Trap

Trap

Um filme eficiente que não se leva a sério durante grande parte, e justamente durante esse tempo que ele se sai tão bem. Uma primeira parte incrivelmente boa mas que logo depois em sua outra metade já dá passos atrás para algo completamente diferente e piorado.

Desde o começo com a primeira prévia inicial do enredo, já temos uma impressionante quebra de expectativa que realmente é muito instigante para todo o decorrer. Essa pegada na trama trazida por essa revelação deixa tudo muito bem climatizado sendo construído em cima da tensão e aflição em saber tudo ao mesmo tempo de não saber nada. 

Fui assistir a esse filme esperando algo bem artificial e, grosseiramente falando, genérico em seu gênero, mas sinceramente toda essa pegada de um suspense mais psicológico funciona incrivelmente bem com essa ambientação de um show de uma artista pop. É muito bom esse Quê de suspense em saber o porquê de tudo aquilo estar em volta, e ao longo da história vamos nos prendendo e se interessando ainda mais com tudo.

Pra mim, a partir do meio do filme (onde saem do loca até então principal) ele já se tem uma perceptível decaída mudando drasticamente seu ritmo inicial junto a forma como trata tudo aquilo, tornando-se algo inefetivo. Tudo começa a convenientemente acontecer e de uma forma sortuda - até demais - o roteiro vai se articulando como pode, mas sinceramente, é durante todo o terceiro ato em que ele se perde e decaí completamente. Não só ele vai se arrastando em uma narrativa cansativa e diferente do resto (já que começa muito a se levar a sério e não mais ser meio cômico como antes), como também vai sendo tudo tão rápido, forçado e jogado sem ao menos explicações convincentes que você mal consegue se conectar com o roteiro. Eu já estava cansado e sentindo o tempo do filme, e tava começando a ser constrangedor por toda a forma como iam mais e mais prolongando algo de uma maneira tão conveniente assim. Tornou-se um filme inefetivo, sem pé nem cabeça em suas transições de continuidade, uma execução quase que covarde pelo medo de se deixar permitir o que poderia ser.

Josh Hartnett entrega a melhor performance da sua carreira, fazendo uma mistura inacreditável entre figura paterna e seria killer. A tensão construída dentro da armadilha gigante, que é o estádio, cria os melhores momentos do filme. Assim forçando o nosso protagonista a conciliar um plano de fuga com uma experiência única com sua filha, a luta entre manter as aparências como figura paterna e se preservar como serial killer é sublime e firme. E Josh Hartnett garante que você progressivamente vá percebendo a evolução da pressão que ele tá sentindo com expressões faciais cada vez mais intensas.

Enfim, ainda assim adorei como o diretor fez tudo isso e conseguiu, dentro de suas ideias e colocações, criar algo até que diferente e muito bem interessante. Toda sua fotografia com foco no teor dos olhares e expressões é o que tem de mais aflito e tenso, o que é muito bom e bem utilizado. Além disso, o suspense é totalmente psicológico e isso é muito bem trabalhado, sendo praticamente mal apresentado qualquer coisa visível realmente para que você possa se chocar, tudo se concentrava e estipulava pelo pensamento e ligação de pontos.

Bom filme, apesar de cair muito em algumas partes. Em momentos eu estava assistindo um filme, enquanto em outros parecia-se algo completamente diferente (e pior).

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