Atentado em Brasília em 2024

Em 13 de novembro de 2024, duas explosões na Praça dos Três Poderes, em Brasília, levaram ao isolamento do local e à mobilização de forças de segurança para investigar possíveis ameaças à sede dos poderes brasileiros.[1] A área, onde se encontram o Palácio do Congresso Nacional do Brasil, o Palácio do Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto, foi cercada para realização de perícias e garantir a proteção das instalações.[2]

Atentado em Brasília em 2024
Atentado em Brasília em 2024
Imagem do carro que explodiu próximo ao Anexo IV da Câmara dos Deputados
Local Praça dos Três Poderes, Brasília, Brasil
Coordenadas 15° 48′ 03″ S, 47° 51′ 41″ O
Data 13 de novembro de 2024
19:30 (UTC-3)
Tipo de ataque Explosões
Alvo(s) A ser investigado
Arma(s) explosivos
Mortes 1 (o responsável)
Responsável(is) Francisco Wanderley Luiz

Francisco Wanderley Luiz, candidato a vereador não eleito pelo Partido Liberal (PL) e autor do atentado, morreu no local.[3] As autoridades investigam as circunstâncias do incidente.[4]

Histórico

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Na noite do dia 13 de novembro de 2024, duas explosões atingiram a Praça dos Três Poderes em Brasília, resultando na morte de uma pessoa e na evacuação imediata dos prédios das principais instituições governamentais, incluindo o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional do Brasil. As explosões ocorreram com um intervalo de 18 segundos e foram ouvidas a longa distância,[5] desencadeando uma operação emergencial das forças de segurança, acionando o "Plano Escudo" do Batalhão da Guarda Presidencial.[6] O barulho das explosões foi captado durante uma entrevista da deputada Erika Hilton no Palácio do Planalto.[7][5]

 
Palácio do Supremo Tribunal Federal na noite do atentado.

Além do isolamento do STF, foram implementadas medidas para garantir a segurança dos arredores do Palácio do Planalto e da Câmara dos Deputados do Brasil. Testemunhas relataram que a praça foi tomada por uma densa fumaça, enquanto viaturas e equipes antibombas chegaram rapidamente para avaliar riscos adicionais e realizar uma varredura completa em busca de explosivos remanescentes.[8]

No momento das explosões, o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva não estava no Palácio do Planalto, mas no Palácio da Alvorada, a quatro quilômetros de distância.[9] A Câmara dos Deputados estava em sessão para votar uma Proposta de Emenda à Constituição que amplia a imunidade tributária de igrejas; a sessão foi suspensa após a confirmação da morte.[10] O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República coordenou uma inspeção em toda a área para prevenir novos incidentes.[11] A evacuação seguiu um protocolo cauteloso, com orientações para que ninguém permanecesse próximo às janelas do STF, de onde os ministros e servidores foram retirados em segurança,[12] enquanto um perímetro de segurança foi estabelecido ao redor do Congresso, que foi evacuado cerca de uma hora após as explosões.[4][13]

De forma quase simultânea, no Anexo IV da Câmara dos Deputados, um Kia Shuma na cor prata explodiu e foi visto em chamas, o que aumenta as especulações sobre a possível conexão entre os incidentes, que agora são alvo de uma intensa investigação conduzida pela Polícia Federal (PF) e forças de inteligência, com o apoio da segurança local e de peritos especializados.[2] O carro continha fogos de artifício, e suas explosões foram filmadas.[14]

Segundo a vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão, a primeira explosão foi do carro no estacionamento do Anexo IV da Câmara, e na sequência o autor do atentado tentou sem sucesso entrar no Palácio do Supremo Tribunal Federal. Posteriormente, os explosivos em seu corpo foram detonados, causando sua morte.[15] De acordo com testemunhas, o autor do ataque jogou um explosivo contra a estátua da Justiça em frente ao prédio do STF antes de explodir as bombas.[16][17] Um vigilante do Supremo Tribunal Federal relatou que um homem retirou diversos objetos de uma mochila, lançou uma blusa contra a escultura da Justiça, advertiu os seguranças a não se aproximarem, deitou no chão, acendeu e colocou uma bomba junto à própria cabeça com um travesseiro e aguardou a explosão.[18]

As explosões foram repercutidas na imprensa internacional.[19]

Responsável

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"O indivíduo trazia consigo uma mochila e estava em atitude suspeita em frente à estátua, colocou a mochila no chão, tirou um extintor, tirou uma blusa de dentro da mochila e a lançou contra a estátua. O indivíduo retirou da mochila alguns artefatos e com a aproximação dos seguranças do STF, o indivíduo abriu a camisa os advertiu para não se aproximarem"

— Trecho do Boletim de Ocorrência da Polícia Civil[3]

 
Corpo de Tiü França, após o atentado.

