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Anorexia nervosa

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Anorexia nervosa
Anorexia nervosa
Retrato de uma mulher em 1866 e 1870, antes e após o tratamento. Este é um dos primeiros casos publicados de anorexia nervosa.
Especialidade psiquiatria, psicologia clínica
Classificação e recursos externos
CID-10 F50.0-F50.1
CID-9 307.1
CID-11 263852475
OMIM 606788
DiseasesDB 749
MedlinePlus 000362
eMedicine [http://www.emedicine.com/med/topic144.htm med/144-overview med/144]
MeSH D000856
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Anorexia nervosa, muitas vezes referida simplesmente como anorexia,[1] é um distúrbio alimentar caracterizado por peso abaixo do normal, receio de ganhar peso, uma vontade intensa de ser magro e restrições alimentares.[2] Muitas pessoas com anorexia veem-se a si próprias com sobrepeso, apesar de na realidade apresentarem baixo peso.[2][3] Ao serem confrontadas, geralmente negam existir um problema de baixo peso.[4] Em muitos casos pesam-se frequentemente, ingerem pequenas quantidades de alimentos e comem apenas determinados alimentos.[2] Algumas realizam exercício de forma excessiva, forçam o vómito ou ingerem laxantes para perder peso. Entre as complicações da doença estão, entre outras, osteoporose, infertilidade e problemas cardíacos..[2] As mulheres muitas vezes deixam de ter períodos menstruais.[4]

A causa é desconhecida. Alguns componentes genéticos podem ter um papel na doença,[3] assim como fatores culturais, uma vez que a prevalência da doença é maior em sociedades que valorizam a magreza.[4] Ocorre ainda com maior frequência entre pessoas envolvidas em atividades que valorizam a magreza, como entre atletas de competição de alto nível, modelos e dançarinos.[4][5] A anorexia tem muitas vezes início na sequência de uma alteração significativa na vida ou de um evento que induza stresse. O diagnóstico da doença requer um peso significativamente baixo. A gravidade tem por base o índice de massa corporal (IMC). Os adultos com anorexia leve apresentam um IMC superior a 17, com anorexia moderada um IMC entre 16 e 17, com anorexia grave um IMC entre 15 e 16 e com anorexia crítica um IMC inferior a 15. Em crianças é muitas vezes usado um IMC inferior ao percentil 5.[4]

O tratamento da anorexia consiste em devolver à pessoa um peso saudável, no tratamento dos problemas psicológicos que lhe estiveram na origem e em fazer face aos comportamentos que promovem o problema. Embora os medicamentos não ajudem a ganhar peso, podem ser usados para tratar a ansiedade ou depressão associados à doença.[2] Alguns tipos de psicoterapia podem ser úteis, incluindo abordagem de Maudsley e terapia cognitivo-comportamental.[2][6] Por vezes é necessário dar entrada no hospital para recuperar o peso.[7] As evidências dos benefícios do uso de sonda nasogástrica são ainda pouco claros.[8] Enquanto algumas pessoas apresentam apenas um único episódio e recuperam, outras podem apresentar vários episódios de anorexia ao longo dos anos. Muitas das complicações melhoram ou resolvem-se ao recuperar o peso normal.[7]

Estima-se que em 2013 a anorexia afetasse dois milhões de pessoas.[9] Em países ocidentais, estima-se que afete 0,9% – 4,3% das mulheres e 0,2% – 0,3% dos homens em algum momento da vida.[10] Em cada ano são afetadas 0,4% das mulheres jovens, sendo dez vezes menos comum em homens.[4][10] Os dados nos países em desenvolvimento são pouco claros.[4] A anorexia tem geralmente início durante a adolescência ou na fase de jovem adulto.[2] Não é ainda claro se o aumento de diagnósticos durante o século XX se deveu a um aumento da frequência ou se se deve simplesmente ao melhor diagnóstico.[3] Em 2013, a doença foi responsável pela morte de 600 pessoas em todo o mundo, um aumento em relação Às 400 em 1990.[11] Os distúrbios alimentares também aumentam o risco de morte por várias outras causas, incluindo suicídio.[2][10] Cerca de 5% das pessoas com anorexia morrem de complicações num prazo de dez anos.[4] O termo "anorexia" foi usado pela primeira vez por William Gull em 1873.[12]

Os sintomas mais frequentes são:

  • Peso corporal menor que nível normal para idade, altura e sexo (IMC menor a 18).
  • Prática excessiva de atividades físicas, mesmo tendo um peso abaixo do normal.
  • Em mulheres após a puberdade, ausência de ao menos três ou mais menstruações. A anorexia nervosa pode causar sérios danos ao sistema reprodutor feminino.
  • Diminuição ou ausência da libido; nos rapazes poderá ocorrer disfunção erétil e dificuldade em atingir a maturação sexual completa, tanto a nível físico como emocional.
  • Crescimento retardado ou até interrupção do mesmo, com a resultante má formação do esqueleto (pernas e braços curtos em relação ao tronco).

