Vi um animal pela primeira vez

Hoje eu vi um animal pela primeira vez e fiz até carinho! Foi uma cuíca (Marmosops paulensis). Eu não sabia que existia um gambá tão pequenininho! Muito fofo.

Ele foi encontrado entre as cascas do tronco de uma bananeira. Estavam limpando o local e ele surgiu. Fui chamada para ver o animal bonitinho e diferente. A minha primeira reação foi pensar “que diferente e fofo” mesmo haha. A segunda reação foi de querer pegá-lo porque ele parecia ser quietinho, mas acabei ficando com receio de levar uma mordida… Então só o fotografei.

Ah, eu consegui fazer carinho nele porque o meu marido o pegou sem nenhum receio. Então eu me atrevi a passar os meus dedos na sua pelagem, que era muito fofa.

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A Princesa Flutuante, George McDonald

20 de janeiro de 2025: A noite demorou a cair, e no momento tudo é escuro… O curioso é que são nestes momentos que acontecem relâmpagos de pensamentos luminosos após um tempo de ter concluído uma leitura.

Bem, ontem eu terminei de ler A Princesa Flutuante e eu me surpreendi com o desenrolar da história! No começo da história a princesa é amaldiçoada pela sua tia bruxa e vingativa. A maldição consiste em perder a sua gravidade, então ela flutua como uma cípsela de dente-de-leão, ou como as nuvens… O curioso é que essa leveza abarca todos os âmbitos de sua vida.

“A menininha tinha sobre si apenas o manto etéreo do próprio sono.”

Essa leveza da Princesa, além de flutuar, consistia em nunca sentir tristeza, tampouco mágoa. Dar risadas de tudo e de todos. O mundo lhe parece uma brincadeira, ou melhor, o mundo lhe é, autenticamente, uma brincadeira. Seu jeito de ser é irritante em alguns momentos para os seus pais, mas no fim, ela é amada e querida por todos justamente por esse espírito tão pueril e encantador.

A princípio, eu estava considerando essa caracterísitca maravilhosa, imagina só nunca chorar?! Mas após um tempo pensando, creio que um dos temas que se pode observar na Princesa Flutuante é o quanto as lágrimas, principalmente as de arrependimento, são uma bênção. Há um momento da história que é muito comovente, é quando ela se dá conta de que toda essa alegria acabava a tornando entorpecida com a única pessoa que teve coragem de se sacrificar por ela, a Princesa se desata a chorar e a maldição quebra!

“Os sacrifícios que agradam a Deus são um espírito quebrantado; um coração quebrantado e contrito, ó Deus, não desprezarás.”

– Salmo 51.

O George McDonald conseguiu, através de um conto de fadas, falar sobre o coração contrito! Para mim, esse é o grande tema e o que mais despertou o meu interesse.

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Conjunção do Amor Eterno

Apreciei mais uma vez as andorinhas bailando no ar. Dessa vez o pôr-do-sol não estava nublado, então havia um delicado rosa pincelado na abóbada celeste. Eu acho que isso foi o mais próximo, até o momento, que alcancei de ver pessoalmente uma apresentação de balé clássico em algum teatro antigo. Agradeço muito a estas amigas tão gentis. Não é maravilhoso o espetáculo que a natureza nos presenteia a todo momento?Eu realmente não consigo sentir tédio, é só uma questão de saber como olhar a vida e eu escolho olhá-la da maneira mais alegre e mágica possível.

O ar estava sereno, mas sentia o calor percorrer o corpo devido a caminhada e as risadas compartilhadas. Por falar em risadas, eu comecei a ler A Princesa Flutuante, do George McDonald. Como essa leitura veio parar em minhas mãos? Bem, eu fui a Biblioteca Municipal e fiz uma carteirinha! Não resisti e fui logo caçar algo para levar para casa, como nos velhos tempos em que eu frequentava bibliotecas. Passeando pelas categorias, avistei alguns títulos do meu agrado ou que algum dia desejo ler, e um deles foi A Princesa Flutuante. Estou intercalando com As Crônicas de Nárnia já que é um livro bem curtinho. Estou rindo enquanto leio o livro do Sr. McDonald, talvez a mágica desse conto de fada seja dar leveza ao leitor, tal como um pássaro.

