Exército Livre da Síria
Exército Livre da Síria | |
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Participante na Guerra Civil Síria | |
Datas | 29 de julho de 2011 - finais de 2012 (Organização centralizada) finais de 2012 - presente (uso arbitrário do nome do ELS; poder central reduzido) |
Ideologia | Secularismo (facções) Islamismo (facções) Fundamentalismo islâmico (facções) Anti-Irã Anti-Rojava (facções) |
Objetivos | Derrubar do governo liderado por Bashar al-Assad |
Organização | |
Parte de | Governo Interino Sírio Exército de Comando Revolucionário Coalizão Nacional Síria da Oposição e das Forças Revolucionárias (inicialmente) |
Líder | General Albay Ahmed Berri (2014–presente) Abdul-Ilah al-Bashir (2014) General Salim Idris (2012–2014) Riad al-Assad (2011–presente; líder simbólico desde) |
Orientação religiosa |
Maioria: Sunismo (cerca de 90%) Minoria: Cristianismo Alauitas Xiismo Druso |
Efetivos | 35 000 (2016) 40 000[1] (2013) 140 000[2] (auge, 2012) |
Relação com outros grupos | |
Aliados | Estados Unidos Turquia Reino Unido França Arábia Saudita Catar Jordânia Israel Ahrar al-Sham Jabhat Fateh al-Sham (facções do ELS) Forças Democráticas Sírias (facções do ELS) |
Inimigos | Síria Irão Rússia Iraque Hezbollah Estado Islâmico do Iraque e do Levante Forças Democráticas Sírias |
Conflitos | |
Guerra Civil Síria |
O Exército Livre da Síria (ELS; em árabe: الجيش السوري الحر, al-jayš as-suri al-ħurr) é uma grande coligação de grupos rebeldes descentralizados da oposição síria na guerra civil síria.[3][4] Foi inicialmente fundado como um grupo armado coeso, formado por civis e militares desertores, tomando o protegonismo das principais facções da oposição contra o governo de Bashar al-Assad no começo da guerra civil.[5][6][7][8][9][10][11][12][13]
O grupo esteve, por quase três anos no começo das hostilidades, à frente da Guerra Civil Síria e afirmava estar lutando para instaurar no país uma nova liderança mais democrática e secular.[14][15] Em dezembro de 2011, a liderança da organização jurou lealdade a Coalizão Nacional Síria, principal grupo de oposição do país.[16]
O anúncio oficial da criação do grupo foi feito em 29 de julho de 2011.[17][4][18] Em dezembro, era estimado que entre 25 000 e 30 000 soldados desertaram do Exército nacional.[7][19][8] Em janeiro de 2012, o Exército da Síria Livre reportou que suas fileiras contavam com 40 000 soldados desertores do regime.[10][11] Em abril de 2013, foi estimado que ao menos 140 000 guerrilheiros serviam no chamado Exército Livre. Mas o real número de combatentes no novo exército ainda é incerto.[12][13] Segundo informações de ativistas, o grupo vem perdendo força e influência dentro do contexto da guerra e vários de seus membros desertaram do ELS e passaram a lutar com a Jabhat al-Nusra, um grupo também de oposição mas com uma visão política mais alinhada com o fundamentalismo islâmico.[20]
O Exército Livre da Síria foi inicialmente descrito como uma organização "moderada e secular", em contraste com grupos fundamentalistas que também lutavam para derrubar o presidente Bashar al-Assad do poder.[21] Em 2013, foi reportado um maior racha entre forças seculares da oposição e milícias islamitas, que inclusive resultaram em alguns combates entre estes.[22][23] Em setembro do mesmo ano, algumas de suas brigadas, como a frente Ahrar al Sham, a 19ª Divisão e a milícia Al Tawhid, anunciaram que não mais reconheceriam a Coalizão Nacional como seus representantes, acentuando ainda mais o crescente racha entre as diversas facções do movimento rebelde sírio.[24]
O grupo se enfraqueceu muito a partir de 2013 devido, especialmente, a ascensão de movimentos jihadistas, que se tornaram a maior força dentro da oposição. Devido a disputas internas, o ELS se dividiu em múltiplas facções e teria, segundo especialistas, deixado de existir como um grupo coeso de combate mas que ainda lutam sob a mesma bandeira.[25]
A partir de 2016, recebendo apoio direto da Turquia, as forças do Exército Livre no norte da Síria se reconstruíram e voltaram a ser uma força de combate notável dentro do conflito.[26] Importa referir que, estas forças rebeldes aliadas à Turquia, são referidas como o "Exército Livre da Síria (Pró-Turquia)" ou Exército Nacional Sírio. O principal objectivo destas forças rebeldes é assistirem a Turquia em criar uma "zona de segurança" na fronteira e impedir que as milícias curdas das Forças Democráticas Sírias unifiquem o seu território, e, criar um novo exército que opere nos territórios conquistados por estes grupos.[27] A maioria das milícias do Exército Livre está atualmente sob o comando do Governo Interino Sírio; enquanto o restante se aliou ao Governo de Salvação Sírio, à Administração Autônoma do Norte e Leste da Síria ou está na Zona de Desconflito de Al-Tanf.