Outros possíveis sintomas incluem:

Episódios de anorexia costumam durar cerca de 1,7 anos e de 5 a 20% dos anoréxicos morrem em decorrência do transtorno, sendo que quanto mais longo o episódio e menor o IMC, maiores os riscos de morte.[13]
Em 2008 anorexígenos estavam entre os remédios mais usados no Brasil.[14]

No caso dos jovens adolescentes de ambos os sexos, poderá estar ligada a problemas de autoimagem, dismorfia, dificuldade em ser aceito pelo grupo, ou em lidar com a sexualidade genital emergente, especialmente se houver um quadro neurótico (particularmente do tipo obsessivo-compulsivo) ou história de abuso sexual ou de bullying.

Tem sido enfatizada, em debates populares, a importância da mídia para o desenvolvimento de desordens como anorexia e bulimia, por alegadamente promover ela uma identificação da beleza com padrões físicos de magreza acentuada. Qualquer papel a ser exercido pela cultura de massa na promoção dessas desordens, no entanto, está ainda para ser demonstrado. Na busca da etiologia de perturbações da saúde mental, inclusive da anorexia nervosa, comumente são procuradas causas de ordem intrapsíquico, ambiental e genético.

Até agora, os seguintes fatos têm emergido na busca das causas desse transtorno:

Causas genéticas:

  • Estudos sobre desenvolvimento de transtornos alimentares envolvendo irmãs gêmeas têm sugerido um fundo genético para o desenvolvimento da anorexia.
  • Pais e mães de pacientes diagnosticadas com essa desordem possuem, relativamente a grupos de comparação da população não seleta, níveis mais elevados de perfeccionismo e preocupação com a forma física.

Características sociopsíquicas de anoréxicas:

  • Independentemente do subtipo de anorexia desenvolvida, restritiva ou purgativa, anoréxicas possuem, relativamente a pessoas saudáveis de sua idade e sexo, uma incidência maior de transtornos da ansiedade (especialmente o transtorno obsessivo-compulsivo) e do humor.
  • Níveis exageradamente elevados de perfeccionismo (busca por padrões de conquista e realizações notavelmente altos, necessidade de controle, intolerância a "falhas" ou "imperfeições") são comuns, e mesmo centrais, no desenvolvimento da anorexia. A presença dessa busca por padrões de perfeição transcende o desenvolvimento da doença, sendo anterior a ela e permanecendo em pacientes que já foram curadas da doença. Alguns estudos sugerem que, apesar de uma inteligência média na faixa regular, anoréxicas possuem níveis mais altos de performance escolar e envolvimento acadêmico, o que sugere que o perfeccionismo nelas presente não se limita a temas relacionados apenas com comida e forma corporal.
  • Outros traços obsessivos-compulsivos, além do perfeccionismo, são notados na infância de anoréxicas, principalmente inflexibilidade, forte adesão a regras estabelecidas, observação dos padrões mantidos por autoridades, etc.
  • Incidência de abuso físico ou sexual é mais elevada em grupos de anoréxicos; em um estudo efetivado na América do Norte, a presença de um histórico de abuso sexual na infância apresentou uma forte associação com o desenvolvimento de transtornos alimentares em grupos de homens homossexuais.

Anorexia e bulimia

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Uma pessoa anoréxica não pode ser, ao mesmo tempo, bulímica.[15] O diagnóstico de um anula o outro, embora seja possível que uma pessoa com antigo quadro anoréxico venha a desenvolver um quadro posterior de bulimia. A anorexia está mais associada a traços ansiosos e obsessivos como perfeccionismo, enquanto a bulimia está associada a traços depressivos e baixa autoestima.[16]

Em Portugal, a prevalência foi de 4 em cada 1000 habitantes (0,4%), sendo mais comum aos 19 anos, mas com 12,5% da população apresentando mais de dois sintomas de anorexia e 7% possuindo uma autoimagem corporal distorcida. Esse índice é menor que de outros países desenvolvidos, mas ainda bastante sério pelo alto risco de mortalidade (5 a 20%) desse transtorno.[17]

Durante os exames é importante descartar primeiro outras possíveis causas para perda de peso, como problemas endócrinos, intestinais ou outros transtornos psicológicos. Dentre os exames usados para diagnosticar a anorexia estão[18]:

  • Albumina em plasma
  • Exame de densidade óssea para verificar se há ossos finos (osteoporose)
  • Hemograma completo
  • Eletrocardiograma (ECG)
  • Eletrólitos
  • Testes de funcionamento dos rins
  • Testes da função hepática
  • Proteína total
  • Testes de funcionamento da tireoide
  • Urinálise

Além disso existem testes psicológicos associados a entrevistas com um psicólogo para identificar o caso e os transtornos associados.

