Germano I de Constantinopla
São Germano de Constantinopla | |
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Afresco de Germano I | |
Patriarca de Constantinopla | |
Nascimento | século VII Constantinopla |
Morte | ca. 740 Constantinopla |
Veneração por | Igreja Ortodoxa e Igreja Católica |
Festa litúrgica | 12 de maio[1] |
Portal dos Santos |
Germano I foi o patriarca de Constantinopla entre 715 e 730, e reinou durante um período conhecido como "Anarquia de vinte anos".
Biografia
[editar | editar código-fonte]De acordo com Teófanes, o Confessor, Germano era o filho do patrício Justiniano, que foi executado em 668[2] por ter, supostamente, se envolvido no assassinato de Constante II e na tomada do poder por Mecécio. Constantino IV, filho de Constante, derrotou o rival e puniu todos os que apoiaram o usurpador. Germano sobreviveu as perseguições.[3] Os nomes "Justiniano" e "Germano" era comuns durante a Dinastia Justiniana e pode sugerir uma relação mais distante do que pai e filho e, daí, o motivo de ele ter escapado.[2][4]
Monotelismo
[editar | editar código-fonte]Germano foi enviado para um mosteiro e reapareceu depois como bispo de Cízico.[5] Ele tomou parte no Concílio de Constantinopla que decidiu favoravelmente ao monotelismo e renegando os cânones do concílio de 680-681 d.C, como queria o imperador bizantino Filípico.[6]
No ano seguinte, Filípico foi deposto por Anastácio II, que logo reverteu todas as decisões religiosas de seu antecessor. O patriarca João VI, fortemente associado ao monotelismo e antecessor de Germano, foi então deposto. Em 11 de agosto de 714 (ou 715), Germano foi eleito em seu lugar. Posteriormente ele ajudou a negociar os termos da rendição de Anastácio II a Teodósio III.[7]
Em 715, Germano organizou um novo concílio para difundir o diotelismo e anatemizar vários líderes da facção adversária. Ele tentou melhorar as relações com a Igreja Apostólica Armênia com o objetivo de reconciliá-la novamente.
Iconoclasma
[editar | editar código-fonte]Porém, o grande tema de seu patriarcado seria, porém, o início do Iconoclasma, propagado pelo novo imperador Leão III, o Isauro. Germano era iconódulo.[6] Após um aparente sucesso num plano para forçar o batismo a todos os judeus e montanistas do império, em 722 d.C., Leão emitiu uma série de éditos contra a veneração de imagens (726–729).[8] Uma carta enviada pelo patriarca, escrita antes de 726, a dois bispos iconoclastas afirma que "…agora cidades inteiras e multidões estão em considerável apreensão a respeito deste assunto", embora haja poucas evidências de que o debate realmente tenha crescido.[9]
Germano ou renunciou ou foi deposto logo em seguida. Em cartas que chegaram aos nossos dias, Germano escreveu muito pouco sobre teologia. De acordo com Patricia Karlin-Hayter, o que preocupava Germano era que o banimento dos ícones iria provar que a Igreja esteve em erro durante um longo período, algo que poderia ser utilizado pelos judeus e pelos muçulmanos.[10] Já a tradição representa Germano como sendo muito mais firme e determinado em seu ponto de vista, tendo até mesmo vencido um debate sobre o assunto com Constantino, o bispo de Nacoleia, um dos líderes iconoclastas. O papa Gregório II (715 - 731), também um iconódulo, elogiou Germano por seu "zelo e firmeza"[6]
Germano foi substituído pelo patriarca Anastácio, muito mais complacente com as ordens do imperador. Ele então se retirou para a residência de sua família e morreu alguns anos depois, já em idade avançada, por volta do ano 740. Ele foi enterrado na Igreja de Chora e foi incluído no díptico dos santos no Segundo Concílio de Niceia (787).
Obras
[editar | editar código-fonte]Diversos textos de Germano sobreviveram.[5][6] Sua História Eclesiástica, em grego e traduções latinas, foi muito popular por muitos séculos e ainda é citada por acadêmicos. Porém, a Enciclopédia Católica é dúbia sobre a autoria da obra ser de fato de Germano.[6] Entre as demais obras está também o hino Μέγα καί παράδοξον θαῦμα, traduzido por John Mason Neale para o inglês como "A Great and Mighty Wonder" ("Uma grande e poderosa maravilha").[11]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Germano I de Constantinopla (deposto) (715 - 730)
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Referências
- ↑ «Santos do dia 12 de maio» (em grego). Sinaxário da Igreja Ortodoxa Grega. Consultado em 30 de julho de 2011
- ↑ a b Charles Cawley. «Profile of the Justinian Dynasty» (em inglês). Medieval Lands. Consultado em 30 de julho de 2011
- ↑ «The Sicilian expedition of Constantine IV.». Byzantinische Zeitschrift (em inglês). 17 (2): 455–459. ISSN (online) 1864-449X, ISSN (impresso) 0007-7704. Consultado em 30 de julho de 2011[ligação inativa]
- ↑ Cambridge Ancient History (em inglês). 14. [S.l.: s.n.] p. 149
- ↑ a b «St Germanus the Patriarch of Constantinople» (em inglês). Orthodox Church in America. Consultado em 30 de julho de 2011
- ↑ a b c d e "St. Germanus I" na edição de 1913 da Enciclopédia Católica (em inglês). Em domínio público.
- ↑ Bronwen Neil. «Anastasius II (A.D. 713-715)» (em inglês). Roman-emperors.org. Consultado em 30 de julho de 2011
- ↑ Treadgold, Warren (1997). A History of the Byzantine State and Society (em inglês). Stanford: University of Stanford Press. p. 346. ISBN 0-8047-2630-2
- ↑ Mango, C. (1977). Bryer & Herrin, ed. Iconoclasm. Historical Introduction (em inglês). [S.l.]: Centre for Byzantine Studies, University of Birmingham. p. 2-3. ISBN 0704402262
- ↑ Karlin-Hayter, Patricia (2002). The Oxford History of Byzantium: Iconoclasm (em inglês). Oxford: Oxford University Press
- ↑ John Mason Neale (1907). «A Great and Mighty Wonder». Londres: Oxford University Press. The English Hymnal (em inglês) (19). 30 páginas. Consultado em 30 de julho de 2011
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Cameron, Averil; Ward-Perkins, Bryan.; Whitby, Michael (2000). The Cambridge ancient history 14. Late Antiquity: empire and successors, A.D. 425 - 600 (em inglês). [S.l.]: Cambridge University Press. ISBN 0521325919
- Gross, Ernie (1990). This Day in Religion (em inglês). Nova Iorque: Neil-Schuman Publishers. ISBN 1-55570-045-4