Saltar para o conteúdo

Classificação de crédito

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Grau de investimento)
 Nota: Se procura audiências televisivas, veja Rating (televisão).

Em investimento, classificação de crédito (também chamada de nota de risco, rating, classificação de risco, avaliação de risco, notação de risco ou notação financeira de risco) avalia o valor do crédito de emissões da dívida de uma empresa ou um governo. É análogo às notações de crédito para pessoas físicas.[1]

Essa classificação é feita através de notas representadas sob letras e sinais aritméticos dadas a partir de uma avaliação concedida pelas principais agências de classificação de risco, como a Fitch Ratings, Moody's e Standard & Poor's, e avalia a possibilidade de esta entidade saldar suas dívidas.[1][2]

Classificação e grau de investimento

[editar | editar código-fonte]
Classificação de crédito dos países pela Standard & Poor's (S&P).
AAA AA A BBB BB B CCC CC/D
Classificação da S&P dos países europeus (janeiro de 2012):
  AAA
  AA
  A
  BBB
  BB
  B
  CCC
  Não avaliado

As agências de notas de crédito, também conhecidas como agências de rating, classificam todos os países do mundo em dois grandes grupos: os que possuem grau especulativo e os que possuem grau de investimento.[1]

Dentro de cada um desses dois grandes grupos, são atribuídas notas. Nas agências Fitch Ratings e Standard & Poor's, a nota mais baixa de todas é a D, que está situada, obviamente, na categoria de risco alto de inadimplência, juntamente, em ordem crescente,com as notas C, CC, CCC. Em seguida são atribuidas as notas em categoria de especulação, em ordem crescente, B-, B, B+, BB-, BB e BB+. Essas duas categorias formam o grupo especulativo. A nota mais baixa do grupo de investimento é a nota BBB-, considerada juntamente com BBB, BBB+ a qualidade média de investimento. Seguem-se, em ordem crescente, as notas de maior grau de investimento A-, A, A+, AA-, AA, AA+ e AAA.

Na Moody's, a nota mais baixa de todas é a C,considerada risco alto de inadimplência, seguida de Ca, Caa3, Caa2, Caa1. Imediatamente, segue o grau de especulação, em ordem crescente, B3, B2, B1, Ba3, Ba2, Ba1. E o grupo de maior qualidade e menor risco de investimento completa a escala, em ordem crescente, Baa3, Baa2, Baa1, A3, A2, A1,Aa3, Aa2, Aa1, Aaa. As três primeiras notas do grupo de investimento são consideradas categorias medianas de investimentos.

Moody's S&P (Standard & Poor´s) Fitch  
Longo prazo Curto prazo Longo prazo Curto prazo Longo prazo Curto prazo  
Aaa P-1 AAA A-1+ AAA F1+ Prime
Aa1 AA+ AA+ Grau elevado
Aa2 AA AA
Aa3 AA- AA-
A1 A+ A-1 A+ F1 Grau médio elevado
A2 A A
A3 P-2 A- A-2 A- F2
Baa1 BBB+ BBB+ Grau médio baixo
Baa2 P-3 BBB A-3 BBB F3
Baa3 BBB- BBB-
Ba1 Not prime BB+ B BB+ B Grau de não-investimento
especulativo
Ba2 BB BB
Ba3 BB- BB-
B1 B+ B+ Altamente especulativo
B2 B B
B3 B- B-
Caa1 CCC+ C CCC C Risco substancial
Caa2 CCC Extremamente especulativo
Caa3 CCC- Em moratória com uma pequena
expectativa de recuperação
Ca CC
C
C D / DDD / Em moratória
/ DD
/ D

O Brasil foi considerado grau de investimento no dia 30 de abril de 2008 pela agência de avaliação Standard & Poor's.[3] O país estava situado na categoria de países com grau especulativo e sua nota era BB+. O anúncio fez a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) bater um recorde. O pregão do dia fechou com alta de 6,33%, número que não era visto desde outubro de 2002.

As outras agências de classificação de risco de crédito posteriormente seguiram a classificação. A agência Fitch anunciou o grau de investimento para o Brasil em 29 de maio de 2008 e a Moody's em setembro de 2009.[4]

Ratings ao final de cada ano para as agências Moody's, S&P e Fitch [5]
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Moody's B1 B2 B2 B1 B1 B2 B2 B1 Ba3 Ba3
S&P BB- BB- B+ B+ BB- B+ B+ BB- BB- BB
FITCH B+ B+ B BB- BB- B B+ BB- BB- BB-

Em 9 de setembro de 2015, devido à crise político-econômica de 2014 no país, considerando as dificuldades políticas do Brasil em implementar o ajuste fiscal e a previsão de déficit orçamentário feita pelo governo, a S&P rebaixou a nota do país para o nível "especulativo" (BB+).[6][7] Horas antes, o vice-presidente de comunicação estratégica da Moody's havia declarado que sua agência, ao contrário da S&P, havia mantido o selo de bom pagador ao país.[8] A Fitch também manteve a nota atribuída ao Brasil (BBB), embora tenha expressado preocupação quanto ao ritmo de crescimento do país.[9] Em 2018, com o impedimento para votação da Reforma da Previdência e a desistência dessa agenda pelo governo, a agência Fitch anuncia o rebaixamento da nota para BB-.

Histórico do grau de investimento do Brasil[10]

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Moody's - B1 Ba3 Ba2 Ba1 Ba1 Baa3 Baa3 Baa2 Baa2 Baa2 Baa2 Baa3 Ba2 Ba2
S&P - BB- BB- BB BB+ BBB- BBB- BBB- BBB BBB BBB BBB- BB+ BB BB BB-
FITCH B+ BB- BB- BB BB+ BBB- BBB- BBB BBB BBB BBB BBB BB+ BB BB BB-

Referências

  1. a b c «Entenda o que é "rating" ou nota de risco». Folha Online. Consultado em 23 de setembro de 2009 
  2. R7, ed. (28 de junho de 2010). «Agência de avaliação de risco melhora perspectiva sobre a economia do Brasil». Consultado em 20 de fevereiro de 2012 
  3. Uol, ed. (30 de abril de 2008). «Brasil recebe título de grau de investimento pela agência S&P». Consultado em 21 de fevereiro de 2012 
  4. Uol, ed. (4 de abril de 2011). «Agência de classificação de risco eleva nota de risco do Brasil.». Consultado em 21 de fevereiro de 2012 
  5. Tesouro Nacional (2006). «Standard & Poor´s eleva ratings do Brasil para os melhores níveis históricos» (PDF). Tesouro Nacional. Consultado em 17 de agosto de 2015 
  6. Valor, ed. (10 de setembro de 2015). «S&P tira selo de grau de investimento do país e viés ainda é negativo.». Consultado em 10 de setembro de 2015 
  7. Credit Rating Agencies and Brazil: Why The S&P’s Rating About Brazil Sovereign Debt Is Nonsense. Por Felipe Rezende. New Economic Perspectives, 12 de setembro de 2015
  8. Moody's diz que só revisa nota do Brasil se acontecer 'evento brusco'. Por Thais Bilenky. Folha de S. Paulo, 9 de setembro de 2015
  9. Fitch diz que mau desempenho do Brasil está se tornando estrutural. Folha de S. Paulo/Reuters, 8 de setembro de 2015
  10. Henriques, Olívia (23 de fevereiro de 2018). «Fitch rebaixa nota do Brasil e país fica mais longe do selo de bom pagador». G1. Consultado em 23 de fevereiro de 2018 

Ligações externas

[editar | editar código-fonte]