Forte de São Filipe (Setúbal)
Castelo de São Filipe | |
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Castelo de São Filipe, Setúbal, Portugal: vista a partir do rio Sado com a serra de S.Luis ao fundo. | |
Informações gerais | |
Estilo dominante | Estilo maneirista |
Arquiteto(a) | Giovan Giacomo Paleari Fratino |
Construção | 1582 |
Promotor | D. Filipe I |
Aberto ao público | |
Estado de conservação | Bom |
Património de Portugal | |
Classificação | Monumento Nacional [♦] |
DGPC | 69878 |
SIPA | 2007 |
Geografia | |
País | Portugal |
Localização | Nossa Senhora da Anunciada |
Coordenadas | 38° 31′ 04″ N, 8° 54′ 33″ O |
Localização em mapa dinâmico | |
[♦] ^ DL Decreto n.º 23 007 de 30-08-1933 |
O Forte de São Filipe, também conhecido como Castelo de São Filipe e Fortaleza de São Filipe, é uma fortificação localizada em Setúbal, classificada como monumento nacional desde 1933.[1] Localiza-se no Parque Natural da Arrábida.[2] Encontra-se em posição dominante sobre um outeiro, fronteiro à cidade de Setúbal, dominando a foz do rio Sado e o oceano Atlântico, em Portugal.
História
[editar | editar código-fonte]O sítio de Setúbal vem sendo ocupado desde a pré-história, sucessivamente por fenícios, cartagineses e romanos.
As muralhas da vila de Setúbal
[editar | editar código-fonte]Porto atlântico privilegiado, a primeira estrutura defensiva deste importante burgo foi uma muralha iniciada ao tempo do rei D. Afonso IV (1325-57) e concluída no reinado seguinte, sob D. Pedro I (1356-67), com a função de conter os assaltos de piratas e de corsários oriundos, normalmente, do Norte de África.
O Forte de São Filipe
[editar | editar código-fonte]O projecto de uma fortificação moderna para defesa deste trecho do litoral português remonta ao século XIV, com a construção do Forte de Santiago do Outão, destinado ao controle da entrada barra do rio e acesso ao burgo medieval. Visando ampliar essa defesa, no reinado de D. João III (1521-1557), Brás Dias recebeu regimento no cargo de administrador das obras da Praça e Castelo de Setúbal (31 de julho de 1526). As dificuldades financeiras, que levaram inclusive ao abandono das posições ultramarinas no Norte de África (Praça-forte de Azamor, Praça-forte de Arzila, Praça-forte de Alcácer-Ceguer e Praça-forte de Safim), terão atrasado o desenvolvimento desses trabalhos.
Retomado à época da dinastia Filipina, a sua relevância é demonstrada pelo fato de que o próprio soberano D. Filipe I (1580-1598) assistiu em pessoa, em 1582, ao lançamento da pedra fundamental da nova fortificação, com traça do arquiteto e engenheiro militar italiano Filippo Terzi (1520-1597). Este engenheiro teria trabalhado nessas obras até meados de 1594, quando assinou uma planta e corte da fortificação (8 de Julho de 1594), remetida ao Conselho de Guerra espanhol. Com o seu falecimento, foi designado para as obras o engenheiro militar e arquitecto cremonense Leonardo Torriani, que as teria dado como concluídas em 1600.
No contexto da restauração da independência, sob o reinado de D. João IV (1640-1656), o Governador das Armas de Setúbal, João de Saldanha, executou a ampliação desta defesa pela adição de uma bateria baixa, entre 1649 e 1655. Acredita-se que esta nova estrutura visava suprir a deficiência da artilharia em cobrir o acesso fluvial ao porto.
No século XVIII a capela em seu interior adquiriu o seu revestimento de azulejos, assinados por Policarpo de Oliveira Bernardes (1736). Durante o consulado pombalino (1750-1777) não teria ficado imune ao terramoto de 1755 e foi utilizada como Escola de Artilheiros.
Em meados do século XIX um incêndio destruiu a Casa do Comando, então residência do Governador das Armas de Setúbal.
