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Navalha (instrumento cortante)

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 Nota: Para outros significados de Navalha, veja Navalha (desambiguação).
Coleção de navalhas.

A navalha é um instrumento cortante que dispõe de um cabo com uma fenda longitudinal em que se pode resguardar a lâmina.[1][2][3][4] Este produto de cutelaria é um tipo de faca que agrega vários géneros diferentes de objetos, conforme o seu tamanho e função, tal como o canivete e canivete suíço, navalha de barbear e navalhete, navalha ou canivete de borboleta (butterfly ou balisong), navalha de ponta e mola, navalha tática, de resgate, etc., tendo a lâmina usualmente entre quatro e 15 centímetros.

A etimologia da palavra tem origem no latim novacŭla, sinónimo de navalha, faca afiada e punhal. No "Vocabulario Portuguez e Latino" (oito volumes e dois suplementos publicados entre 1712 e 1728),[5] considerado o mais antigo dicionário da língua portuguesa, o verbete de navalha indica: "toda a faca que se dobra"; "instrumento de barbeiro com que depois de amolado e afiado se rapa a barba e cabelo".[6]

Um dos mais antigos artefactos encontrados é uma ferramenta de pedra com 65.000 anos descoberta no continente africano, com propósito multiusos.[7] A faca de Gebel Araque, mais similar às facas atuais, encontrada na Mesopotâmia, é uma das mais antigas ferramentas de corte conhecidas, datada de 5.000 AEC. A faca de Hallstatt (Alta Áustria), descoberta na atual Eslováquia e datada do final do séc. VI AEC (Idade do Ferro), tem uma lâmina de aço de 23 cm e um cabo decorado com motivos zoomórficos.[8]

Navalha da época romana, descoberta em Gellep-Stratum (atual Alemanha), e uma réplica recente da mesma.

Na Império Romano também já existiam dispositivos com lâminas dobráveis sem bloqueio, mas inclusive com diversos acessórios - similares aos atuais canivetes suíços - como é o caso da peça[9] em exposição no Museu Fitzwilliam, na cidade de Cambridge.

Existem exemplares de navalhas datados da Alta Idade Média, com cabo de osso, relacionados com a cultura dos Vikings e anglo-saxões.[10]

A partir de meados do século XVII começaram a ser produzidos amplamente em vários países modelos de navalhas, utilizadas para defesa, barbearia e atividades agrícolas. O baixo custo de produção a partir do séc. XIX ajudou à propagação deste produto entre a maioria das pessoas.[11]

Géneros de navalhas

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De uso utilitário, esta classe de navalhas foi ganhando prestígio entre civis e militares para cortar cordas, cintos e cintas, arreios, amarração, cabos, quebra-vidros e diversas outras tarefas. Estas navalhas são mais curtas do que as facas táticas ou de luta e por essa razão não são idealizadas com esse objetivo.

Os termos "navalha tática" e/ou "para uso diário" (EDC, siglas em inglês para "everyday carry"),[12] são por vezes utilizados como sinónimos, devido ao facto destas navalhas serem leves, compactas, fáceis de transportar e muitas vezes multiusos. Ser "EDC" dependerá se está idealizada pela marca para uma utilização diária.

Sobre os termos "navalha tática" ou "faca tática" existem várias teorias diferentes sobre a sua data de origem, sendo que a mais longínqua remonta ao modelo Buck 110 de 1964. No entanto é certo que estes termos só foram popularizados na década de 1990 por Greg Walker na extinta revista Fighting Knives, publicada nos Estados Unidos.[13]

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Este género de navalha é o mais original e básico, dispondo de uma lâmina articulada simples que se dobra para resguardar no cabo. A navalha de pastor conta com uma lâmina entre 8 e 9 cm, com bloqueio da mesma no eixo através de uma sob pressão, também chamada cabriteira ou rabicha (pela forma do cabo de alguns modelos). Serve para descascar e comer, amanhar cabritos e outros animais, ou mesmo para autoproteção no campo.

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Modelo popular, com uma lâmina entre 6,5 e 8 cm, também chamado em Portugal de canivete de ponta cortada, canivete alentejano, ou "da bucha" (pequena refeição ligeira).

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Também se trata de uma navalha tradicional com origem agrícola, ganhou o nome devido à forma do cabo, mas é mais simples que as anteriores, por não dispôr de bloqueio da lâmina no seu eixo. O comprimento desta pode rondar os 6 ou 7 cm.

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Este género de navalha possui lâminas à volta de 9 cm e pode dispôr de um gancho específico para eviscerar as peças de caça.

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Utilizada para barbear e cortar cabelo, a lâmina da navalha de barbear clássica é fixa. Devido às relevantes preocupações com a higiene e saúde pública, as barbearias e cabeleireiros utilizam hoje em dia navalhas de barbear com lâminas descartáveis, também conhecidas como navalhete no Brasil.

Ver artigo principal: Navalha de barbear

De uso similar, o navalhete é uma navalha de barbear que tem por diferença a utilização de lâminas descartáveis.

Ver artigo principal: Navalhete

Canivete é o nome genérico atribuído a uma navalha pequena e muitas vezes multiusos.[14][15][16]

Ver artigo principal: Canivete

Canivete suíço

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Canivete de bolso com diversas utilidades e ferramentas.

Ver artigo principal: Canivete suíço

Canivete de marinheiro

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Canivete usado principalmente por marinheiros, contando além da lâmina (existem modelos com lâminas de 6 a 9 cm), com um bico em aço inoxidável para desatar nós e chave de fendas na ponta ou peça para desapertar porcas.

Canivetes de enxertia e/ou poda

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Canivetes com diferentes desenhos de lâmina, adaptados à enxertia e poda de plantas. Também podem ter um serrote ou serrilhado de pequenas proporções para facilitar a poda.