História
[editar | editar código-fonte]O Exército Livre da Síria tem sua origem com os primeiros desertores do Exército Sírio, os quais se recusaram a atirar em manifestantes desarmados durante a Revolta Síria.[28] Os primeiros desertores ocorreram quando o exército foi enviado para acabar com os protestos em Daraa. Há relatos que algumas unidades se recusaram a atirar nos manifestantes e tiveram que deixar o exército.[29] Imagens de vídeo mostram civis ajudando os soldados desertores que foram alvejados por recusarem as ordens.[30] As deserções continuaram ao longo da revolta, conforme o governo utilizava armas letais para reprimir os manifestantes e sitiar as cidades do país como Baniyas, Hama, Talkalakh e Deir ez-Zor. Muitos soldados que se recusaram a atirar em civis, foram executados sumariamente pelo exército.[31] Em julho de 2011, vendo a necessidade de reagir, Riad al-Assad e um grupo de oficiais anunciaram a formação do Exército Livre da Síria, com o objetivo de proteger os manifestantes desarmados e auxiliar na derrubada do governo.[18]
O Exército Livre é armado e financiado por nações ocidentais e árabes (como Estados Unidos, Reino Unido e alguns países do Golfo). Vários combatentes deste grupo também receberam treinamento de órgãos de inteligência americanos e europeus. O ELS, outrora a maior força armada da oposição, vem perdendo influência e poder dentro da revolta. Em 2014, o governo estadunidense anunciou mais apoio ao grupo, na forma de novas armas e mais dinheiro, esperando o Exército Livre da Síria fosse um contra-ponto as milícias extremistas, como o autoproclamado Estado Islâmico (ou EIIL).[32][33]
Divisões
[editar | editar código-fonte]Divisões originais
[editar | editar código-fonte]Após o anúncio da criação do Exército Livre da Síria por Riad al-Assad em Julho de 2011, este anunciou as quatro unidades fundadores do ELSː[34]
- Batalhão Hamza al-Khatib
- Batalhão da Liberdade
- Batalhão Saladino
- Batalhão Al-Qashash
Listas de grupos que usam ou usaram o nome do ELS
[editar | editar código-fonte]Norte da Síria
[editar | editar código-fonte]- 1ª Divisão Costeira[35]
- Movimento Hazzm
- 16ª Divisão
- 101ª Divisão de Infantaria[36]
- Exército dos Mujahideen
- Divisão Central
- União Fastaqim
- Exército Livre de Idlib
- Divisão Hamza[37]
- Jaish al-Izzah
- Jaysh al-Nasr[38]
- Jaish al-Tahrir
- Brigada al-Moutasem[39]
- Liwa Ahrar Souryia
- Divisão Sultão Murad
- Brigada al-Tawhid
- Frente do Levante
- Brigadas da Vitória
Sul da Síria
[editar | editar código-fonte]- Novo Exército Sírio[41]
- Legião al-Rahman
- Forças dos Mártires Ahmad al-Abdo
- Frente Autenticidade e Desenvolvimento
- Frente do Sul[42]
- Exército Yarmouk
- Jaysh al-Janoob
- Exército das Tribos Livres
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Coalizão Nacional Síria da Oposição e das Forças Revolucionárias
- Exército Livre da Síria (Pró-Turquia)
- Frente al-Nusra
- Guerra Civil Síria
- Unidades de Proteção Popular
Referências
- ↑ «Rebels top commander denies fleeing Syria to Qatar». Consultado em 13 de dezembro de 2013
- ↑ "Nusra pledge to Qaeda boosts Syria regime: Analysts". Página acessada em 15 de abril de 2013.
