Nascido Astolfo Barroso Pinto, em Cantagalo, interior do estado do Rio, o artista já mostrava que não teria obstáculo que o segurasse. Nasceu para brilhar. E de fato brilhou. Na adolescência, o Astolfo virou Rogério e trabalhou como maquiador de estrelas do teatro, da música e da extinta TV Rio. Em um concurso de fantasia no Teatro República, em 1964, foi apresentado como Rogério, mas o público só gritava "Rogéria, Rogéria" e assim foi batizada com o nome que viraria referência na classe artÃstica. Já nos primeiros anos de carreira ficou conhecida como sÃmbolo gay e foi uma das pioneiras na luta contra a homofobia, causa que era ainda mais significativa na época (auge da Ditadura Militar).
Artista multifacetada, Rogéria foi vedete de Carlos Machado e em 1979 ganhou o troféu Mambembe por uma peça que fazia com o também saudoso Grande Otelo. Não demorou para virar uma figura frequente na televisão. Em 1986, estreou no programa "Viva a Noite", no SBT, como repórter, e em 1989 fez uma marcante participação em "Tieta", na Globo, vivendo a espevitada Ninete ---- por uma infeliz (ou feliz) coincidência, o capÃtulo que marcou a sua entrada na trama de Aguinaldo Silva é justamente o exibido nesta madrugada, pelo Viva. Em 1997, esteve no icônico "Sai de Baixo", protagonizando situações hilárias ao lado de Caco Antibes (Miguel Falabella) e companhia. Em 1999, participou de um episódio do "Você Decide" e no ano seguinte foi entrevistada pelo egocêntrico Alberto Roberto (Chico Anysio), no "Zorra Total".
Também marcou presença em séries, como "Brava Gente" (2001), "A Grande FamÃlia" (2002), "Toma Lá Dá Cá" (2007), "Dicas de Um Sedutor" (2008), "Os Caras de Pau" (2010) e "Pé na Cova" (2014). Mas, ainda exerceu sua profissão de atriz em várias novelas através de divertidas participações, além da já citada "Tieta". Foi a exuberante Carolina em "ParaÃso Tropical" (2007), o travesti Astolfo Barroso em "Duas Caras" (2008) e a refinada Alzira Celeste, seu primeiro papel que era realmente uma mulher em "Lado a Lado" (2012). O último folhetim que contou com sua luxuosa presença foi "Babilônia", em 2015, onde viveu a extravagante Ãrsula Andressa. Ela estaria em "A Força do Querer", que vem abordando brilhantemente a questão dos transexuais e travestis, mas infelizmente não deu tempo.
Esteve em mais de dez filmes e o último foi o elogiado e aclamado "Divinas Divas" (2016), dirigido por Leandra Leal. O documentário foi baseado na peça homônima, encenada no Teatro Rival desde 2004, que também tinha Rogéria no elenco com outros transformistas consagrados. Aliás, a atriz deu show no espetáculo "7, O Musical", de Charles Moeller e Cláudio Botelho, em 2007, brilhando ao lado de Zezé Motta, Alessandra Maestrini, Ida Gomes, Eliana Pitman, entre outros. Foi um longo tempo dedicado ao mundo das artes, fazendo do palco e da televisão extensões da sua casa. Isso porque era visÃvel a sua alegria constante, mergulhando de cabeça em tudo o que fazia. E a própria figura da Rogéria era um espetáculo à parte. Não tinha programa de entrevista que ficasse ruim com ela. Os papos eram sempre maravilhosos e descontraÃdos.
Vale lembrar, por sinal, o seu talento para rir de si mesma. Não se constrangia nem um pouco em falar o seu nome verdadeiro e ainda se orgulhava de ser chamada de "trasvesti da famÃlia brasileira" por conta do carinho que sempre despertou em todos, principalmente nas senhoras de idade. Sua participação no programa "Tá no Ar: a TV na TV", em 2015, quando bancou a comentarista de uma partida de futebol gay, foi impagável e só reforçou o quanto ela sabia brincar. Porém, a atriz também falava sério quando necessário, sempre focando na questão do respeito à diferença e como a homofobia precisa ser combatida. Era (e nunca deixará de ser) um sÃmbolo para muitos gays. Lançou sua biografia ano passado, cujo tÃtulo era o melhor possÃvel: "Rogéria - Uma Mulher e mais um pouco".
