As intérpretes das sofridas Zefa e Nice, respectivamente, se destacaram assim que surgiram em cena e desde então vêm protagonizando momentos de intensa carga dramática, emocionando o público. São perfis aparentemente sem muito importância, mas cresceram graças ao talento dessa dupla de respeito. Ambas já participaram de várias peças teatrais, mas a oportunidade de mostrar o quão são competentes na televisão, alcançando um maior número de pessoas, ainda não havia chegado. Finalmente a chance veio.
Claudia é uma atriz baiana e chegou a dizer em uma entrevista que não sairia da Bahia se a Globo não fosse buscá-la. O diretor Dennis Carvalho conseguiu trazê-la para o Rio de Janeiro, sede da emissora e local dos Estúdios (antigo Projac), e João Emanuel Carneiro criou a subserviente Zefa. A empregada da famÃlia de Severo Athayde (Odilon Wagner) é uma espécie de porto seguro de um núcleo familiar dilacerado, mas nunca recebeu um tratamento diferenciado por isso.
E a personagem é tÃpica de um folhetim mexicano. Teve um caso com o patrão e engravidou de dois filhos: um branco e um negro. O primeiro foi criado pelo pai, recebendo todos os privilégios, e o outro ficou com ela, virando motorista da famÃlia.
A empregada desperta pena e indignação em quem assiste. Isso porque seu sofrimento é visÃvel, assim como sua tentativa de deixar todos ao seu redor bem. Todavia, sua subserviência ultrapassa todos os limites. Zefa parece se conformar com a vida que tem e quando defende todo mundo acaba sendo conivente com o festival de canalhices, vide a corrupção de Severo, a crueldade de Rochelle (Giovanna Lancellotti), a vingança sem escrúpulo de Roberval (FabrÃcio Boliveira), o descontrole de Edgar (Caco Ciocler) e a inconsequência de Manu (Luisa Arraes). A atriz se sobressai sempre que aparece em cena e seus embates mais dramáticos são com FabrÃcio, exigindo uma entrega visceral de ambos.
Já Kelzy foi aparecendo timidamente e no inÃcio mal tinha falas. Nice era apenas uma esposa retraÃda do machista Agenor (Roberto Bomfim) e cuidava das filhas Maura (Nanda Costa) e Rosa (LetÃcia Colin). Aos poucos, ganhou importância e uma trama para chamar de sua: cozinheira de mão cheia, tentou vender quentinhas para ajudar na renda da famÃlia, mas foi impedida pelo intimidador marido. A intérprete emocionou com a dor da personagem e virou um dos poucos acertos da novela quando a batalhadora mulher entrou em choque assim que descobriu que Maura era lésbica. A cena protagonizada por ela e Nanda mesclou sofrimento e indignação, expondo a competência das atrizes. E o momento da reconciliação das duas também arrancou lágrimas do telespectador, assim como o as duras discussões com Agenor. Mas, sem dúvida, a sequência mais dilacerante protagonizada por Kelzy foi a expulsão de Rosa de casa. Claramente inspirada na clássica cena de "Tieta", a situação constrangedora vivida pela ex-prostituta serviu para exalar todo o desespero daquela mãe "perdendo" outra filha para a intolerância do esposo. Que show de atuação.
Aliás, o enredo de Nice é bem parecido com o de Catarina (Lilia Cabral) em "A Favorita", do mesmo autor. A diferença é que a personagem anterior era agredida fisicamente por Leonardo (Jackson Antunes) e Agenor a fere emocionalmente. E, assim como Lilia, a atriz cresceu na novela e virou um dos pontos altos do folhetim. Não é exagero afirmar que sua trajetória se mostra bem mais interessante que vários desdobramentos do núcleo principal, por exemplo. O mesmo, inclusive, vale para o drama da empregada da famÃlia Athayde.
à impossÃvel não sentir empatia por Zefa e Nice. As personagens são bastante semelhantes, incluindo a submissão como principal caracterÃstica. Claudia Di Moura e Kelzy Ecard são gratas revelações de "Segundo Sol" e estão brilhando merecidamente na atual novela das nove. Resta torcer para que seja o primeiro de muitos outros trabalhos da dupla na televisão. O grande público não pode ficar mais longe delas.
24 comentários:
Realmente, com a passividade das personagens elas se destacaram demais e agora com, pelo que parece, a retomada da auto estima estão ainda melhores. Belo texto.
Agradeço emocionada!
Olá, tudo bem? O núcleo do Roberval, na realidade, sustenta a novela. E a Zefa é uma das personagens mais interessantes. Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br
Elas são muito talentosas mas essa novela tá cada vez pior.
Sérgio, vim agradecer os carinho e me atualizar aqui! Deixo abração, ótimo fds de urnas...Sorte pro Brasil!!!Tá feia a coisa em termos de escolhas! abraços, chica
Oi Sérgio
Adorei estar aqui...
Espero sua visita em meu blog também e se gostar siga, já estou seguindo o seu.
Beijos
Ani
https://cristalssp.blogspot.com.br
Pois é... Claudia Di Moura e Kelzy Ecard, por meio de suas respectivas personagens, Zefa e Nice, são um alento em meio a tantos equÃvocos cometidos por João Emanuel Carneiro nessa novela que morreu na praia (ou era natimorta?).
Uma análise a sério.
Esteve cá, em Portugal, a Juliana Pais. Que bela mulher!
Bom domingo, Sérgio.
Gratas revelações de uma novela péssima.
Concordo com você, que interpretações ótimas em um enredo fraco.
big beijos
www.luluonthesky.com
As melhores atrizes, as mais atuantes e que passam uma emoção legÃtima e verdadeira!
Texto incrÃvel como sempre amigo,
Abraços!
As atrizes são ótimas mesmo, gratas revelações e as personagens são bem escritas e com conflitos interessantes, mas essa novela tá ruim demais, já deu o que tinha que dar e já considero a pior novela do João Emanuel Carneiro.
Obrigado, Louis.
De nada, querida.
Verdade, Fabio.
Pra vc tb, Rejane.
Fato, Yasmin...
Seja bem vinda, Ani!
Natimorta, anonimo...
Que legal, Elisabete. Ela é uma querida.
Isso, Bruna.
Verdade, Adriana.
Obrigado, Lulu.
Concordo, Dean.
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