- ↑ Albayrak, Ayla (5 de outubro de 2011). «Turkey is adding to pressure on Damascus Regime». Wall Street Journal. Consultado em 19 de agosto de 2014
- ↑ a b «Defecting troops form 'Free Syrian Army', target Assad security forces». World Tribune. 3 de agosto de 2011. Consultado em 1 de setembro de 2014. Cópia arquivada em 27 de novembro de 2011
- ↑ Albayrak, Ayla (4 de outubro de 2011). «Turkey Plans Military Exercise on Syrian Border». Wall Street Journal. Consultado em 4 de outubro de 2011
- ↑ Burch, Johnathon (7 de outubro de 2011). «War is only option to topple Syrian leader». Reuters. Consultado em 7 de outubro de 2011
- ↑ a b Zvi Bar'el (22 de dezembro de 2011). «Arab League mission to Syria has nothing to do with saving lives» (em inglês). Haaretz. Consultado em 8 de fevereiro de 2012
- ↑ a b Bakri, Nada (26 de outubro de 2011). «Defectors Claim Attack That Killed Syrian Soldiers». The New York Times
- ↑ Activists want protests to support Free Syrian Army
- ↑ a b AFP:Qatar emir says he favours Arab force in Syria[ligação inativa]
- ↑ a b Safak Timur (1 de dezembro de 2011). «Syria's opposition, rebels hold talks in Turkey» (em inglês). AFP. Consultado em 8 de fevereiro de 2012
- ↑ a b «Ranks of Free Syrian Army 'gaining strength'» (em inglês). Al Jazeera. 2 de dezembro de 2011. Consultado em 8 de fevereiro de 2012
- ↑ a b Bakri, Nada (15 de dezembro de 2011). «Syria Army Defectors Reportedly Kill 27 Soldiers». The New York Times
- ↑ «Commander of Free Syrian Army: Al Asad to face Gaddafi's fate». Trend. 10 de dezembro de 2011. Consultado em 22 de outubro de 2011
- ↑ Abbas, Thair (10 de setembro de 2011). «Asharq Al-Awsat visits the Free Syrian Army». Asharq Al-Awsat. Consultado em 22 de outubro de 2011
- ↑ «Islamic groups reject Syria opposition bloc». France 24. Consultado em 20 de novembro de 2012. Cópia arquivada em 25 de setembro de 2013
- ↑ Landis, Joshua (29 de julho de 2011). «Free Syrian Army Founded by Seven Officers to Fight the Syrian Army». Syria Comment. Consultado em 7 de agosto de 2011
- ↑ a b «Syrian Army Colonel Defects forms Free Syrian Army». Asharq Alawsat. 1 de agosto de 2011. Consultado em 7 de agosto de 2011
- ↑ Weedah Hamzah (22 de dezembro de 2011). «INTERVIEW: Thousands of Syrian soldiers have defected, says deserter». MonsterSandCritics. Consultado em 8 de fevereiro de 2012. Arquivado do original em 13 de maio de 2013
- ↑ "Free Syrian Army rebels defect to Islamist group Jabhat al-Nusra". Página acessada em 17 de junho de 2013.
- ↑ Jamie Dettmer. «Syria's Rebel Rivalry Between Jihadists and FSA». The Daily Beast. Consultado em 31 de agosto de 2013
- ↑ «Free Syrian Army and Al Nusra Front Now Fighting Each Other | FrontPage Magazine». Frontpagemag.com. 27 de março de 2013. Consultado em 24 de setembro de 2013
- ↑ Martin Chulov in Beirut. «Free Syrian Army threatens blood feud after senior officer killed by jihadists | World news». The Guardian. Consultado em 31 de agosto de 2013
- ↑ «Grupos rebeldes da Síria não reconhecem Coalizão Nacional». G1. Consultado em 25 de setembro de 2013
- ↑ Martin Chulov (12 de julho de 2013). «Free Syrian Army threatens blood feud after senior officer killed by jihadists». Londres: The Guardian. Consultado em 29 de setembro de 2016
- ↑ «The Free Syrian Army follows orders from Turkey». Haaretz.com. Consultado em 8 de abril de 2017
- ↑ «Turkey-backed rebels could push further south in Syria, Erdogan says». Reuters. 19 de setembro de 2016
- ↑ «Al Jazeera airs call by defecting Syrian officer». Reuters. 7 de Junho de 2011. Consultado em 15 de Julho de 2013
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- ↑ Syria Live Blog – April 28. Al Jazeera. Acessado em 15-07-2013.
- ↑ «'Defected Syria security agent' speaks out». Al Jazeera. 8 Junho de 2011. Consultado em 15 de Julho de 2013
- ↑ "Official says CIA-funded weapons have begun to reach Syrian rebels; rebels deny receipt". Página acessada em 12 de setembro de 2014.
- ↑ "Syrian opposition says West is already aiding rebels". Página acessada em 12 de setembro de 2014.
- ↑ Al-awsat, Asharq (1 de agosto de 2011). «Syrian Army Colonel Defects forms Free Syrian Army - ASHARQ AL-AWSAT English». ASHARQ AL-AWSAT English (em inglês)
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- ↑ «502 Bad Gateway». 8 de junho de 2014. Consultado em 9 de junho de 2017
- ↑ «فرقة الحمزة.. اندماج خمس فصائل في "الحر" شمال حلب - عنب بلدي». عنب بلدي (em árabe). 25 de abril de 2016
- ↑ website), Al-Souria (Opposition. «Idleb, Hama Rebels Unite Under 'Army of Victory' Operations Room». The Syrian Observer (em inglês). Consultado em 9 de junho de 2017
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- ↑ «CIA Funded and SOF Trained: The New Syrian Army Hits the Ground | SOFREP». SOFREP (em inglês). 9 de novembro de 2015
- ↑ «The Southern Front: allies without a strategy». Heinrich Böll Stiftung Middle East (em inglês)