Deve-se ter duas vertentes, a não farmacológica e a farmacológica. Entretanto deve-se ter em mente a importância de uma relação médico-paciente satisfatória,uma vez que a negação pelo paciente é muitas vezes presente. Dependendo da gravidade do paciente pode-se pensar em internação para restabelecimento da saúde. Correção de possíveis alterações metabólicas e um plano alimentar bem definido são fundamentais.

Tratamento farmacológico

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A vocalista dos Carpenters, Karen Carpenter, morreu subitamente em 1983 em decorrência de insuficiência cardíaca ocasionada por complicações da anorexia.[19]

Medicamentos usados no tratamento da depressão e da ansiedade como fluoxetina e topiramato tem mostrado resultados moderados em transtornos alimentares, provavelmente por tratar os pensamentos obsessivos e compulsivos, baixa autoestima, instabilidade e estresse que frequentemente estão associados ao quadro de anorexia. Outra opção é a olanzapina, remédio para transtorno bipolar pelo seu efeito como estabilizante de humor. [20]

Em relação a abordagem farmacológico tem-se utilizado principalmente os antidepressivos, mas que é uma área que carece de muitos resultados satisfatórios tendo em vista a multicausalidade da doença e a resistência dos pacientes. Dessa forma, é importante uma abordagem multidisciplinar, apoio da família e aderência do paciente. É comum os pacientes abandonarem os medicamentos que os façam reter líquidos e/ou aumentem o apetite, e esses são efeitos colaterais possíveis para grande parte dos remédios psiquiátricos. Antidepressivos e estabilizantes de humor podem também ter o efeito contrário, causando perda do apetite e de massa corporal, agravando ainda mais a anorexia ao invés de ajudar.

Mesmo sendo o tratamento medicamentoso da anorexia nervosa pouco eficiente, continua sendo útil para tratar os sintomas relacionados (ansiedade, pensamentos obsessivos e mau humor) e para prevenir recaídas.[21]

Dentre as psicoterapias mais eficientes estão a terapia cognitivo comportamental[22][23][24] e psicoterapia familiar.[25][26]

Mesmo com tratamento, cerca de 30% dos pacientes voltam a desenvolver anorexia em menos de 5 anos. Mesmo nesses casos o tratamento é útil para melhorar a saúde geral de 76% dos pacientes.[27] Em 42 pesquisas, cerca de 6% dos pacientes com anorexia morreram antes da conclusão dos estudos em decorrência de problemas relacionados ao o desequilíbrio na quantidade de eletrólitos em sangue (sódio, potássio, cloro e cálcio) e nas células, causando arritmias cardíacas. [28]

