surpresa: o êxito do par formado por Maria Pia (Mariana Santos) e Malagueta (Marcelo Serrado). E ficou claro na época que não era algo planejado. O acaso beneficiou a escritora, que passou a investir no romance dos vilões. Já todo o restante do roteiro, incluindo a exaustiva abordagem do roubo realizado no Carioca Palace, era maçante. E a repercussão nas redes sociais era quase nenhuma. Somente o casal 'Malapia' rendia comentários. Não por acaso, os elevados números no Ibope até hoje são difíceis de serem analisados. 

Já em "'Cara e Coragem" há uma congruência de resultados: o folhetim foi um fracasso de repercussão e audiência. Os motivos são até simples de serem explicados. Desde o primeiro capítulo a novela não conseguiu despertar atenção. A vida dos dublês ser um dos motes centrais do roteiro já foi um grande equívoco. Embora tenha sido uma ideia diferente, não funcionou como dramaturgia. Com todo respeito aos profissionais da área, não é nada atrativo acompanhar a rotina de trabalho deles. E as situações em nada beneficiaram a narrativa.

sexta-feira, 7 de outubro de 2022

Sem adaptações relevantes, sucesso do remake de "Pantanal" se deu pela força da história e dos personagens emblemáticos de Benedito Ruy Barbosa

 O remake de "Pantanal" teve um tratamento diferenciado da Globo. Houve um intenso trabalho de divulgação bem antes da produção estrear e enquanto estava no ar foi assunto de todos os programas de entretenimento da grade. Também investiu bastante na novela que teve um clima de superprodução. O esforço valeu a pena. A obra baseada fielmente na história escrita por Benedito Ruy Barbosa na Rede Manchete em 1990, que chegou ao fim nesta sexta-feira (07/10), teve uma boa repercussão e audiência satisfatória. Fez sucesso. Aumentou oito pontos a média geral da faixa em comparação com a antecessora, "Um Lugar ao Sol", que não recebeu o mesmo tratamento.


A fotografia e o elenco foram os grandes trunfos da trama adaptada por Bruno Luperi, neto do autor. A direção de Rogério Gomes impressionou na primeira fase, enquanto a de Gustavo Fernandez manteve a qualidade na segunda. As imagens --- com direção de fotografia de Walter Carvalho --- encheram os olhos e pareciam pinturas. A preocupação em gravar várias cenas sempre ao entardecer, aproveitando os breves minutos do pôr-do-sol diante do verde e das águas do Pantanal, teve um resultado deslumbrante e deve credenciar a obra para concorrer ao Emmy Internacional. 

A primeira fase foi impecável. Com poucos personagens e um bom ritmo, sem pecar pela lentidão ou uma correria desnecessária, a trama logo conquistou o telespectador através dos personagens emblemáticos criados por Benedito há 32 anos e pelos atores que aproveitaram a curta chance que tiveram.

sexta-feira, 19 de agosto de 2022

Apesar dos problemas na trama central, "Além da Ilusão" foi uma deliciosa novela das seis

 Alessandra Poggi não se saiu mal em sua primeira novela como autora solo. "Além da Ilusão" foi uma agradável trama das seis e cumpriu a missão de entreter o público com um enredo que mesclou bem drama e humor. A direção de Luiz Henrique Rios é um bônus para qualquer folhetim e novamente fez a diferença. E os índices de audiência foram melhores em comparação com a fracassada novela anterior ("Nos Tempos do Imperador"). O saldo da produção, que chegou ao fim nesta sexta-feira, é positivo. No entanto, os problemas da narrativa ficaram claros em vários momentos, o que prejudicaram o desenvolvimento do roteiro.

O maior erro da autora foi a condução do plot central. Poggi achou que o público logo esqueceria da primeira fase da trama e ficaria apenas focado na volta por cima de Davi (Rafael Vitti) e em seu amor por Isadora (Larissa Manoela). Só que não tinha como deixar de lado um crime tão bárbaro, ainda mais diante da forma irresponsável que tudo foi se desenvolvendo. Davi se apaixonou perdidamente por Elisa (Larissa Manoela), mas a menina acabou assassinada pelo pai, Matias (Antônio Calloni), que cometeu o crime por acidente, já que sua intenção era matar o futuro genro. O juiz conseguiu incriminar o rapaz, que foi condenado a 20 anos de cadeia, mas escapou da prisão após dez anos para provar sua inocência. Só que sofreu um acidente de trem, roubou a identidade de um passageiro aparentemente morto e começou a trabalhar na tecelagem de sua ex-sogra. Até que viu Isadora crescida, de quem era amigo dez anos atrás, e se apaixonou perdidamente assim que olhou pra cara da garota. Um contexto que precisava de um mínimo de cuidado. 

Não houve preocupação da autora para desenvolver o amor de uma forma sutil. Por mais que tenha repetido no texto que Davi se apaixonou pelo jeito de Isadora, não foi isso que aconteceu. Não é possível colocar em diálogos situações que não ocorreram e querer que o público compre. Daria tempo de sobra para o mocinho ir se apaixonando pela convivência com Dorinha e ainda se questionando a respeito de um sentimento que não deveria se repetir. Afinal, além de ter tirado a virgindade das duas irmãs, uma delas foi assassinada e ele foi incriminado injustamente.