Ah, tenho observado cenas incríveis no céu. Esta noite mesmo, de minha janela, observei a Conjunção do Amor Eterno! Ou seja, Vênus e Saturno estão tão juntos que parecem um só! Um só corpo, uma só carne… Um casamento. O que me deixa muito feliz. Eu amo tanto o céu que não cabe em mim tanto amor.

Obrigada pela visita. ♡

Andorinha de lápis de cor

“E andorinhas reunidas gorjeiam nos céus”

– To Autumn, John Keats

John Keats tinha razão quando escreveu que andorinhas reunidas gorjeiam no céu… Ou na copa de uma árvore, por que não? Foi exatamente o que observei nesta semana enquanto eu caminhava pelo lago. Não sabia muito bem para o que olhar: os patos descansando na sombra, os peixes do lago, ou para as incríveis andorinhas que voavam velozmente e davam rasante na superfície da água.

Por aqui é verão e os dias são mais longos, então apesar de ser o comecinho da noite, os pássaros não param de chilrear. Como fiquei feliz que durante a caminhada de regresso para casa, de longe consegui ouvir um bando de andorinhas gorjeando na copa de uma árvore. Que algazarra! Nunca antes havia visto algo tão encantador proporcionado por pássaros.

Esse espetáculo me marcou muito, então hoje resolvi pintar uma andorinha com minha caixa novinha de lápis de cor! Me sinto como uma criança com tantas cores reunidas e o cheirinho de lápis é tão reconfortante.

Eu utilizei os láspis Compactor. Gostei bastante do resultado, pois eles são macios ao deslizar pelo papel e bastante pigmentados.

Claro que enquanto eu dava os meus passos, erguia a cabeça para cima toda encantada com estes animais, além disso, a cor do céu estava linda porque era final de tarde e estava nublado, logo a cor predominante era um azul claro acinzentado. Adoro esta cor!

Espero que tenham gostado do desenho e até mais.

Obrigada pela visita. ♡

Favoritos de 2024

Uma publicação inspirada nesta aqui do Camila’s Reads.

Esse ano foi recheado de coisas mágicas. Às vezes tenho a sensação de que apenas vi o tempo passar, mas quando observo os detalhes, vejo que eu fui ativa. Criei o hábito de registrar tudo por foto e anotar cada coisa feliz, infelizmente, algumas coisas não consegui fotografar e outras perdi porque a minha câmera apresentou algum problema e só estou esperando poder levar na assistência para saber se tem como recuperar e consertar. Enquanto isso, sigo usando a câmera do celular.

Na natureza.

Realizei o sonho de poder ver o pôr-do-sol na praia. Apesar de ter nascido e vivido em uma cidade litorânea, eu nunca havia visto o crepúsculo nela, acreditam?! Só depois que saí dela quando me casei é que consegui tal experiência. Quando eu morava nela, a minha família só me levava no horário da manhã ou só fui durante a noite com alguns amigos. Além disso, vi garças voando durante o final da tarde e foi tão lindo!

O céu como um todo foi o motivo da minha alegria. Nessas noites de verão, eu e meu marido ficamos no quintal olhando para as estrelas e conversando sobre os mais diversos assuntos. Sinto alegria por poder perceber as mudanças de estações e que agora os dias são mais longos. Tenho conseguido identificar os planetas! Júpiter e Vênus são tão brilhantes, Saturno é todo discreto enquanto Marte é vermelho sangue. A constelção de Órion e As Plêiades estão guardadas em meu coração.