Referências

  1. Sari Fine Shepphird (2009). 100 Questions & Answers About Anorexia Nervosa. [S.l.]: Jones & Bartlett Learning. p. xvi. ISBN 9781449630799 
  2. a b c d e f g h «What are Eating Disorders?». NIMH. Consultado em 24 de maio de 2015 
  3. a b c Attia E (2010). «Anorexia Nervosa: Current Status and Future Directions». Annual Review of Medicine. 61 (1): 425–35. PMID 19719398. doi:10.1146/annurev.med.050208.200745 
  4. a b c d e f g h Diagnostic and statistical manual of mental disorders : DSM-5 5 ed. Washington: American Psychiatric Publishing. 2013. pp. 338–345. ISBN 9780890425558 
  5. Arcelus, J; Witcomb, GL; Mitchell, A (março de 2014). «Prevalence of eating disorders amongst dancers: a systemic review and meta-analysis.». European eating disorders review : the journal of the Eating Disorders Association. 22 (2): 92–101. PMID 24277724. doi:10.1002/erv.2271 
  6. Hay, P (julho de 2013). «A systematic review of evidence for psychological treatments in eating disorders: 2005-2012.». The International Journal of Eating Disorders. 46 (5): 462–9. PMID 23658093. doi:10.1002/eat.22103 
  7. a b «Feeding and eating disorders» (PDF). American Psychiatric Publishing. 2013. Consultado em 9 de abril de 2015 
  8. British Psychological Society (2004). «Eating Disorders: Core Interventions in the Treatment and Management of Anorexia Nervosa, Bulimia Nervosa and Related Eating Disorders.» (PDF): 103. PMID 23346610 
  9. Global Burden of Disease Study 2013, Collaborators (5 de junho de 2015). «Global, regional, and national incidence, prevalence, and years lived with disability for 301 acute and chronic diseases and injuries in 188 countries, 1990-2013: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2013.». Lancet (London, England). PMID 26063472. doi:10.1016/S0140-6736(15)60692-4 
  10. a b c Smink, FR; van Hoeken, D; Hoek, HW (agosto de 2012). «Epidemiology of eating disorders: incidence, prevalence and mortality rates.». Current psychiatry reports. 14 (4): 406–14. PMC 3409365Acessível livremente. PMID 22644309. doi:10.1007/s11920-012-0282-y 
  11. GBD 2013 Mortality and Causes of Death Collaborators (17 de dezembro de 2014). «Global, regional, and national age-sex specific all-cause and cause-specific mortality for 240 causes of death, 1990-2013: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2013». Lancet. 385 (9963): 117–171. PMC 4340604Acessível livremente. PMID 25530442. doi:10.1016/S0140-6736(14)61682-2 
  12. Gull, WW (setembro de 1997). «Anorexia nervosa (apepsia hysterica, anorexia hysterica). 1868.». Obesity Research. 5 (5): 498–502. PMID 9385628. doi:10.1002/j.1550-8528.1997.tb00677.x 
  13. http://www.webmd.com/mental-health/anorexia-nervosa/features/anorexia-body-neglected
  14. Mônica de Fátima Gontijo Carneiro; Augusto Afonso Guerra Júnior; Francisco de Assis Acurcio. Prescrição, dispensação e regulação do consumo de psicotrópicos anorexígenos em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 24(8):1763-1772, ago, 2008. Disponível em: http://www.scielosp.org/pdf/csp/v24n8/05.pdf Arquivado em 5 de maio de 2015, no Wayback Machine.
  15. Anorexia nervosa
  16. Yager and Anderson, "Anorexia Nervosa", "The New England Journal of Medicine", Nov 29th, 2012
  17. http://www.fcsh.unl.pt/cadeiras/ciberjornalismo/ciber2000/anorexia/prev.anorexia.htm
  18. http://www.minhavida.com.br/saude/temas/anorexia#.UOfkpG873to
  19. Randy Schmidt (24 de outubro de 2010). «Karen Carpenter's tragic story». The Guardian. Consultado em 21 de agosto de 2016 
  20. Bissada H, Tasca GA, Barber AM, Bradwejn J (2008). "Olanzapine in the treatment of low body weight and obsessive thinking in women with anorexia nervosa: a randomized, double-blind, placebo-controlled trial". The American Journal of Psychiatry 165 (10): 1281–8. doi:10.1176/appi.ajp.2008.07121900. PMID 18558642.
  21. Fábio Tapia Salzano, Táki Athanássios Cordás. Tratamento farmacológico de transtornos alimentares. http://www.hcnet.usp.br/ipq/revista/vol31/n4/188.html Arquivado em 14 de julho de 2013, no Wayback Machine.
  22. Pike KM, Walsh BT, Vitousek K, Wilson GT, Bauer J (2003). "Cognitive behavior therapy in the posthospitalization treatment of anorexia nervosa". The American Journal of Psychiatry 160 (11): 2046–9. doi:10.1176/appi.ajp.160.11.2046. PMID 14594754
  23. Bowers WA, Ansher LS (2008). "The effectiveness of cognitive behavioral therapy on changing eating disorder symptoms and psychopathology of 32 anorexia nervosa patients at hospital discharge and one year follow-up". Annals of Clinical Psychiatry 20 (2): 79–86. doi:10.1080/10401230802017068. PMID 18568579.
  24. Ball J, Mitchell P (2004). "A randomized controlled study of cognitive behavior therapy and behavioral family therapy for anorexia nervosa patients". Eating Disorders 12 (4): 303–14. doi:10.1080/10640260490521389. PMID 16864523.
  25. Eisler I, Dare C, Hodes M, Russell G, Dodge E, Le Grange D (2000). "Family therapy for adolescent anorexia nervosa: the results of a controlled comparison of two family interventions". Journal of Child Psychology and Psychiatry, and Allied Disciplines 41 (6): 727–36. doi:10.1111/1469-7610.00660. PMID 11039685.
  26. Lock J, le Grange D (2005). "Family-based treatment of eating disorders". The International Journal of Eating Disorders. 37 Suppl (S1): S64–7; discussion S87–9. doi:10.1002/eat.20122. PMID 15852323.
  27. http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/(SICI)1098-108X(199712)22:4%3C339::AID-EAT1%3E3.0.CO;2-N/abstract
  28. http://ajp.psychiatryonline.org/article.aspx?articleID=171119