A novela das seis da Globo carrega todos os bons clichês de um folhetim. Não por acaso tem sido tão gostoso acompanhar "Além da Ilusão". E os personagens, em sua maioria, são bem construÃdos. Há um em especial que desperta uma avalanche de sentimentos em quem assiste: Matias. à um tipo de papel que fracassaria nas mãos de um ator medÃocre. Mas não é o caso. Antônio Calloni está irretocável.
No inÃcio da história, Matias era um juiz que tinha adoração por Elisa (Larissa Manoela), sua filha mais velha. Até então, era apenas um pai enérgico que não aceitava ver a herdeira namorando um mágico sem futuro. No entanto, aquele sujeito foi ficando cada vez mais obsessivo até chegar ao ponto de assassinar a própria filha acidentalmente. Isso porque queria matar Davi (Rafael Vitti), seu futuro genro. Minutos depois do crime, já planejou e botou em prática uma estratégia para incriminar o mocinho. Conseguiu. Para culminar, ainda culpou a filha caçula, Dorinha (Sofia Budke), uma criança, pela morte da irmã.
Pelo conjunto de atrocidades relatadas ficaria impossÃvel sentir qualquer compaixão por Matias. Porém, o peso na consciência pelo crime cometido foi tão avassalador que o personagem desenvolveu esquizofrenia, doença que até hoje não tem cura, mas que na época, entre 1934 e 1944, tinha ainda menos recursos disponÃveis para um tratamento digno.