Na literatura

A Divina Comédia entrou para a minha lista de favoritos e ela me fez chorar com a despedida de Virgílio, acho que foi o que mais me marcou! Eu estava ansiosa para ler a parte do Céu por causa da astrologia, mas o que me pegou mesmo foi essa despedida e só de pensar nela já fico com o coração angustiado. Eu quero muito reler esse livro todos os anos da minha vida, espero que sejam muitos com a graça de Deus!

Algo que me surpreendeu é que eu li muito C. S. Lewis nesse ano! Li todos os livros da Trilogia de Ranson, Cartas de Um Diabo a Seu Aprendiz e Até que Tenhamos Rostos. Descobri que o Lewis era um medievalista e nesse finalzinho de ano tô caçando tudo que é informação sobre as inspirações desse homem, e confesso que estou me identificando muito com ele!

Na música

Eu acompanhei a turnê das eras da Taylor Swift e o lançamento do The Tortured Poets Department. Confesso que a primeira vez que ouvi o álbum eu não senti nada, mas com o tempo eu fiquei completamente viciada e amei uma porção de músicas. Minhas favoritas sem ordem de preferência: Guilty as Sin?; The Tortured Poets Department; Fortnight; I Can Do It With a Broken Heart; imgonnagetyouback; So High School, I Hate It Here; The Bolter; Robin. Eu amei muito I Hate It Here porque me lembra a história de O Jardim Secreto e também me identifiquei com ela porque eu vivo indo para lugares mágicos e distantes através da minha mente. Robin eu amei porque ela me lembra coisas puras e inocentes. Essa foto lá em cima são das pulseiras que fiz e é do ano passado quando fui assistir o show das eras no cinema.

O Linkin Park voltou!! A Mia de 13 anos que ficava viajando na batatinha com In the End está muito feliz! Fiquei tão feliz por eles se reinventarem trazendo uma vocalista. Não sei se é o caso, mas acredito que ter uma vocalista é perfeito para deixar o legado do Chester intacto, sem comparações etc. Desse modo, acredito que a Emily também poderá dar um toque todo diferente. Simplesmente amei! Assisti com a minha amiga o show deles de São Paulo que foi transmitido e sempre revejo quando posso (ou só fico no áudio mesmo) e notei que algumas músicas, como Waiting fo the End, ficaram muito emocionantes na interpretação da Emily.

No cinema

Bem, eu não me considero uma pessoa apaixonada por cinema. Assisto poucas coisas ao longo do ano porque eu acabo preferindo usar meu tempo livre para ler, a literatura é a minha grande paixão hehe. Mas não quer dizer que eu não goste de ir ao cinema, é só que é algo bem raro de se fazer, e esse ano eu assisti O Menino e a Garça com o meu marido e foi uma experiência tão maravilhosa poder, pela primeira vez, assistir algo do Senhor Miyazaki no cinema! Se tornou um dos meus filmes favoritos, ele me lembra bastante A Viagem de Chihiro, que também é um dos meus filmes favoritos. Adoro estas coisas simbólicas, essa mistura de folclore, mitos etc.

Assisti pela primeira vez Home Alone (1990) logo após eu ter dito ao meu marido que eu nunca assisti esse filme completo, só ficava vendo uns trechos ali e acolá na TV quando era criança. Ele rapidamente resolveu esse meu problema e fomos assistir! Eu amei o filme, a cena do Kevin na Igreja e aqueles cantos natalinos é uma das coisas mais lindas. Também assisti Barbie Fairytopia, mas não consegui maratonar como eu fiz em 2022. Estou pensando em tornar uma tradição sempre assistir em janeiro Os Dez Mandamentos (1956) porque eu fiz isso dois anos seguidos; assisti uma versão da Heidi de 2005, porém não me cativou muito. Pretendo assistir outras versões até ter uma opinião. Assisti novamente uma animação favorita: O Último Unicórnio (1982), eu amo tudo, desde as referências medievais até a trilha sonora! Também assisti novamente O Estranho Mundo de Jack (1993) e fiz até uns comentários sobre ele por aqui. Ah! Eu assisti The Nativity (1996), é um curta russo sobre o Natal e eu achei a coisa mais linda e fofa!!