A pousada
[editar | editar código-fonte]No século XX a partir da década de 1940 passou a ser objecto de intervenções de conservação e restauro a cargo da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN). Data de 1964 o projecto de adaptação da estrutura às funções da atual pousada, da rede de Pousadas de Portugal. Sofreu novos danos, causados pelo sismo de 1969, tendo a recuperação sido concluída no ano seguinte.
A pousada fechou a 1 de novembro de 2014. A 31 de março de 2017 a Câmara de Setúbal assumiu a gestão da fortificação com a reabertura do bar e da esplanada, mantendo-se a interdição ao público de algumas zonas de risco.[3]
Características
[editar | editar código-fonte]Atribuída durante largos anos a Filipe Terzi, sabe-se actualmente que foi desenhada pelo Capitão Fratino em 1583, sendo composta de uma planta irregular poligonal, em estrela de seis pontas, com seis baluartes, e em acentuado declive sobre o mar, sendo protegida pelo lado Norte por uma segunda linha amuralhada.[4]
Em seu interior, a que se tem acesso por um portão de armas a oeste nas muralhas, defendido por dois baluartes, um átrio dá acesso a um túnel de alvenaria de pedra, com uma larga e suave escadaria com degraus em dois lances. Esta, por sua vez, é coberta por uma abóbada e o patamar entre os seus lances dá acesso às casamatas. No seu final, no terrapleno, encontram-se os edifícios de serviço: a Casa de Comando (antiga residência do Governador das Armas) e a Capela, à esquerda desse mesmo.
A pequena Capela de São Filipe, orago do forte, apresenta planta rectangular, coberta por abóbada de berço. O seu portal exibe frontão ornado com volutas e uma torre sineira, entre pilastras. O seu interior é completamente revestido por azulejos nas cores azul e branca, onde se destacam painéis com cenas da vida daquele santo católico, assinados por Policarpo de Oliveira Bernardes (1736).
A bateria baixa, estrutura datada do século XVII, constitui-se num baluarte com o formato trapezoidal que se estende em direcção ao mar.
Referências
- ↑ Decreto n.º 23007, de 30 de agosto de 1933
- ↑ É criado o Parque Natural da Arrábida, onde inclui o Castelo de São Filipe na sua área delimitada - Decreto-Lei 622/76, de 28-07-1976
- ↑ «Fortaleza de São Filipe, em Setúbal, reabre ao público.»
- ↑ «Castelo de São Filipe». Património Cultural (Direção-Geral do Património Cultural). Consultado em 20 de junho de 2023
Galeria
[editar | editar código-fonte]Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «Ficha técnica do Castelo de São Filipe na DGPC»
- «Castelo de São Filipe / Pousada de São Filipe (SIPA)»
- «Relação dos governadores do Castelo de S. Filipe. Contém referências datadas de 1608 a 1826 (Arquivo Distrital de Setúbal)». 1334207 Castelo de São Filipe no Arquivo Distrital de Setúbal (cópia em web.archive.org)
- «16 Dezembro 1940 no Castelo de S. Filipe. Capitulo 13 do livro de Ana Duarte, Educação Patrimonial: Guia para professores, educadores e monitores de museus e tempos livres, Texto Editora, Lisboa, 1933. Contém desdobráveis públicados pela Câmara Municipal de Setúbal, por ocasião do Projeto de História ao Vivo, realizado em maio de 1988 no Castelo de São Filipe (Repositório da Universidade de Lisboa)» (PDF)
- «Castelo de São Filipe: Inscrições: Inscrição, mencionando as visitas efectuadas ao Castelo de S. Filipe pelos Infantes D. Francisco, D. António e D. Manuel, e, em 1839, por D. Maria II e D. Fernando. Datas de produção: Supostamente entre 1840 e 1897 (Arquivo Distrital de Setúbal)»
- O Castelo de São Filipe no Arquivo Histórico Militar do Exército
- O Castello de S. Philippe nos Postaes illustrados de Setubal - Edição Mendes Estafeta (Campeão das Provincias nº 5492 de 21 de Outubro de 1905)
- O Castelo de São Filipe na Biblioteca Nacional de Portugal (BNP), - Desenhos e plantas de todas as praças do Reyno de Portugal, pello Tenente General Nicolao de Langres Francez que serviu na guerra da Acclamação [ Manuscrito]. 1661
- Nossa Senhora da Anunciada
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