O corpo encontrado na Praça dos Três Poderes foi identificado como o de Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, candidato a vereador não eleito em Rio do Sul, Santa Catarina, na eleição de 2020 pelo Partido Liberal (PL), conhecido como Tiü França.[20] De acordo com a PF, ele foi o responsável por causar as explosões. Em 2012, ele foi preso por contravenção, pagando fiança. Seu caso foi denunciado no Ministério Público em 2013, ficando um período em liberdade e em seguida no regime aberto. Sua condenação foi revogada em 2014.[21][3]

Investigações mostraram que ele havia alugado uma casa no Distrito Federal, em Ceilândia.[22] Antes do atentado, ele publicou em seu perfil no Facebook mensagens enigmáticas com ameaças de bomba contra alvos que ele chamou de "comunistas de merda"; o perfil foi removido do ar após as explosões.[23][24][22] Luiz também postou uma fotografia de si mesmo dentro do plenário do STF, onde ele esteve no dia 24 de agosto de 2024,[25] e recados ameaçadores aos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, e aos generais Tomás Paiva e Freire Gomes.[26] Dentre suas publicações feitas naquele dia, uma dizia: "Deixaram a raposa entrar no galinheiro. [...] Ou não sabem o tamanho das presas ou é burrice mesmo. Provérbios 16:18 (A soberba procede a queda)".[27]

No momento do atentado, Luiz utilizava uma roupa com naipes de baralho; então, ele teria se deitado no chão e aguardado a bomba explodir.[3][28] Quando morreu, seu rosto e mão direita ficaram completamente desfigurados, e seus restos mortais foram arremessados a metros do local.[29] Sua mochila foi encontrada no local.[30] O veículo com fogos de artifício que explodiu próximo ao Anexo IV da Câmara dos Deputados pertencia a ele.[31]

