Fábrica Nacional de Motores
FNM | |
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Logomarca da empresa. | |
Razão social | Fábrica Nacional de Motores |
Atividade | Automotiva |
Fundação | 1942 |
Fundador(es) | Getúlio Vargas Cel. Antônio Guedes Muniz |
Encerramento | 1977 |
Sede | Duque de Caxias, Rio de Janeiro, Brasil |
Proprietário(s) | Governo do Brasil (1942-1968) Alfa Romeo (1968-1977) Fiat (até 1977) |
Produtos | Automóveis, caminhões e chassis de ônibus |
Significado da sigla | Fábrica Nacional de Motores |
A Fábrica Nacional de Motores (FNM), conhecida popularmente como "Fenemê", foi uma empresa brasileira concebida inicialmente para produzir motores aeronáuticos, mas ampliou a sua atuação para a fabricação de caminhões e automóveis, atividade pela qual se tornou mais conhecida.[1]
História
[editar | editar código-fonte]A ideia de criar a Fábrica Nacional de Motores surgiu em 1939, no período da história brasileira chamado de Estado Novo. Era o governo do presidente Getúlio Vargas, que desejava transformar o Brasil em uma economia industrializada.[2] Data desta época a fundação de empresas estatais como a Companhia Siderúrgica Nacional (1941), a Companhia Vale do Rio Doce (1942), a Companhia Nacional de Álcalis (1943), a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (1945), entre outras.
Nesse espírito, o então coronel Antônio Guedes Muniz propôs a construção de uma fábrica de motores aeronáuticos que atenderia à aviação militar e à nascente produção nacional de aviões para uso civil.
Muniz foi aos Estados Unidos e fechou um contrato para produzir motores radiais Curtiss-Wright R-975. O dinheiro norte-americano chegou quando o Brasil entrou na Segunda Guerra Mundial, como parte dos acordos firmados com os EUA. Assim, em 13 de junho de 1942 foi fundada a Fábrica Nacional de Motores. A construção em Xerém, distrito de Duque de Caxias, no pé da Serra de Petrópolis, ocorreu durante o conflito. Eram enormes e modernas instalações.[3]
Quando saiu o primeiro avião com motor FNM, em 1946, a guerra já havia acabado e os EUA estavam se desfazendo de seus excedentes militares. Só a Força Aérea Brasileira tinha 180 motores Wright importados em estoque.
Getúlio fora deposto e o interesse pela industrialização do Brasil esfriara. O novo presidente, Eurico Gaspar Dutra, mandou suspender a produção de motores. Para salvar a FNM, Muniz, já alçado ao posto de brigadeiro, pôs a fábrica para fazer desde peças para máquinas industriais a eletrodomésticos. Em 1947, a estatal teve ações vendidas na bolsa.
Só em 1949 é que a fábrica encontrou seu rumo, ao firmar um acordo com a marca italiana Isotta Fraschini, fazendo com que a FNM fosse a primeira empresa a fabricar caminhões no Brasil. Estreou com o D-7.300, um modelo de cabine convencional, motor a diesel e capacidade para 7,5 toneladas de carga. Foram fabricadas cerca de 200 unidades deste modelo, mas a Isotta Fraschini estava em má situação financeira na Europa e interrompeu o envio de peças.[4]
O jeito foi encontrar outro fornecedor de tecnologia, sendo escolhida a estatal italiana Alfa Romeo. E foi com o modelo o FNM D-9.500, de cabine avançada, conhecida como "cara chata", que a linha de Xerém foi reativada, em 1951.[6] Em 1955, esteve à frente da produção dos cavalos mecânicos, primeira tentativa de lançar ônibus muito longos - décadas antes dos articulados e BRTs - adaptando caminhões para sustentar estruturas de ônibus. Alguns desses chegaram a ser utilizados no Rio de Janeiro para uma linha ligando o Lins de Vasconcelos, na Zona Norte, à Urca, na Zona Sul. No entanto, a difícil locomoção desses veículos encerrou o projeto.
A nacionalização dos FNM, já chamados pelo povo de "Fenemê", aumentou. Em 1958, foi lançado o modelo D-11.000, também derivado dos Alfa italianos. Era o caminhão pesado que se tornaria lendário nas estradas, com seu estilo e o som inconfundível do motor a diesel de seis cilindros, todo de alumínio.
