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Esse texto tinha uma introdução e eu apaguei ela.

Estado Terminal. Do lado da fila pra embarcar no ticen-tican no horário de pico, tinha um maluco com uma placa gigante dizendo que o mundo já acabou e ele falava muito alto e muito sério com alguns outros malucos que escolheram dar atenção pra ele e a conversa seguia mais ou menos assim. Existir fora da lei é uma questão de segurança! Qualquer idiota entende o que tá acontecendo dentro dos estados unidos agora e talvez seja importante prestar bastante atenção no modo como as leis são usadas pelas pessoas que estão no poder quando elas querem de verdade fazer alguma coisa. Porque quando elas não querem fazer alguma coisa a gente sabe como elas agem, a gente sabe como agem os legisladores que se comportam como quem sempre perde e os que se comportam como quem sempre ganha. E o problema de existir dentro da lei é que isso significa dançar o ritmo da dança das cadeiras de um monte de palhaço velho e rico com os quais literalmente nenhuma negociação de verdade é possível a não ser que você ...

Meu pai me disse que se eu abrandasse essas palavras e fosse menos chulo, mais gente ia gostar.

Gente com todo o respeito, porque é que a gente não tira um pouco da violência de Ares e entrega pra Atena? E porque é que Atena não empresta um pouco dos seus conselhos à Ares? Porque é que esses dois não transa e não vira uma coisa só? Porque é que a gente não pode só ter uma distribuição mais igualitária, organizada e honesta da violência? Porque é que a gente não pode devorar Ares e Atena em um banquete antropofágico e ficar cada um com um pouquinho da guerra em sí? E se a gente tirar da mão deles o domínio da violência mesmo? E se todo mundo ficar um pouquinho, só um pouquinho mais violento, pra que a gente consiga dividir o medo entendeu? Pra que ao invés de algumas pessoas ficarem com a violência e as outras com o medo a gente tivesse todos um pouquinho dos dois. A gente vai ficar mais seguro com isso? Não todos, não vai ser todo mundo que vai ficar mais seguro com isso, algumas pessoas vão estar mais ameaçadas do que o normal, porque a ideia é dividir mesmo, porque essas coisas...

As poesias que escrevi antes do ano acabar.

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 Essa coisa toda de palavra é sempre uma loucura e essa coisa de ser uma pessoa é mais ainda. Cada dia que passa me sinto cada vez menos e mais consistente ao mesmo tempo. Tô lendo a fenomenologia do espírito e é um pouco engraçado como enquanto eu leio sempre parece que eu não tô entendendo nada e ao mesmo tempo é como se a estrutura do meu pensamento tivesse mudando aos poucos, talvez o Hegel seja um ótimo bruxo, talvez seja um grande placebo esquisito. Acho que esse foi o ano em que eu mais li na minha vida inteira e tem sido uma experiência bastante interessante. É legal constatar que existem tipos diferentes de leituras e que alguns livros me seguram por horas a fio ao passo que outros me derrubam de sono após cinco ou dez minutos de leitura. E mais doido ainda é constatar que os primeiros não necessariamente são melhores que os segundos. É um pouco engraçado que ao mesmo tempo em que a minha obsessão com a coisa toda de identidade diminuiu bastante recentemente tenho sido per...

Será que o que escrevo conta como literatura marginal?

  Sigo com meu projeto de delírios. Até acho que consigo escrever uma coisa mais coesa e ao mesmo tempo não encontrei ainda a empolgação necessária pra isso. Tenho tentado fazer só o que me deixa empolgado e a experiência tem sido interessante. Cuspi estes textos por entre os dedos em momentos de total e completo surto literário. Trago eles pra cá porque não sei o que mais poderia fazer com isso tudo.  O que será que mora por debaixo da minha pele? Talvez a parte mais esquisita do meu percurso como uma pessoa que literalmente trabalha com os significados seja minha total e completa incapacidade de me expressar com clareza nos momentos em que isso realmente importa pra mim. E a pior parte é que nem faço ideia de o que é que faço de errado. Falo sem força e talvez seja esse o problema. Odeio me impor.  Demoro muito tempo pra entender como me sinto e fazer alguma coisa sobre isso. O mundo em geral é muito mais rápido do que eu. Gosto de acreditar naquela ideia de que quem ca...

A mentira e a verdade de roupas trocadas.

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Escrevo de maneira quase compulsiva na maior parte do tempo. Acho que ao longo da minha vida uma das coisas que mais tentei parar de fazer foi me expressar e nunca consegui. Acho que o pensamento muda de acordo com o modo de expressão e escrever é um jeito muito específico de sair da minha própria cabeça. É um pouco engraçado saber onde ficam as teclas sem olhar pro teclado e de uma maneira ou outra escrever pra mim é quase como pensar com os dedos. Mesmo que eu ainda escute as palavras na cabeças elas soam mais como o tec tec das teclas do que como palavras de verdade. Escrever olhando para os lados me ajuda a levar essas palavras pra algum lugar que não é exatamente o lugar pra onde elas costumam ir de outras maneiras. Adicionar a rima nisso tudo as vezes descontextualiza mais ainda e ver as palavras aos poucos se alinhando na tela me causa um tipo muito específico de satisfação.  Acho que o conteúdo das poesias mais recentes tem mudado bastante. Acho que tenho mudado bastante ta...

O fim é o meio.

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Dia desses falando com Vicente sobre a minha prática recebi um retorno do qual gostei muito: "Tem um quê de excelência né meu". Acho que tem mesmo. Talvez já tenha ficado claro pra quem lê esses textinhos, eu sou um completo maluco dos significados. Acho que um dos primeiros livros que li inteiros foi um dicionário e gosto de olhar pra linguagem pelas raízes. Se não me engano foi Lacan que escreveu em algum momento que somos moldados pela linguagem e essa é uma coisa na qual acredito profundamente. Gosto de pensar sobre as palavras que são usadas na minha direção e penso bastante sobre as palavras que uso também.  Acho engraçado como o uso transforma o significado das palavra e como as vezes algumas raízes acabam com múltiplos sentidos. Me alegra perceber a linguagem como uma coisa viva e ter nela uma das minhas melhores companhias. Me divirto com a linguagem mais do que me divirto com qualquer outra coisa, inclusive quando meu único interlocutor sou eu mesmo, talvez mais nes...