Na arte

Eu coloquei a mão na massa nesse ano. Fiz algumas costuras e bordados que enviei de presente para amigas, bordei algumas coisas aleatórias como o colar da Estrela Vespertina que a Arwen usa no filme de O Senhor dos Anéis, um cervo e um caprino… Também pintei com lápis de cor e fiz marcadores de livro. Pintei duas telas, a minha favorita foi a de um cervo. Pela primeira vez fiz selos com minhas próprias ilustrações, algumas foram inspiradas em frases de músicas da Taylor Swift que remetem a natureza. Também fiz aquarelas de animais e com o tema Natal e as imprimi em papel de adesivo!

Estou muito grata a Deus por ter vivido esse ano. Estou cheia de esperança para o próximo, de continuar com esse presente de se maravilhar. Desejo a vocês um Feliz Ano Novo!!

Antes de tudo eu quero viver, do contrário seria melhor não existir. – Crime e Castigo, Fiódor Dostoiévski.

 

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Anseio por tornar a visitar Nárnia

“Presentes para vocês. São ferramentas, e não brinquedos. Talvez não esteja longe o dia em que precisará usá-las. Com honra!”  – O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa.

Olá! Um Feliz Natal a todos! Bem, aconteceram tantas coisas nos últimos meses de 2024! Muitas delas foram apenas vivenciadas dentro da minha cabeça e apesar de soar um tanto abstrato, eu ficaria feliz em poder compartilhar um pouco do que vivi em meu mundo interior nestas palavras:

É que sinto uma verdadeira alegria quando descubro algo que consegue saciar a minha curiosidade. E a partir disso, muita magia surge na minha vida interior, onde as chuvas são como palavras que extraio dos livros e saciam a sede da minha mente fértil, imaginativa. Então durante essa jornada, mergulhei nos assuntos do meu interesse, vulgo, tudo o que diz respeito a Idade Média, e acabei descobrindo que o C. S. Lewis dava aulas sobre esse assunto!

Como eu nunca pude imaginar tal fato? É tão óbvio haha. Neste ano eu li A Divina Comédia e a Trilogia Cósmica e percebi que ambos poderiam ser literaturas irmãs em alguns aspectos, e o aspecto essencial é a visão cosmológica do medievo. Além disso, foi uma feliz descoberta saber que o Lewis se inspirou bastante em Dante Alighieri, entre outros escritores medievais tanto quanto professor, como escritor de um mundo mágico e também de incorporar essa visão de mundo em si mesmo, não apenas levando para o lado profissional, pois este era só a superfície da sua riqueza interior.

Digo com toda a sinceridade de uma criança: essa exploração me levou até o céu! Pois encontrei uma chuva dourada tão encantadora quanto um céu salpicado de estrelas, um livro chamado “The Medieval Mind of C. S. Lewis”, por Jason M. Baxter. Nele, o autor conta detalhadamente sobre um Lewis que não é muito conhecido entre seu público, o Lewis medievalista! E digo que tudo isso me levou até o céu porque eu acabei descobrindo que cada livro de As Crônicas de Nárnia é uma espécie de tradução do simbolismo astrológico para leitores modernos. Só para dar uma pincelada nos simbolismos dos planetas e o livro correspondente: Júpiter: O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa; Marte: Príncipe Caspian; Sol: A Viagem do Peregrino da Alvorada; Lua: A Cadeira de Prata; Mercúrio: O Cavalo e seu Menino; Vênus: O Sobrinho do Mago; Saturno: A Última Batalha.