Em 1960, a FNM lançou-se na produção de um sedã de luxo, o FNM JK, que mais tarde passou a se chamar FNM 2000. Era o automóvel mais estável e veloz fabricado no Brasil na época, mas também o mais caro.
Em 1968, com o regime militar, o novo governo privatizou a FNM, passando-a para a Alfa Romeo, que assumiu o controle da FNM e continuou com a produção dos veículos.[7]
Em 1972, veio um novo caminhão pesado, o FNM 180. Sua mecânica era basicamente a do velho D-11.000, mas a cabine era mais moderna. Na mesma linha, foi criado o FNM 210.
A gama de automóveis também passou por uma evolução. Após o 2000, foi lançado o 2150 e, em março de 1974, foi lançado o Alfa Romeo 2300, um modelo fabricado exclusivamente no Brasil.
A operação de Xerém, porém, nunca deu grande lucro. Em 1977, a Alfa Romeo foi vendida à Fiat, que continuou a fazer o modelo 180 por mais dois anos e fechou as portas da empresa.[8][9]
Venda e retorno da Marca
[editar | editar código-fonte]Em 2008, uma empresa especialilzada no ramo de mobilidade adquiriu o direito ao uso da marca e logotipo da FNM, com o objetivo de fabricar caminhões elétricos, alterando o nome para Fábrica Nacional de Mobilidade.[10]
Viagem nostálgica pela BR-116
[editar | editar código-fonte]Entre janeiro e fevereiro de 2011, caminhões FNM saíram de Curitiba e de São Paulo para uma viagem nostálgica até Salvador.[11] O comboio era formado por três D-11.000, sendo um modelo 1961 com cabine Brasinca, um cavalo mecânico de 1964 e um platafoma de 1965. A bordo estavam apaixonados por caminhões antigos, que reviverram os tempos em que os Fenemês dominavam o cenário da rodovia BR-116. Entre ida e volta, foram 5.110 km percorridos em dez dias.
Tipos de cabines
[editar | editar código-fonte]- 180 e 210
- 800 BR
- Alfa Romeo "importada"
- Brasinca
- Brasinca "boca de bagre"
- Caio
- Carretti "idêntica a Brasinca"
- Cermana
- Drulla
- Fiedler
- Futurama
- Gabardo "standard reposição"
- Inca
- Isotta Fraschini "bicuda importada"
- Irmãos Amalcabúrio "standard reposição"
- Kabi "standard reposição"
- Metro
- Rasera
- Santa Ifigênia
- Standard "intermediária"
- Standard
- Vieira
- Vintage
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ «Conheça a história dos caminhões Fenemê: Os Primeiros Do Brasil!». www.avepbrasil.com.br. 15 de outubro de 2018. Consultado em 11 de março de 2021
- ↑ «Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil - Diretrizes do Estado Novo». Consultado em 19 de agosto de 2006. Arquivado do original em 22 de agosto de 2006
- ↑ «História da marca FNM». ALFA - FNM. 26 de março de 2008. Consultado em 11 de março de 2021
- ↑ Redação. «REVISTA- F.N.M – O mais brasileiro dos caminhões». Consultado em 11 de março de 2021
- ↑ "Novos diretores da Fábrica Nacional de Motores", Correio da Manhã, 1955
- ↑ «Fundação Museu da Tecnologia de São Paulo - História da indústria e tecnologia aeronáuticas». Consultado em 19 de agosto de 2006. Arquivado do original em 19 de março de 2008
- ↑ «FNM». Lexicar Brasil. 16 de dezembro de 2014. Consultado em 11 de março de 2021
- ↑ «Câmara Municipal de Duque de Caxias - História da cidade». Consultado em 19 de agosto de 2006. Arquivado do original em 15 de agosto de 2009
- ↑ Brasil, CPDOC-Centro de Pesquisa e Documentação História Contemporânea do. «FABRICA NACIONAL DE MOTORES (FNM)». CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. Consultado em 11 de março de 2021
- ↑ Galvão, Celio (24 de julho de 2020). «Conheça detalhes dos caminhões elétricos da nova FNM». Carros. Consultado em 11 de março de 2021
- ↑ http://caminhoes-e-carretas.blogspot.com/2011/02/trio-parada-dura-vida-estradeira-numa_18.html