Galeria de imagens

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Se a lâmina tem 10 ou mais centímetros pode, segundo a lei portuguesa (Lei n.º 5/2006 de 23 de Fevereiro), ser classificada como arma branca.[17] O porte e uso de uma faca ou navalha de qualquer tamanho na via pública é muito restrito e pode ser crime se tiver intenção ou propósito de defesa, ataque ou agressão.[18]

São armas, munições e acessórios da classe A:

  • As armas brancas ou de fogo dissimuladas sob a forma de outro objeto;
  • As facas de abertura automática ou ponta e mola, estiletes, facas de borboleta (balisong), facas de arremesso, estrelas de lançar ou equiparadas (shuriken), cardsharps[19] e boxers (brass knucles, em português: soqueiras), e todos os objetos destinados a lançar lâminas, flechas ou virotões;
  • As armas brancas sem afetação ao exercício de quaisquer práticas venatórias, comerciais, agrícolas, industriais, florestais, domésticas ou desportivas, ou que pelo seu valor histórico ou artístico não sejam objeto de coleção.

São proibidos a venda, a aquisição, a cedência, a detenção, o uso e o porte de armas, acessórios e munições da classe A em Portugal.

Canivete ou navalha de borboleta (butterfly ou balisong)

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Faca dobrável com alças. Em Portugal é considerado uma arma branca, portanto de venda e porte proibido.

Ver artigo principal: Balisong
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Em Portugal é considerado uma arma branca, portanto de venda e porte proibido. Caracteriza-se por um sistema automático de abertura, lateral ou frontal. Estando fechada, quando acionado, o sistema dispara uma lâmina parcial ou totalmente oculta no cabo da navalha.

Existem diversos fabricantes que pela qualidade dos seus produtos foram granjeando notoriedade.

Um dos mais reconhecidos mundialmente é a Victorinox, responsável pela produção do famoso canivete suíço, que dispõe atualmente de modelos com acessórios incomuns, como por exemplo, lanterna, apontador laser, relógio, bluetooth e até mesmo memória flash.

Em Portugal uma das mais antigas fábricas de cutelaria, a Filmam, localiza-se em Miranda do Douro, foi fundada em 1870 e já produziu mais de sete milhões de canivetes.[20]

Dois dos mais aclamados produtores franceses de cutelaria, incluindo diversos modelos de navalhas, são a Laguiole (1829)[21] e a Opinel (1890)[22].

Referências

  1. S.A, Priberam Informática. «navalha». Dicionário Priberam. Consultado em 11 de fevereiro de 2023 
  2. «Navalha». Dicio. Consultado em 11 de fevereiro de 2023 
  3. «navalha». Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa. Consultado em 11 de fevereiro de 2023 
  4. «Navalha». Léxico. Consultado em 11 de fevereiro de 2023 
  5. «G1 > Vestibular e Educação - NOTÍCIAS - Dicionário mais antigo em português chega à internet». g1.globo.com. Consultado em 13 de fevereiro de 2023 
  6. Bluteau, Rafael (1716). Vocabulario Portuguez E Latino: L - N. [S.l.]: Collegio das Artes da Companhia de Jesu 
  7. Kelly, Cait (9 de junho de 2022). «65,000 year-old 'Swiss Army knife' proves ancient humans shared knowledge, research says». The Guardian (em inglês). ISSN 0261-3077. Consultado em 11 de fevereiro de 2023 
  8. a.s, Petit Press (7 de fevereiro de 2005). «The story of the Hallstatt knife». spectator.sme.sk (em inglês). Consultado em 13 de fevereiro de 2023 
  9. «Look, think, do: Roman "Swiss Army Knife"». The Fitzwilliam Museum (em inglês). Consultado em 11 de fevereiro de 2023 
  10. MacGregor, Arthur (30 de outubro de 2014). Bone, Antler, Ivory and Horn: The Technology of Skeletal Materials Since the Roman Period (em inglês). [S.l.]: Routledge 
  11. «The History Of The Pocket Knife | Cool Material». coolmaterial.com (em inglês). 24 de abril de 2014. Consultado em 13 de fevereiro de 2023 
  12. «What is an EDC knife?». KnifeArt. Consultado em 15 de fevereiro de 2023 
  13. Shackleford, Steve (24 de agosto de 2016). «Tactical Knife: Definitions and Origin». BLADE Magazine (em inglês). Consultado em 15 de fevereiro de 2023 
  14. S.A, Priberam Informática. «canivete». Dicionário Priberam. Consultado em 10 de fevereiro de 2023 
  15. S.A, Porto Editora. «canivete». Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa. Consultado em 10 de fevereiro de 2023 
  16. «Canivete». Léxico. Consultado em 10 de fevereiro de 2023 
  17. «::: Lei n.º 5/2006, de 23 de Fevereiro». www.pgdlisboa.pt. Consultado em 16 de fevereiro de 2023 
  18. «Acórdão do Tribunal da Relação de Coimbra». www.dgsi.pt. Consultado em 10 de fevereiro de 2023 
  19. «Cardsharp Folding Credit Card Knife». Shut Up And Take My Money (em inglês). 12 de novembro de 2014. Consultado em 16 de fevereiro de 2023 
  20. «Fábrica de cutelarias de Miranda do Douro produziu sete milhões de canivetes em 150 anos». www.cmjornal.pt. Consultado em 10 de fevereiro de 2023 
  21. «Laguiole (couteau)». Wikipédia (em francês). 30 de janeiro de 2023. Consultado em 12 de fevereiro de 2023 
  22. «Opinel». Wikipédia (em francês). 21 de janeiro de 2023. Consultado em 12 de fevereiro de 2023 
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