Creio que cheguei no topo da montanha e agora é só erguer os olhos para o alto e contemplar! Esta contemplação significa que dentro de mim foi plantada a semente do desejo de voltar para Nárnia, ah, como faz tempo a última vez que li essa história tão deliciosa! Estou com tantas expectativas para a releitura porque agora eu tenho uma bagagem literarária bem maior, estou ansiando pelas novas impressões que irão surgir na minha mente. Isso não é fascinante?! Nada melhor do que começar o ano com a presença de Aslam! Bom, pretendo iniciar Janeiro com O Sobrinho do Mago e prometo ficar bem atenta para notar o que existe de venusiano nesta história.

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A minha primeira leitura de A Divina Comédia

Concluí a minha primeira leitura de A Divina Comédia e ela se deu no início da primavera (aqui no hemisfério sul foi o outono), tal como o Dante que iniciou a sua jornada em busca pela Verdade na primavera também! Se eu tivesse combinado, não teria dado tão certo essa coincidência. Esse detalhe sobre a primavera me chamou a atenção porque segundo alguns cálculos medievais, 18 de março foi a data do primeiro dia da Criação! Isso é só um grão de areia diante da praia da cosmovisão de outrora, mas que infelizmente não é tão falada porque atualmente tudo isso é visto como superstição e coisas do tipo. Bem, eu devo o interesse por essa leitura ao físico Wolfgang Smith porque foi por eu ter lido o seu livro, A Sabedoria da Antiga Cosmologia, que decedi ler imediatamente A Divina Comédia. Que Deus o tenha!

No Inferno nem preciso dizer que foi um inferno ter lido (desculpa o trocadilho kkk). Mas é que nessa parte só tem desgraça, castigo, murmúrio etc. Por falar em murmúrio, no Canto III, há versos sobre almas que blasfemavam a si mesmas murmurando sobre o dia e/ou lugar que nasceu, isso me chamou muito a atenção! Um dos Cantos que mais me deixaram em choque foi o XXXIII que narra a história do conde Ugolino que foi traído pelo arcebispo Ruggieri, foi por ele detido, junto com seus filhos e dois netos, trancado em uma cela até morrerem de fome. Ler sobre um pai que vê sua família morrer lentamente e sem poder fazer nada me doeu muito.

No Purgatório as coisas começam a melhorar porque as almas, apesar de sofrerem, elas ao mesmo tempo, sentem a esperança do dia que sairão dali para adentrarem no Paraíso. Elas também acham justo a sua purificação e sempre pedem ao Dante, que ao regressar, falem com seus parentes para que rezem por eles. No final do Purgatório, chorei muito porque é quando o Virgílio se despede do Dante e não vai mais guiá-lo, também fiquei rindo ao mesmo tempo que chorava porque eu não estava acreditando que um livro estava fazendo isso comigo. O meu marido olhava para mim e não entendia nada kkkk.

Por fim, o Paraíso!! Essa foi a parte que eu mais estava ansiosa para ler porque sabia de antemão que ela é a que mais têm referências ao simbolismo astrológico. Simplesmente fiquei feliz ao ler cada verso e também por ter conseguido compreender o porquê de cada alma beata estar em determinado planeta. Acredito que isso aconteceu porque já tem algum tempo que tento aprender sobre o simbolismo da astrologia tradicional, e mesmo eu não sendo nenhuma especialista, deu para ter uma boa compreensão do texto. Com a graça de Deus, pretendo me aprofundar cada vez mais nesse assunto.

Preciso comentar um outro ponto que me chamou a atenção. No final do Paraíso (Canto XXIX) nos é apresentado a respeito do céu material, e este é animado pelas Inteligências Angélicas, os anjos fiéis a Deus. Quando Beatriz discursa sobre quais são as faculdades destas criaturas, ela diz que São Jerônimo escreveu sobre os anjos terem sido criados séculos antes de o mundo ter sido feito, e incentiva o Dante a procurar isso nas Sagradas Escrituras. Ah, esse assunto coincidiu com uma outra leitura que fiz nesse ano, a Trilogia Cósmica do C. S. Lewis!