Ver também

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Referências

  1. «Praça dos Três Poderes, em Brasília, é isolada após explosões; um homem morreu». G1. 13 de novembro de 2024. Consultado em 14 de novembro de 2024 
  2. a b «Após explosões, Praça dos Três Poderes é isolada. Uma pessoa morreu». Metrópoles. 13 de novembro de 2024. Consultado em 14 de novembro de 2024 
  3. a b c d «Francisco Wanderley Luiz: quem é o homem que morreu após explosão em frente ao STF». BBC News Brasil. 14 de novembro de 2024. Consultado em 14 de novembro de 2024 
  4. a b «Praça dos Três Poderes, em Brasília, é evacuada após explosões; corpo foi encontrado». GZH. 13 de novembro de 2024. Consultado em 14 de novembro de 2024 
  5. a b «Vídeo que captou som mostra que intervalo entre explosões foi de 18 segundos». G1. Consultado em 14 de novembro de 2024 
  6. «Após explosões na Praça dos Três Poderes, GSI ativa Plano Escudo». CNN Brasil. 13 de novembro de 2024. Consultado em 14 de novembro de 2024 
  7. «Explosões foram ouvidas durante entrevista de Erika Hilton. Vídeo». Metrópoles. 13 de novembro de 2024. Consultado em 14 de novembro de 2024 
  8. «Praça dos Três Poderes é isolada após duas explosões; uma pessoa morreu». UOL. 13 de novembro de 2024. Consultado em 14 de novembro de 2024 
  9. «Lula estava com Haddad no Alvorada durante explosões na Praça dos Três Poderes». O Globo. 13 de novembro de 2024. Consultado em 14 de novembro de 2024 
  10. «Câmara suspende sessão após confirmação de explosões e morte na Praça dos Três Poderes». G1. 13 de novembro de 2024. Consultado em 14 de novembro de 2024 
  11. «GSI faz varredura e reforça segurança do Planalto após explosões na Praça dos Três Poderes». Valor Econômico. 13 de novembro de 2024. Consultado em 14 de novembro de 2024 
  12. Stanga, Isabela (13 de novembro de 2024). «Em nota, STF diz que ministros foram retirados em segurança após explosões». Correio Braziliense. Consultado em 14 de novembro de 2024 
  13. «Explosões na Praça dos Três Poderes deixam um morto e um carro incendiado». O Globo. 13 de novembro de 2024. Consultado em 14 de novembro de 2024 
  14. «Veja vídeo da explosão ao lado de anexo da Câmara dos Deputados». Metrópoles. 13 de novembro de 2024. Consultado em 14 de novembro de 2024  {{Citar web|url=https://www.metropoles.com/brasil/saiba-quem-e-o-dono-do-carro-que-explodiu-na-praca-dos-tres-poderes%7Ctitulo=Saiba quem é o dono do carro que explodiu na Praça dos Três Poderes|data=2024-11-13|acessodata=2024-11-14|website=Metrópoles|lingua=pt}}
  15. «Explosões em Brasília: homem tentou entrar no STF, diz vice-governadora do DF». G1. 14 de novembro de 2024. Consultado em 14 de novembro de 2024 
  16. «Antes de se explodir, homem tentou jogar bomba em estátua da Justiça, no STF». Metrópoles. 13 de novembro de 2024. Consultado em 14 de novembro de 2024 
  17. «Mulher disse que viu homem explodir após estrondos: "O cara já caiu"». Metrópoles. 13 de novembro de 2024. Consultado em 14 de novembro de 2024 
  18. «Homem deitou no chão, acendeu artefato e aguardou explosão, relata vigilante do STF em depoimento à polícia». O Globo. 14 de novembro de 2024. Consultado em 14 de novembro de 2024 
  19. «Imprensa internacional repercute explosões na Praça dos Três Poderes e destaca 'violência política nos últimos anos'». O Globo. 13 de novembro de 2024. Consultado em 14 de novembro de 2024 
  20. Darcianne Diogo, Isabela Stanga Isabela Stanga e Pablo Giovanni Pablo Giovanni (13 de novembro de 2024). «Saiba quem é o homem que causou explosão e morreu próximo ao STF». Correio Braziliense. Consultado em 14 de novembro de 2024. Cópia arquivada em 14 de novembro de 2024 
  21. Félix, Thiago. «Suspeito de atentado a bomba contra STF foi preso por contravenção em 2012». CNN Brasil. Consultado em 14 de novembro de 2024. Cópia arquivada em 14 de novembro de 2024 
  22. a b Malu Gaspar e Rafael Moraes Moura (13 de novembro de 2024). «Exclusivo: Polícia Federal identificou homem-bomba de Brasília por imagens de antes da explosão». O Globo. Consultado em 14 de novembro de 2024. Cópia arquivada em 14 de novembro de 2024 
  23. «Praça dos Três Poderes: dono de carro anunciou explosão na web. "Bomba"». Metrópoles. 13 de novembro de 2024. Consultado em 14 de novembro de 2024 
  24. «Dono de carro que explodiu em Brasília publicou sobre ataque com bombas nas redes sociais». Diário do Nordeste. 13 de novembro de 2024. Consultado em 14 de novembro de 2024 
  25. «Homem que explodiu perto do STF visitou Corte em agosto: "Chiqueiro"». Metrópoles. 13 de novembro de 2024. Consultado em 14 de novembro de 2024 
  26. «Homem que se explodiu perto do STF mandou aviso a Pacheco, Lira e comandantes do Exército». Metrópoles. 13 de novembro de 2024. Consultado em 14 de novembro de 2024 
  27. «Homem-bomba foi ao plenário do STF: "raposa no galinheiro" | Radar». VEJA. Consultado em 14 de novembro de 2024 
  28. «Ex-candidato morto em explosão no STF usava roupas com naipes de baralho». Metrópoles. 13 de novembro de 2024. Consultado em 14 de novembro de 2024 
  29. Willian Matos (13 de novembro de 2024). «Ex-candidato morto em explosão no STF usava roupas com naipes de baralho». Metrópoles. Consultado em 14 de novembro de 2024 
  30. Vinícius Valfré (13 de novembro de 2024). «Homem-bomba encontrado morto na Praça dos Três Poderes vestia casaco verde com naipes do baralho». Estadão. Consultado em 14 de novembro de 2024. Cópia arquivada em 14 de novembro de 2024 
  31. Manoela Alcântara, Giovanna Estrela e Carlos Carone (13 de novembro de 2024). «Carro que explodiu na Praça dos Três Poderes é de Santa Catarina». Metrópoles. Consultado em 14 de novembro de 2024. Cópia arquivada em 14 de novembro de 2024 

Ligações externas

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