Rogéria era a representação da alegria de viver e do não preconceito. Sua morte deixa o Brasil mais triste, ainda mais em um ano tão difÃcil e trágico em tantos aspectos. A artista disse em uma entrevista que queria ser enterrada em um caixão de vidro, toda arrumada, e com o seguinte dizer em sua lápide: "Aqui jaz a maior estrela do transformismo nacional". Realmente, ela foi a maior estrela. Uma grande atriz, uma grande cantora e uma grande pessoa. Uma Divina Diva!
19 comentários:
Fiquei muito triste com essa notÃcia.
Parabéns pelo seu sensÃvel texto sobre ela. Homenagem bonita.
Que pena! Gostava muito do brilho e alegria dela! Que descansem paz! Na certa vai agitar por lá ...abração,chica
Fez história numa época em que o preconceito era grande.
Descanse em paz!!!
bjokas =)
Uma perda enorme querido amigo...
Ainda nem estou acreditando nessa notÃcia tão triste...
DifÃcil de suportar esses momentos da partida de pessoas tão talentosas!!
Como vai fazer falta!!
Sérgio, seu texto está lindo e me emocionei com ele!
Que Rogéria descansa em paz!!
Um grande beijo!
Texto lindo demais!
Acho a Rogéria sensacional, e conseguiu ser respeitada sabendo se impor e rir com perfeição.
Desejo que a trajetória dela sirva de exemplo, pois se ela é a travesti da famÃlia brasileira, ela o fez com os melhores sentimentos (amor e humor).
Olá Sérgio
Uaaau que texto lindo!
Fiquei emocionada, apesar de triste pela notÃcia, uma linda homenagem, coerente com a delÃcia de ser da Rogéria, alto astral, divertida, sempre sorrindo e com que irreverência, talento e delicadeza ganhou espaço e nossos corações sem nunca se impor.
Como ela mesma dizia: virou purpurina!
Chiqueterésima agora é estrela lá no andar de cima :)
Bjs Luli
Café com Leitura na Rede
O choque séptico é o resultado de uma infecção que se alastra pelo corpo rapidamente, afeta vários órgãos e pode levar à morte. à mais comum em pessoas mais fracas, que não conseguem controlar a infecção, como crianças, idosos, e pacientes com câncer, insuficiência nos rins ou no fÃgado. Para combater a sepse grave – ou o choque séptico –, os médicos precisam atuar em mais de uma frente.
Para tratar a infecção, é preciso agir contra o agente infeccioso; se o agente for uma bactéria, isso é feito com antibióticos. Já a disfunção do órgão é tratada de diferentes maneiras, de acordo com o órgão atingido. Também é importante dar soro, que mantém o corpo hidratado.
Por isso, quando uma pessoa que já tem uma infecção diagnosticada e apresenta sintomas como febre, respiração ofegante e batimentos cardÃacos acelerados, ela deve ser levada com urgência para o hospital.
A sepse pode matar em horas ou dias, depende da intensidade. Com a infecção, os vasos sanguÃneos se dilatam, e o coração passa a bater mais rápido. Funciona por um tempo, mas, se não a infecção não for tratada, chega um momento em que o coração já não consegue suprir as necessidades do corpo e o paciente morre.
Quanto mais cedo a sepse é tratada, menor é a chance de o quadro evoluir para algo mais grave.
Infelizmente, a morte de Rogéria é uma notÃcia triste... Esperamos que com a notÃcia do falecimento da atriz seja feito uma maior conscientização dessa doença.
Olá Sérgio!!
Uma notÃcia muito triste. Rogéria era um sÃmbolo de coragem ao se assumir em uma época em que o preconceito e a ignorância eram infinitamente maiores do que hoje (embora isso ainda exista bastante). E conseguiu se sobressair graças ao seu talento, que era imenso e multifacetado, além de ser uma pessoa carismática e muito bem resolvida consigo mesma. Realmente um exemplo para todos. Que descanse em paz.
No mais, é isso. Abraços!!
Idem, Sandro.
Obrigado, anonimo.
Quem não gostava, Chica? bjs
Exato, Bell. bj
Pois é, Adriana, mt triste. bjs
Obrigado, Priscila. Seu comentário também está maravilhoso. Concordo.
à verdade, Luli... bjão
Sim,Izabel.
Perfeito, Germana. Bjds
Excelente conteúdo! Também gosto de ler o conteúdo do Destaque Saúde.
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