Algumas coisas que me fizeram rir [uma nota para quem diz que A Divina Comédia não é uma comédia (outro trocadilho absurdo, desculpa, eu não me contenho kkkk)]: O Dante se colocando no clube dos maiores poetas do mundo; O modo como o Virgílio dava bronca ou conselhos para o Dante; o Dante fazendo um elogio para o signo de Gêmeos porque foi sob este signo que ele nasceu; o Dante parecendo a personificação daquela música do Cazuza (Exagerado) quando se tratava da Beatriz; a Beatriz ensinando sobre cosmologia ao Dante; e o fato de que o Dante fez um “exposed” de várias pessoas, inclusive de Papas.

Enfim, eu gostei muito de ter lido A Divina Comédia, apesar de ter me arrastado por tanto tempo nesse livro, ele se tornou um dos meus livros favoritos e se Deus quiser, pretendo sempre relê-lo! Acredito que com o tempo, terei mais bagagem para compreender a obra profundamente. Ficou muito nítido o quanto Dante Alighieri é um escritor genial, portanto, ele merece estar no clube dos grandes poetas.

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Céu da Lua – A Divina Comédia

Olá! Estou sentindo vontade de compartilhar o que observei durante a leitura do Paraíso na Divina Comédia. Estas observações são singelas e baseadas no pouco de conhecimento que aprendi, até o momento, sobre o simbolismo astrológico. Tentarei fazer uma publicação para cada planeta e espero que isso ajude de algum modo aos leitores deste clássico. Segue o meu texto:

Chegamos ao Canto do Paraíso da concha concêntrica da Lua! Mas antes de tecer qualquer comentário sobre o Canto III, gostaria de falar um pouco sobre o simbolismo da Lua na astrologia e em seguida sobre o que é narrado.

Bem, a Lua é um planeta de fases, portanto ela nos fala sobre a mutabilidade ou inconstância. Ela também nos fala sobre os nossos sentimentos mais íntimos, o que nos faz feliz profundamente, sobre o que precisamos para nos sentirmos seguros.

Neste canto conhecemos a alma de Piccarda, então o Dante lhe questiona se ela não se sente infeliz por estar no lugar mais distante de Deus e se gostaria de estar em um lugar superior. Ela responde que este sentimento é impossível no Paraíso, porque a felicidade dos beatos da Lua reside justamente em cumprir a vontade de Deus, e isso lhe dá o sentimento de paz.

Durante a sua vida na terra, Piccarda fez votos ainda adolescente, mas o seu irmão a obrigou a se casar com um nobre. Apesar desse infortúnio, Piccarda manteve em seu coração os votos que fizera.

Percebemos que o tema central neste Canto são os sentimentos e aquilo que levamos no mais âmago de nosso ser, a nossa vontade mais profunda… Como o exemplo de Piccarda que conservou em seu coração a sua promessa, a sua vontade mais profunda, aquilo que estava escondido e só ela e Deus sabiam.

Também percebemos uma alusão mitológica da deusa Diana. Dante explora a concepção tradicional da Lua como planeta de Diana, a deusa virgem e protetora das mulheres.

Interessante observar também que neste Canto são nos mostrados apenas mulheres, a Lua é um planeta feminino, de qualidade úmida e fria.

Acredito que a alma beata de Piccarda nos faz refletir sobre o quanto nosso interior é importante, apesar do que ocorre externamente. O seu coração se manteve fincado em seus votos como a Cruz fincada no Monte Gólgota, mesmo tendo sido obrigada a viver um casamento infeliz. Deus é o nosso Pai bondoso que se importa com nossos sentimentos mais profundos e as circunstâncias a qual estamos inseridos, conhece plenamente o nosso coração e não desprezou Piccarda por ela ter tido que quebrar o seus votos, pois em seu coração ela foi fiel.

A Lua nos diz sobre a inconstância dos sentimentos, mas no coração humano há uma força superior.

 

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