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Jesus curando o cego de nascença

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Jesus curando o cego.
Pelo Meister der Darmstädter Passion, atualmente na Staatsgalerie Stuttgart, na Alemanha.

Jesus curando o cego de nascença é um dos milagres de Jesus, relatado apenas em João 9:1–38.

Narrativa bíblica

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De acordo com o Evangelho de João, Jesus viu homem que era cego de nascença. Seus discípulos lhe perguntaram: Mestre, quem pecou para que este homem nascesse cego, ele ou seus pais?"

Jesus respondeu:

«Nem ele pecou nem seus pais, mas isto se deu para que as obras de Deus nele sejam manifestas. É necessário que façamos as obras do que me enviou, enquanto é dia; vem a noite, quando ninguém pode trabalhar. Estando eu no mundo, sou a luz do mundo. Tendo assim falado, cuspiu no chão e, fazendo lodo com o cuspo, aplicou-o aos olhos do cego, dizendo: Vai lavar-te no tanque de Siloé (que quer dizer, "Enviado"). Ele foi, lavou-se e voltou com vista. Então os vizinhos e os que dantes o conheciam de vista, como mendigo, perguntavam: Não é este o que se assentava para mendigar?

É ele mesmo, respondiam uns; não é, mas é parecido com ele, diziam outros. Porém ele dizia: Sou eu mesmo. Perguntaram-lhe, pois: Como te foram abertos os olhos? Respondeu ele: Aquele homem chamado Jesus fez lodo, ungiu-me os olhos e disse-me: Vai a Siloé e lava-te; então fui, lavei-me e fiquei vendo. Eles lhe perguntaram: Onde está ele? Respondeu: Não sei.» (João 9:3–5)

Interpretação

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Os discípulos, como muitos judeus da época, associam pecado e sofrimento, acreditando que um é a causa direta do outro. Eles perguntam a Jesus se a cegueira do homem é resultado de algum pecado dele ou de seus pais. Ao fazer essa pergunta, estavam refletindo a crença muito difundida entre os judeus da época de que havia maldições hereditárias e de que uma pessoa poderia pecar antes do nascimento, estando ainda no ventre da mãe.[1][2][3][4]

Segundo comentaristas como D.A. Carson e John MacArthur, embora as Escrituras Hebraicas e Cristãs ensinem que o pecado é a origem do mal humano (Gn 3) e que há uma relação geral entre pecado e sofrimento (Rm 1-2; 3.10ss.), ela não sustenta que cada caso individual de sofrimento resulta de um pecado específico. Então Jesus, ao curar um cego de nascença, refuta a ideia de que ele ou seus pais pecaram, explicando que a cegueira ocorreu para que as obras de Deus se manifestassem. João, autor do evangelho, sugere que tais eventos estão sob o controle e propósito divinos, rejeitando a universalização de conexões diretas entre pecados específicos e sofrimentos individuais.[2][4]

Neste milagre, Jesus se auto-intitula Luz do Mundo[5], o que remete aos versos em João 9:39, nos quais ele revela seu objetivo: que "...os que não veem, vejam; e os que veem, se tornem cegos"[5].

Segundo a visão do autor, é um equivoco dizer que Jesus meramente se auto-intitula a luz do mundo, sem realmente o ser. Essa seria a visão de alguns fariseus que faziam parte do clero religioso e perseguiam Jesus porque não criam nas obras de Deus através de Jesus, pois os mesmos legislavam em causa própria. Jesus seria realmente a Luz do mundo.

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Referências

  1. Sasson, Vanessa R.; Law, Jane Marie; American Academy of Religion, eds. (2009). Imagining the fetus: the unborn in myth, religion, and culture. Col: American Academy of Religion cultural criticism series. Oxford ; New York: Oxford University Press. OCLC 232786052 
  2. a b Carson, D. A. (1998). The Gospel according to John Repr. ed. Leicester, England: Inter-Varsity Press [u.a.] 
  3. Geisler, Norman L.; Amano, J. Yutaka (1986). The reincarnation sensation. Wheaton, Ill: Tyndale House Publishers 
  4. a b MacArthur, John; MacArthur, John (2006). John 1-11. Col: The MacArthur New Testament commentary. Chicago: Moody Press. OCLC 62089857 
  5. a b New Testament christology by Frank J. Matera 1999 ISBN 0664256945 page 235